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Por: Pedro Galvão - Estado de Minas
Não é de hoje que quem dá ritmo ao Grammy é o rap. A 61ª edição do prêmio Academia Nacional de Artes e Ciências de Gravação dos Estados Unidos, marcada para a noite deste domingo (10), não vai destoar. Kendrick Lamar, um ícone atual do estilo, e a trilha sonora do blockbuster Pantera Negra lideram as indicações –com oito cada um. Drake vem em seguida, com sete. Mas a batida que deve ser o centro das atenções no Staples Center, em Los Angeles, é feminina. Cotada para receber o troféu em cinco categorias, a norte-americana Cardi B aparece como protagonista na celebração que pretende exaltar a diversidade.
Filha de imigrantes da república Dominicana e Trinidad & Tobago, a ex-stripper se tornou um das maiores estrelas do mundo nos últimos anos. Celebrada pelas palavras ácidas tanto nas letras quanto fora dos palcos, ela chega ao Grammy sob o embalo de seu primeiro álbum, Invasion of privacy. Indicado como melhor disco do ano e melhor disco de rap, o trabalho ainda tem as faixas I like it, gravada com Bad Bunny e J Balvin, concorrendo como gravação do ano, e Be careful indicada a melhor performance de rap. Cardi B ainda disputa melhor performance de duo ou grupo, por Girls like you, em parceria com a banda Maroon 5.
O estrelato veio antes do disco de estreia, através de vídeos na internet, mixtapes, participação em reality show e o single Bodak yellow, lançado em 2017. Na época, ele desbancou Despacito e ocupou o primeiro lugar do ranking da Billboard. Foi a primeira vez em 20 anos que essa posição foi ocupada por um rap gravado por uma mulher. Um ano depois, I like it também chegou ao topo, fazendo dela a primeira rapper a chegar ao posto duas vezes. Além das músicas amplamente consumidas, Cardi B estampou inúmeras manchetes e capas de revistas nos últimos dois anos também por seu comportamento.
Stripper
Mais de uma vez, ela declarou que a profissão de stripper a salvou de sofrer violência doméstica de um namorado abusivo com quem dividia residência e que, por isso, ela não se arrepende. Pelo contrário. “Eu não recomendo para todo mundo, porque não é para todo mundo, mas me deu dinheiro, pagou minhas contas, me deu meu apartamento”, disse a Ellen DeGeneres em seu talk show.
A sinceridade extrema e quase sempre sem filtro ou pudor na escolha das palavras fez de Cardi B um símbolo de autenticidade e empoderamento. Conforme atestam algumas de suas letras, ela sempre sonhou com a fama e com a riqueza proveniente dela. “Agora eu gosto de dólares, gosto de diamantes / Gosto de me exibir, gosto de brilhar / Gosto de contratos de milhões de dólares / Onde está minha caneta? Vadia, vou assinar”, diz, num dos trechos do hit I like it.
Por outro lado, a autenticidade, que faz ela mesma dizer “a única coisa falsa são os meus peitos”, na letra de Get up 10, às vezes, extrapola. Em setembro do ano passado, durante evento na New York Fashion Week, ela e a rapper Nicki Minaj, com quem trocava farpas nas redes sociais havia algum um tempo, partiram para a agressão física, atirando o salto alto uma na outra. Meses depois, as duas fizeram as pazes. Ainda no fim de 2018, a rapper se viu às voltas com a Justiça, acusada de ordenar um ataque contra duas bartenders em uma boate. A motivação seria a relação de uma das garotas com o rapper Offset, seu ex-marido e pai de sua filha. Cardi B foi detida, prestou esclarecimento e foi liberada, sob a condição de não se aproximar mais das denunciantes, de acordo com o portal norte-americano TMZ.
Ativista
O forte temperamento também tem como alvo Donald Trump. Militante pelos direitos das mulheres e dos imigrantes, Cardi B já se colocou contra o presidente dos Estados Unidos várias vezes. Em um vídeo publicado no Instagram no mês passado, criticou o shutdown do governo (congelamento dos gastos, até que um novo orçamento fosse aprovado, paralisando serviços públicos).
Além de criticar Trump por exigir que os funcionários voltassem ao trabalho sem pagamento, ela fez questão de defender o antecessor, Barack Obama, tudo com muitos palavrões e a coloquialidade que é sua marca. Cardi B termina dizendo “Essa merda é realmente séria, mano. Essa merda é loucura. Tipo, nosso país está em um buraco no inferno agora. Tudo por um muro”, em alusão à barreira física que Trump pretende erguer na fronteira com o México.
Com ótimos resultados no mercado fonográfico, sem papas na língua para falar de si mesma e das causas identitárias que defende e sempre embalada em um ousado figurino, ela se tornou a figura perfeita para o Grammy 2019, que pretende vender a imagem de uma premiação mais inclusiva, sobretudo em relação às mulheres. Em 2018, o baixo número de cantoras entre as indicações nas principais categorias foi motivo de crítica. Neste ano, cinco dos oito concorrentes a melhor disco são mulheres. Ano passado, apenas Lorde apareceu, entre outros quatro indicados.
Desigualdade
Além disso, a Academia de Gravação anunciou, na última semana, um plano para ampliar oportunidades para produtoras e engenheiras de som, diminuindo a desigualdade também no mercado. A medida pede que artistas incluam ao menos duas mulheres no grupo de candidatos que contratam. Somente 2% dos produtores de música e 3% dos engenheiros de som que trabalham na música popular dos EUA são mulheres, segundo estudo da Iniciativa de Inclusão Annenberg da USC (Universidade do Sul da Califórnia). Mais de 200 artistas, produtores e outros membros da indústria aderiram à iniciativa – Cardi B foi uma delas.
Em vista da concorrência, destacar-se na 61ª edição do Grammy não será para qualquer uma. A noite reunirá outras figuras de peso da música mundial. Além de Cardi B, outras queridinhas do momento irão se apresentar: Dua Lipa, Miley Cyrus, Camila Cabello (junto com J Balvin, Young Thug, Ricky Martin e Arturo Sandoval). A seleção ainda inclui nomes mais consagrados, como Jennifer Lopez, Diana Ross, Dolly Parton e Lady Gaga. Gaga substitui outra badaladíssima no momento, Ariana Grande, que se desentendeu com a organização e sequer irá à cerimônia, mesmo concorrendo em duas categorias. O conflito surgiu, segundo a revista Variety, porque o Grammy não permitiu que Ariana apresentasse na íntegra seu mais recente single, 7 rings, que detém até aqui a marca de um dos mais ouvidos do ano.
Nas premiações Cardi B também terá concorrência pesada, pelo menos nas duas principais categorias. Em melhor disco do ano, além de Scorpion, de Drake, Pantera Negra: O álbum, trilha sonora do filme gravada por Kendrick Lamar, aparece entre os favoritos. Já em melhor gravação do ano a disputa tem novamente Drake, com God’s plan, e Kendrick, com All the stars, além de Childish Gambino, com o megassucesso This is America, e a cinematográfica Shallow, de Lady Gaga e Bradley Cooper, tema do filme Nasce uma estrela.
TV
Na TV brasileira, a transmissão ao vivo do Grammy 2019 será feita pelo canal por assinatura TNT, a partir das 23h de hoje, assim como no serviço de streaming da emissora, TNT GO. Já o tapete vermelho será transmitido com exclusividade pelo Canal E!, a partir das 21h.
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Por:Pedro Galvão - Estado de Minas
Não é de hoje que quem dá ritmo ao Grammy é o rap. A 61ª edição do prêmio Academia Nacional de Artes e Ciências de Gravação dos Estados Unidos, marcada para a noite deste domingo (10), não vai destoar. Kendrick Lamar, um ícone atual do estilo, e a trilha sonora do blockbuster Pantera Negra lideram as indicações –com oito cada um. Drake vem em seguida, com sete. Mas a batida que deve ser o centro das atenções no Staples Center, em Los Angeles, é feminina. Cotada para receber o troféu em cinco categorias, a norte-americana Cardi B aparece como protagonista na celebração que pretende exaltar a diversidade.
Filha de imigrantes da república Dominicana e Trinidad & Tobago, a ex-stripper se tornou um das maiores estrelas do mundo nos últimos anos. Celebrada pelas palavras ácidas tanto nas letras quanto fora dos palcos, ela chega ao Grammy sob o embalo de seu primeiro álbum, Invasion of privacy. Indicado como melhor disco do ano e melhor disco de rap, o trabalho ainda tem as faixas I like it, gravada com Bad Bunny e J Balvin, concorrendo como gravação do ano, e Be careful indicada a melhor performance de rap. Cardi B ainda disputa melhor performance de duo ou grupo, por Girls like you, em parceria com a banda Maroon 5.
O estrelato veio antes do disco de estreia, através de vídeos na internet, mixtapes, participação em reality show e o single Bodak yellow, lançado em 2017. Na época, ele desbancou Despacito e ocupou o primeiro lugar do ranking da Billboard. Foi a primeira vez em 20 anos que essa posição foi ocupada por um rap gravado por uma mulher. Um ano depois, I like it também chegou ao topo, fazendo dela a primeira rapper a chegar ao posto duas vezes. Além das músicas amplamente consumidas, Cardi B estampou inúmeras manchetes e capas de revistas nos últimos dois anos também por seu comportamento.
Stripper
Mais de uma vez, ela declarou que a profissão de stripper a salvou de sofrer violência doméstica de um namorado abusivo com quem dividia residência e que, por isso, ela não se arrepende. Pelo contrário. “Eu não recomendo para todo mundo, porque não é para todo mundo, mas me deu dinheiro, pagou minhas contas, me deu meu apartamento”, disse a Ellen DeGeneres em seu talk show.
