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Domingo, 20 de agosto, 2h50. A Central de Regulação do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) Regional Oeste recebeu um chamado com a informação de que um ônibus se acidentou no KM 525 da BR 381, em Igarapé. Em 20 minutos, a Unidade de Suporte Básico (USB) de São Joaquim de Bicas chegou ao local e iniciou o socorro às vítimas. Foi a primeira das oito que chegaram em sequência no local, entre cinco unidades básicas e três de suporte avançado.
O acidente que deixou 43 vítimas, sendo sete óbitos, ocorreu com um ônibus que ia de Belo Horizonte para São Paulo levando torcedores do time do Corinthians, após uma partida de futebol contra o Cruzeiro, realizada na capital mineira.
“Nosso maior desafio era saber a situação da cena para viabilizar o atendimento, priorizando ainda a segurança do local tanto para as vítimas quanto para os socorristas”, conta Dalila Faria, médica socorrista que estava de plantão na Central naquela noite e foi a responsável pelo encaminhamento das unidades.
A médica explica que a Central de Regulação é o “cérebro” do atendimento e precisa captar o máximo de informações possível para instruir as equipes. “Nessa ocorrência, por exemplo, tínhamos o risco do tráfego nas estradas, havia vítimas encarceradas e outros vários quadros, desde lesões a situações de choque. Então, nosso papel, além de acionar e encaminhar as viaturas, é o de subsidiá-las com todas as informações que possam ser relevantes para o atendimento”, destaca.
Segundo a médica, o panorama foi informado por uma vítima que efetuou o chamado, o que possibilitou o acionamento e rápido deslocamento das oito unidades do Samu 192 para o local do acidente, responsáveis pela condução de 16 vítimas.
Além da USB de São Joaquim de Bicas, a operação contou com unidades básicas de Brumadinho, Bonfim, Juatuba e Mateus Leme, e com Unidades de Suporte Avançado (USA) de Brumadinho, Itaúna e Juatuba, que se somaram à Arteris (Resgate da Rodovia), ao Corpo de Bombeiros, ao helicóptero Arcanjo 04 do Suporte Aéreo Avançado de Vida (Saav/MG) e ao helicóptero Pegasus da Polícia Militar.
“Em seis anos que atuo no Samu, já participei de diversos treinamentos com múltiplas vítimas, mas nunca tinha vivido algo dessa proporção”, relata Dalila Faria. “Fiquei emocionada quando o pai de uma das vítimas ligou preocupado com a filha. Como ela não estava na lista dos nossos socorridos, perguntei qual foi a última vez que ela tinha feito contato com ele, que me respondeu que havia sido às sete da manhã. E eu fiquei feliz em responder: Então fica tranquilo que a operação de socorro foi encerrada às 6h20", conta, aliviada.
“Eu vivo o Samu, respiro o Samu. É muito mais que um atendimento pré-hospitalar, é fazer a diferença num cenário que poucos conhecem. Quando vestimos o macacão, não temos nome, temos uma capa”, finaliza ela.
Residente de Emergência do Complexo de Saúde São João de Deus, em Divinópolis, a médica socorrista Caroline Couto estava na Unidade de Suporte Avançado (USA) de Itaúna. Ela explica como se dá a organização da equipe nesse tipo de ocorrência. “A triagem dos pacientes é feita pelo método Start (Triagem Simples e Tratamento Rápido). O primeiro socorrista que chega na cena é a pessoa que vai geri-la. Ou seja, vai tentar saber mais ou menos o número de vítimas, quais são graves, quais não são, à medida que vai coletando as informações. A prioridade da abordagem é das vítimas vermelhas, que estão em estado grave, seguidas das amarelas e então das verdes”, diz Caroline.
A médica conta que, não apenas como profissional, mas também uma amante do futebol, não pôde deixar de se comover. “O cenário era caótico e, enquanto fazia algumas abordagens com as vítimas e conversava com o pessoal para entender a cena, não pude deixar de me colocar várias vezes no lugar daqueles torcedores. Já atravessei o estado, já fiz muito bate e volta para ver os jogos do meu time e facilmente poderia ser eu com meus amigos ali”.
