271 moradores participaram da pesquisa apresentada na manhã desta sexta-feira (13) pela UFMG
Dois anos e cinco meses após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas Gerais, 29% dos atingidos sofrem com depressão. O dado foi apresentado na manhã desta sexta-feira pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Participaram da pesquisa 271 moradores da região. O índice da enfermidade é cinco vezes maior daquele registrado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no país.
Para o pesquisador e médico Frederico Garcia a causa principal dos transtornos mentais que assombram essa população tem relação com a perda do vínculo com a terra e com a comunidade. "A comunidade tinha 200 anos. Os atingidos relatam a falta de coisas simples como o pé de goiabeira", explica.
O médico informou ainda que não esperava encontrar esses índices. "Dois anos depois, não esperávamos que o índice estivesse como logo após o rompimento", completou.
Além da depressão, foram observados transtorno de ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, comportamento suicida, entre outros. O transtorno de estresse pós-traumático afeta 12% da população pesquisada.
"O que chama muito a atenção é a gravidade dos casos", analisou a pesquisadora Maila de Castro. O índice do transtorno de ansiedade generalizada atingiu 32%, número três vezes maior que a brasileira.
O produtor rural Marino D’Ângelo sente na pele vários desses sintomas. Sem poder produzir o leite como fazia antes do rompimento, ele precisa de medicação para combater a depressão. Mesmo tomando remédios, ele ainda não consegue dormir. “Preciso ter minha vida de novo, minha terra”, contou.
Fundação Renova diz que trabalha para garantir aos atingidos o acesso aos cuidados com a saúde
Em nota, a Fundação Renova, criada para ajudar na reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Mariana informou que também realiza um estudo sobre os impactos da tragédia na saúde mental e física dos moradores, que deve ser concluído em 2019. Segundo a Fundação, os resultados parciais já estão sendo usados para nortear ações na área de saúde.
Veja a nota na íntegra: