O Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Sinditanque-MG) informou, na tarde deste domingo (2), que os motoristas da categoria entrarão em estado de greve a partir de meia-noite de domingo para segunda (3).
De acordo com o presidente da entidade, Irani Gomes, os líderes da categoria iniciarão conversas com o governo federal para que seja garantido o cumprimento da tabela mínima do frete. "Não significa que vamos parar totalmente, mas, se eles se negarem a cumprir a lei, haverá esse risco, sim", explicou o presidente, que emendou: "não é um acordo que estamos pedido, mas o cumprimento de uma lei que está em vigor desde o dia 8 de agosto".
Insatisfação geral
Ao Hoje em Dia, Irani Gomes contou que não são somente os transportadores de combustíveis e derivados do petróleo que estão insatisfeitos com o não cumprimento da tabela pelas distribuidoras e embarcadoras. "Apesar de eu não ter nenhuma informação sobre greves e manifestações de outras entidades, todos nós temos a mesma reclamação e queremos que seja feita a fiscalização do cumprimento da tabela do frete", explicou.
Outra reclamação que entrou na pauta da categoria é em relação ao valor do diesel, cuja estabilidade havia sido garantida pelo governo federal nas paralisações de maio e junho. "Além de não pagarem a tabela mínima do frete, agora temos que arcar com combustíveis mais caros, o que acaba deixando inviável o nosso trabalho", afirmou Gomes.
Outro membro do Sinditanque-MG, que não quis se identificar, disse ao Hoje em Dia que a Petrobras diminuiu recentemente 20% do valor pago aos transportadores, que, antes do corte, já era menor do que o estabelecido pela tabela.
A reportagem procurou pela BR, distribuidora da Petrobrás, e aguarda retorno.
Diesel mais caro
O aumento do valor do diesel nas refinarias também é uma questão apontada pelos manifestantes. A mudança foi anunciada na última sexta-feira (31). Nesse contexto, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) confirmou neste domingo (2) que vai ajustar a tabela de preços mínimos de frete para equiparar os custos do diesel mais caro.
Embora os fretes devam ser reajustados, os caminhoneiros reivindicam a fiscalização do cumprimento da lei, reclamação à qual a ANTT argumenta, no entanto, que precisa de uma regulamentação específica para poder fiscalizar os preços cobrados no transporte de cargas – algo que nunca foi feito no Brasil. Isso demanda discussões com todos os envolvidos e abertura de consulta pública, cujo prazo pode chegar a 60 dias. Na prática, a fiscalização não começará imediatamente. (Com Agência Estado)
Outras entidades
O presidente da Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), José Roberto, garante que não há paralisação marcada para acontecer nas próximas semanas. “No momento estamos ainda nos reunindo e discutindo uma possível paralisação para acontecer na semana das eleições, é nisto que estamos trabalhando”, afirma.
Já a União dos Caminhoneiros do Brasil (UDC) divulgou uma nota comunicando o planejamento de uma mobilização que vai acontecer no próximo dia 10 de setembro, iniciando uma paralisação por tempo indeterminado.
Em nota, a UDC afirma que a paralisação prevista para a próxima semana é em decorrência da falta de fiscalização da ANTT sobre o cumprimento dos valores previstos na tabela de frete instituída na resolução 5.820 de 30 de maio de 2018, e do aumento do preço do diesel, que varia entre 13% e 14,5%, em todo o país.
Motoristas desesperados
Assim como no sábado (1º), motoristas amedrontados pelo fantasma da greve também se enfileiraram nos postos de gasolina de Belo Horizonte para garantir o combustível antes que acabe.
Muitos motoristas contaram que o tempo médio de espera para abastecer, na tarde deste domingo, é de cerca de uma hora. Foi o tempo que esperou o administrador de empresa, Tarcísio Júnior, no posto do Walmart, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo ele, na última greve, ele ficou vários dias sem combustível e teve muitos atrasos nos deslocamentos. "Dessa vez, achei melhor me prevenir", afirmou.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), embora não estivesse ciente da manifestação do Sinditanque-MG, alertou para o perigo desse tipo de ação. De acordo com o Minaspetro, o combustível pode acabar mais pela alta demanda dos motoristas nos postos do que pela falta propriamente dita de distribuição.
Veja na íntegra o comunicado da União dos Caminhoneiros:
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