A sinceridade extrema e quase sempre sem filtro ou pudor na escolha das palavras fez de Cardi B um símbolo de autenticidade e empoderamento. Conforme atestam algumas de suas letras, ela sempre sonhou com a fama e com a riqueza proveniente dela. “Agora eu gosto de dólares, gosto de diamantes / Gosto de me exibir, gosto de brilhar / Gosto de contratos de milhões de dólares / Onde está minha caneta? Vadia, vou assinar”, diz, num dos trechos do hit I like it.
Por outro lado, a autenticidade, que faz ela mesma dizer “a única coisa falsa são os meus peitos”, na letra de Get up 10, às vezes, extrapola. Em setembro do ano passado, durante evento na New York Fashion Week, ela e a rapper Nicki Minaj, com quem trocava farpas nas redes sociais havia algum um tempo, partiram para a agressão física, atirando o salto alto uma na outra. Meses depois, as duas fizeram as pazes. Ainda no fim de 2018, a rapper se viu às voltas com a Justiça, acusada de ordenar um ataque contra duas bartenders em uma boate. A motivação seria a relação de uma das garotas com o rapper Offset, seu ex-marido e pai de sua filha. Cardi B foi detida, prestou esclarecimento e foi liberada, sob a condição de não se aproximar mais das denunciantes, de acordo com o portal norte-americano TMZ.
Ativista
O forte temperamento também tem como alvo Donald Trump. Militante pelos direitos das mulheres e dos imigrantes, Cardi B já se colocou contra o presidente dos Estados Unidos várias vezes. Em um vídeo publicado no Instagram no mês passado, criticou o shutdown do governo (congelamento dos gastos, até que um novo orçamento fosse aprovado, paralisando serviços públicos).
Além de criticar Trump por exigir que os funcionários voltassem ao trabalho sem pagamento, ela fez questão de defender o antecessor, Barack Obama, tudo com muitos palavrões e a coloquialidade que é sua marca. Cardi B termina dizendo “Essa merda é realmente séria, mano. Essa merda é loucura. Tipo, nosso país está em um buraco no inferno agora. Tudo por um muro”, em alusão à barreira física que Trump pretende erguer na fronteira com o México.
Com ótimos resultados no mercado fonográfico, sem papas na língua para falar de si mesma e das causas identitárias que defende e sempre embalada em um ousado figurino, ela se tornou a figura perfeita para o Grammy 2019, que pretende vender a imagem de uma premiação mais inclusiva, sobretudo em relação às mulheres. Em 2018, o baixo número de cantoras entre as indicações nas principais categorias foi motivo de crítica. Neste ano, cinco dos oito concorrentes a melhor disco são mulheres. Ano passado, apenas Lorde apareceu, entre outros quatro indicados.
Desigualdade
Além disso, a Academia de Gravação anunciou, na última semana, um plano para ampliar oportunidades para produtoras e engenheiras de som, diminuindo a desigualdade também no mercado. A medida pede que artistas incluam ao menos duas mulheres no grupo de candidatos que contratam. Somente 2% dos produtores de música e 3% dos engenheiros de som que trabalham na música popular dos EUA são mulheres, segundo estudo da Iniciativa de Inclusão Annenberg da USC (Universidade do Sul da Califórnia). Mais de 200 artistas, produtores e outros membros da indústria aderiram à iniciativa – Cardi B foi uma delas.
Em vista da concorrência, destacar-se na 61ª edição do Grammy não será para qualquer uma. A noite reunirá outras figuras de peso da música mundial. Além de Cardi B, outras queridinhas do momento irão se apresentar: Dua Lipa, Miley Cyrus, Camila Cabello (junto com J Balvin, Young Thug, Ricky Martin e Arturo Sandoval). A seleção ainda inclui nomes mais consagrados, como Jennifer Lopez, Diana Ross, Dolly Parton e Lady Gaga. Gaga substitui outra badaladíssima no momento, Ariana Grande, que se desentendeu com a organização e sequer irá à cerimônia, mesmo concorrendo em duas categorias. O conflito surgiu, segundo a revista Variety, porque o Grammy não permitiu que Ariana apresentasse na íntegra seu mais recente single, 7 rings, que detém até aqui a marca de um dos mais ouvidos do ano.
Nas premiações Cardi B também terá concorrência pesada, pelo menos nas duas principais categorias. Em melhor disco do ano, além de Scorpion, de Drake, Pantera Negra: O álbum, trilha sonora do filme gravada por Kendrick Lamar, aparece entre os favoritos. Já em melhor gravação do ano a disputa tem novamente Drake, com God’s plan, e Kendrick, com All the stars, além de Childish Gambino, com o megassucesso This is America, e a cinematográfica Shallow, de Lady Gaga e Bradley Cooper, tema do filme Nasce uma estrela.
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