Equipe composta por pesquisadores, bolsista e estagiário da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) esteve no 12º Congresso Internacional de Sistemas Silvipastoris, realizado na última semana, em Montevidéu, capital do Uruguai, para apresentar resultados de pesquisas em sistemas integrados de produção, onde estão inseridos simultaneamente, por exemplo, componentes agrícolas, pecuários e florestais.

No total, quatro trabalhos foram apresentados e publicados nas atas do congresso, todos eles com resultados de três projetos de pesquisa que estão sendo conduzidos, desde 2021, em diferentes sistemas implantados no Campo Experimental Getúlio Vargas, da Epamig, localizado em Uberaba (MG). Um dos projetos é financiado pelo Projeto Rural Sustentável - Cerrado (PRS-Cerrado) e os outros pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Entre os resumos enviados ao congresso, o trabalho intitulado “Produtividade de forragem e dinâmica da umidade do solo em sistemas integrados de produção”, do pesquisador e chefe da Epamig Oeste, Fernando Oliveira Franco, foi selecionado para apresentação oral.

No trabalho, pesquisadores avaliaram o comportamento da água no solo, em até um metro de profundidade, em cinco diferentes sistemas de produção: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Integração Lavoura-Pecuária (ILP), Pastagem Recuperada, Pastagem Não Manejada e Lavoura em Monocultivo.

“Observamos que a produção de matéria seca de biomassa foi cerca de oito vezes maior em sistemas integrados do que em ‘pastos degradados’ ou ‘pastos não manejados’, comprovando que esses sistemas apresentam maior eficiência no uso da água”, explica Fernando Franco. Segundo o pesquisador, o trabalho foi o único do Brasil a ser selecionado para apresentação oral.

Evolução

Já o trabalho “Desempenho de novilhas da raça Gir Leiteiro em diferentes sistemas de pastagens integradas”, apresentado pela pesquisadora da Epamig, e coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Bovinocultura, Edilane Aparecida da Silva, foi selecionado para integrar a próxima edição do periódico internacional de alto impacto, Agroforestry Systems, que será publicado em dezembro deste ano.

Na pesquisa, foram avaliados o comportamento e o ganho de peso de animais inseridos em cada um dos sistemas estudados. 

“Como estamos no primeiro ano do experimento, vimos que ainda não houve diferença de peso dos animais nos diferentes sistemas. Nossa expectativa é a de que a diferença comece a ficar mais evidente daqui para frente, pois os sistemas integrados estão recebendo entrada de mais nutrientes, o que deve aumentar o ganho de peso dos animais”, detalha Edilane da Silva.

Bovinocultura do futuro

A partir do que viram no congresso, os pesquisadores da Epamig relatam que os sistemas agrosilvipastoris representam importante prática para a bovinocultura moderna, que beneficia pequenos, médios e grandes produtores, pois além de apresentarem alta produtividade de forragem, também são alternativas mais sustentáveis.

“Muitos trabalhos apresentados tratavam, por exemplo, da diversidade de fauna e flora presente dentro desses sistemas. Outros trabalhos mencionaram a questão do sequestro de carbono. Além disso, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas no sentido de aproveitar os benefícios obtidos pelas interações sinérgicas entre os componentes dos sistemas, como a possível redução no uso de insumos”, destaca Fernando Franco.

“Os sistemas integrados apresentam maior complexidade de implantação, por ser necessário consorciar diferentes componentes em um mesmo local. Mas os resultados que eles apresentam são muito positivos, tanto em produtividade quanto em sustentabilidade. É um ‘caminho sem volta’, pois há uma grande agregação de valor na propriedade. O produtor que insistir no monocultivo vai acabar ficando para trás”, conta Edilane da Silva.

A pesquisadora destaca ainda a participação da bolsista de iniciação científica, Gabriela de Paula Cunha, e do estagiário, Eduardo Santos Vasconcelos, ambos alunos de graduação que apresentaram trabalhos no congresso. “Além de entregar a tecnologia, o projeto de pesquisa também entrega a formação de novos profissionais, que podem fazer networking, articular possíveis intercâmbios, desenvolver novas pesquisas e começar a pensar em seguir carreiras acadêmicas e científicas”, conclui.