A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas, entretanto, não confirma a informação dada pelos políticos

Durante um protesto na manhã de ontem contra a implementação de dois pedágios na MG-424, previstos no edital de concessão de um trecho de 51,08 km da rodovia, os prefeitos de São José da Lapa, Diego Álvaro (PT); de Pedro Leopoldo, Cristiano Mourão (PSD); e de Confins, Totô (PSDB), afirmaram que o governo de Minas vai suspender o processo licitatório até que um novo estudo técnico, considerando a reivindicação desses municípios, seja apresentado. A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), entretanto, não confirma a informação dada pelos políticos com exclusividade a O TEMPO.

A pasta diz que, por enquanto, a única mudança garantida no processo é sobre a data de abertura do certame. Segundo a Setop, o prazo foi prorrogado do dia 26 de abril para 5 de junho com o objetivo de atender à solicitação dos interessados em explorar parte da via, garantindo assim maior competitividade à licitação.

A manifestação ontem na MG-424 fechou entre 7h e 8h30, de forma intermitente, os dois sentidos da rodovia, na altura do km 12, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com os organizadores, participaram do ato aproximadamente 150 pessoas – entre políticos e moradores das três cidades. Eles foram acompanhados de perto pela Polícia Militar (PM), que não precisou intervir no protesto.

“Foi muito importante essa mobilização na MG-424 para mostrarmos ao governo do Estado a insatisfação de toda essa comunidade que veio aqui manifestar contra pedágios desnecessários em uma rodovia já pronta e duplicada. A gente não quer pagar a conta de uma outra obra. Mostramos que com união temos sim um retorno, pois será suspensa a licitação”, garantiu Cristiano Mourão.

Para Diego Álvaro, contudo, a possível suspensão é apenas uma conquista inicial dos moradores contra a instalação dos pedágios. “A mobilização que estamos realizando rendeu esse fruto que é a suspensão. É um primeiro passo. A nossa ideia é conseguir o cancelamento da licitação para que nossa população não seja sacrificada com mais uma tarifa, mais uma cobrança no dia a dia”, afirma.

Segundo o prefeito de São José da Lapa, a cidade que ele administra vai ser a mais afetada caso ocorra a instalação dos pedágios na rodovia. “Fazendo um cálculo simples, a praça de pedágio vai cobrar R$ 4,20, então ida e volta vai dar R$ 8,40 por dia. Dentro de um mês serão gastos pelos motoristas mais de R$ 250”, destaca. “Quem mais vai sofrer com isso é a população que precisa se deslocar diariamente para Belo Horizonte”, completa.

Questionada sobre a licitação, a Setop informou que uma das praças de pedágio será instalada após São José da Lapa, no km 8,7, no sentido Pedro Leopoldo, com a cobrança de R$ 3,78. Conforme a pasta, os motoristas dessa cidade que se dirigem a BH, portanto, não serão afetados.

A Setop observa que a outra praça ficará no sentido BH entre as cidades de Matozinhos e Prudente de Morais, no km 38,10, na região Central de Minas, com o preço do pedágio a R$ 2,60. “Os moradores de Pedro Leopoldo, Capim Branco e Matozinhos, caso não queiram passar pela praça de pedágio em direção a Belo Horizonte, terão a opção de usar a LMG-800 e depois MG-10 para seguir até a capital “, afirma a secretaria, em comunicado.

Para o prefeito de Pedro Leopoldo, a rota alternativa considerada pelo governo não conseguirá atender ao número de usuários que circulam atualmente pela MG-424 em direção à capital mineira. A estimativa é que quase 20 mil motoristas passem pela rodovia por dia, incluindo caminhões pesados.

“O governo está alegando uma rota de fuga, de saída. Como vamos fazer uma rota de fuga na frente da MG-10, na frente do aeroporto? Tudo isso precisa ser repensado porque as pessoas vão ser oneradas e também a prefeitura, que tem veículos que transitam levando o dia inteiro, indo e voltando para a capital, pessoas que tem fazer serviços de atendimento de saúde como hemodialise, por exemplo. Não precisamos desse pedágio aqui e vamos fazer de tudo para que não aconteça”, assevera Mourão.

Ontem, as prefeituras de Pedro Leopoldo, São José da Lapa e Confins entrariam com uma ação na Justiça para pedir a suspensão do edital. Contudo, eles disseram que foram comunicados pelo governo sobre a suspensão e desistiram momentaneamente do recurso. “Vamos guardar. O documento já está pronto. Se o governo voltar atrás e não suspender, vamos recorrer unidos à Justiça”, comentou o prefeito de Confins, Totô.