Caroline Couto também se emociona ao falar do trabalho de socorrista. “Havia uma vítima ‘vermelha’ (grave) que precisava ser transportada para o hospital. E foi ali, no meio do caos, numa grande fatalidade, que tripulei o helicóptero Pegasus da Polícia Militar, levando o paciente para o Hospital João XXIII. Foi algo surreal, pois, além de estar fazendo tudo que eu podia enquanto emergencista para salvar uma vida, realizei meu sonho de criança de atuar no resgate aéreo”, declara.
Samu Regional
Minas Gerais conta com 12 macrorregiões com Samu 192 em funcionamento e duas em fase de implantação (Centro e Triângulo do Sul), sendo as 12 gerenciadas por nove consórcios intermunicipais de saúde.
De janeiro a junho de 2023, o Samu 192 Regional Oeste Micro Betim realizou 37.389 atendimentos e deu 17.190 orientações médicas pela Central de Regulação de Urgência. No mesmo período, o número de atendimentos no Samu 192 Regional no estado foi de 183.485 ocorrências e o de orientações médicas pela Central de Regulação de Urgência foi de 60.383.
“Até setembro do ano passado não tínhamos unidades do Samu na Microrregião de Saúde Betim. Ele foi uma expansão do Samu da Macrorregião Oeste, da Central de Regulação de Urgência de Divinópolis, para atender a essa região”, explica Bárbara da Silva Cassimiro, técnica da Diretoria de Atenção Hospitalar e Urgência e Emergência da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), sobre a região onde ocorreu o acidente no domingo.
O serviço começou a ser prestado em 29 de setembro de 2022, por meio de um convênio entre a SES-MG e o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste para Gerenciamento dos Serviços de Urgência e Emergência (Cisurg), com investimentos de R$ 6,5 milhões. O consórcio possui uma frota de duas USA, com médico e enfermeiro, e seis USB, com um condutor socorrista e um técnico de enfermagem para atender a micro Betim.
A técnica explica a diferença entre os dois tipos de unidades. “A USB é para atendimentos menos complexos, em que o técnico de enfermagem consegue realizar a conduta a partir da orientação do médico da Central de Regulação. Já a USA é para atendimentos mais complexos, prestados por um médico e um enfermeiro, como por exemplo um transporte de neonatal, microcirurgias, intubação, entre outros que não são possíveis na USB”.
Atualmente, 12 municípios na Micro Betim são consorciados ao Cisurg e este Consórcio recebe repasses mensais da SES-MG na ordem de R$ 938 mil para custeio do serviço nessa microrregião.
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O acidente que deixou 43 vítimas, sendo sete óbitos, ocorreu com um ônibus que ia de Belo Horizonte para São Paulo levando torcedores do time do Corinthians, após uma partida de futebol contra o Cruzeiro, realizada na capital mineira.
“Nosso maior desafio era saber a situação da cena para viabilizar o atendimento, priorizando ainda a segurança do local tanto para as vítimas quanto para os socorristas”, conta Dalila Faria, médica socorrista que estava de plantão na Central naquela noite e foi a responsável pelo encaminhamento das unidades.
A médica explica que a Central de Regulação é o “cérebro” do atendimento e precisa captar o máximo de informações possível para instruir as equipes. “Nessa ocorrência, por exemplo, tínhamos o risco do tráfego nas estradas, havia vítimas encarceradas e outros vários quadros, desde lesões a situações de choque. Então, nosso papel, além de acionar e encaminhar as viaturas, é o de subsidiá-las com todas as informações que possam ser relevantes para o atendimento”, destaca.
Segundo a médica, o panorama foi informado por uma vítima que efetuou o chamado, o que possibilitou o acionamento e rápido deslocamento das oito unidades do Samu 192 para o local do acidente, responsáveis pela condução de 16 vítimas.
Além da USB de São Joaquim de Bicas, a operação contou com unidades básicas de Brumadinho, Bonfim, Juatuba e Mateus Leme, e com Unidades de Suporte Avançado (USA) de Brumadinho, Itaúna e Juatuba, que se somaram à Arteris (Resgate da Rodovia), ao Corpo de Bombeiros, ao helicóptero Arcanjo 04 do Suporte Aéreo Avançado de Vida (Saav/MG) e ao helicóptero Pegasus da Polícia Militar.
“Em seis anos que atuo no Samu, já participei de diversos treinamentos com múltiplas vítimas, mas nunca tinha vivido algo dessa proporção”, relata Dalila Faria. “Fiquei emocionada quando o pai de uma das vítimas ligou preocupado com a filha. Como ela não estava na lista dos nossos socorridos, perguntei qual foi a última vez que ela tinha feito contato com ele, que me respondeu que havia sido às sete da manhã. E eu fiquei feliz em responder: Então fica tranquilo que a operação de socorro foi encerrada às 6h20", conta, aliviada.
“Eu vivo o Samu, respiro o Samu. É muito mais que um atendimento pré-hospitalar, é fazer a diferença num cenário que poucos conhecem. Quando vestimos o macacão, não temos nome, temos uma capa”, finaliza ela.
Residente de Emergência do Complexo de Saúde São João de Deus, em Divinópolis, a médica socorrista Caroline Couto estava na Unidade de Suporte Avançado (USA) de Itaúna. Ela explica como se dá a organização da equipe nesse tipo de ocorrência. “A triagem dos pacientes é feita pelo método Start (Triagem Simples e Tratamento Rápido). O primeiro socorrista que chega na cena é a pessoa que vai geri-la. Ou seja, vai tentar saber mais ou menos o número de vítimas, quais são graves, quais não são, à medida que vai coletando as informações. A prioridade da abordagem é das vítimas vermelhas, que estão em estado grave, seguidas das amarelas e então das verdes”, diz Caroline.
A médica conta que, não apenas como profissional, mas também uma amante do futebol, não pôde deixar de se comover. “O cenário era caótico e, enquanto fazia algumas abordagens com as vítimas e conversava com o pessoal para entender a cena, não pude deixar de me colocar várias vezes no lugar daqueles torcedores. Já atravessei o estado, já fiz muito bate e volta para ver os jogos do meu time e facilmente poderia ser eu com meus amigos ali”.
Caroline Couto também se emociona ao falar do trabalho de socorrista. “Havia uma vítima ‘vermelha’ (grave) que precisava ser transportada para o hospital. E foi ali, no meio do caos, numa grande fatalidade, que tripulei o helicóptero Pegasus da Polícia Militar, levando o paciente para o Hospital João XXIII. Foi algo surreal, pois, além de estar fazendo tudo que eu podia enquanto emergencista para salvar uma vida, realizei meu sonho de criança de atuar no resgate aéreo”, declara.
Samu Regional
Minas Gerais conta com 12 macrorregiões com Samu 192 em funcionamento e duas em fase de implantação (Centro e Triângulo do Sul), sendo as 12 gerenciadas por nove consórcios intermunicipais de saúde.
De janeiro a junho de 2023, o Samu 192 Regional Oeste Micro Betim realizou 37.389 atendimentos e deu 17.190 orientações médicas pela Central de Regulação de Urgência. No mesmo período, o número de atendimentos no Samu 192 Regional no estado foi de 183.485 ocorrências e o de orientações médicas pela Central de Regulação de Urgência foi de 60.383.
“Até setembro do ano passado não tínhamos unidades do Samu na Microrregião de Saúde Betim. Ele foi uma expansão do Samu da Macrorregião Oeste, da Central de Regulação de Urgência de Divinópolis, para atender a essa região”, explica Bárbara da Silva Cassimiro, técnica da Diretoria de Atenção Hospitalar e Urgência e Emergência da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), sobre a região onde ocorreu o acidente no domingo.
O serviço começou a ser prestado em 29 de setembro de 2022, por meio de um convênio entre a SES-MG e o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste para Gerenciamento dos Serviços de Urgência e Emergência (Cisurg), com investimentos de R$ 6,5 milhões. O consórcio possui uma frota de duas USA, com médico e enfermeiro, e seis USB, com um condutor socorrista e um técnico de enfermagem para atender a micro Betim.
A técnica explica a diferença entre os dois tipos de unidades. “A USB é para atendimentos menos complexos, em que o técnico de enfermagem consegue realizar a conduta a partir da orientação do médico da Central de Regulação. Já a USA é para atendimentos mais complexos, prestados por um médico e um enfermeiro, como por exemplo um transporte de neonatal, microcirurgias, intubação, entre outros que não são possíveis na USB”.
Atualmente, 12 municípios na Micro Betim são consorciados ao Cisurg e este Consórcio recebe repasses mensais da SES-MG na ordem de R$ 938 mil para custeio do serviço nessa microrregião.