Uma cidade que é história viva do nosso Estado não pode parar de encantar turistas de Minas, do Brasil e de fora. É com essa importante missão que o Museu de Congonhas, localizado na cidade homômina, na região Central de Minas, inaugura neste sábado (13), às 10h, seu calendário de atividades para 2019.
A agenda anual - que inicia com duas novas exposições de arte contemporânea e segue ao longo de 2019 com shows, debates, oficinas, lançamentos de publicações e uma intensa ação educativa - convida moradores e visitantes a voltarem a frequentar locais históricos, como a obra de Aleijadinho e o museu, sem medo de problemas causados pela mineração.
Até porque, como mostrou a reportagem do HD e como explica o diretor do Museu de Congonhas, Sergio Rodrigo Reis, os centros históricos de cidades como Congonhas e Ouro Preto, ambas na região Central, não seriam atingidos em caso de rompimentos de barragens.
"Nossas exposições trazem um alento para a nossa cidade, aguçam o olhar do visitante e chamam todo mundo para voltar a frequentar essas cidades históricas. Os turistas têm que voltar a frequentar esses lugares, porque são universais, turísticos e de relevância internacional", afirmou Reis.
Exposições
A instituição abre o ano difícil com beleza, arte e alegria. As exposições, manifestações de arte contemporânea que ocupam vários espaços do Museu, são gratuitas às quartas-feiras e têm preço altamente atrativo nos demais dias (R$10,00 inteira).
Segundo Sergio Rodrigo, que é o curador dos trabalhos, as duas exposições dialogam, de maneira contemporânea, com as questões presentes no acervo barroco do entorno do Museu. As obras são do escultor Giovani Fantauzzi e da arquiteta Sônia M.S.
"Os trabalhos de ambos fazem, poeticamente, uma ligação e alusão à temática que está em nosso Santuário, onde estão ao ar livre as obras do Aleijadinho. São trabalhos diferentes, mas que se encontram na preocupação de ocupar o espaço usando formas e a relação delas com a incidência da luz", explicou Reis.
Saiba mais
Giovani Fantauzzi: Esculturas
O trabalho do premiado escultor Giovani Fantauzzi foi organizado num percurso que conduzirá os visitantes pelas suas três décadas de produção. Já na entrada do Museu está sua maior escultura. Brotando do chão de minério de ferro, enormes tubos de aço enferrujados desenham o espaço conduzindo o visitante para o inusitado que ainda está por vir. Dentro da instituição, uma grande galeria foi reservada para um jardim de esculturas onde sua produção poderá ser vivenciada pelo público.
São peças feitas em dobras de vergalhões de aço, com medidas que variam de cinco metros a maior, passando por obras de três, dois e um metro, chegando a menor que terá cerca de 70 centímetros. São obras únicas criadas ao longo da carreira do artista, iniciada em 1972, quando entrou na Escola Guignard, tendo como mestres o próprio Alberto da Veiga Guignard, Franz Weissmann, José Amâncio de Carvalho e Amilcar de Castro, com quem trabalhou e se tornou grande amigo.
Fantauzzi acredita que a arte da escultura é um dom inerente ao nascimento. "Meu trabalho é simples. Desde criança, na escola eu já desenhava. A gente nasce assim, com a arte. O talento é de cada um, já nascemos com ele. Talento é a sua pele. Já o artista a gente faz, qualquer pessoa pode ser, basta aprender a técnica", avalia.
Sempre trabalhando com esculturas de médio e grande porte, Fantauzzi desenvolve todo o processo de produção e, raras vezes, contrata um ajudante para a montagem, salvo a de peças maiores. Ele conta que cada objeto é único e muitas vezes o projeto fica adormecido. "Uma das esculturas que estará na exposição, levei 16 anos para finalizar. De repente, veio o estalo e em dois dias fiz a montagem da peça, que será a única que estará suspensa", revela.
Um detalhe importante para a exposição de Giovani Fantauzzi é o fato das pessoas poderem tocar as obras, o que não é permitido, na maioria das vezes por questão de conservação e segurança. "Para mim, escultura você tem que participar, tem gente que precisa ver com as mãos. Sentir o trabalho. Principalmente, as crianças que são mais curiosas. Para elas é importante o toque, conhecer o material usado, sentir a obra. Sem vandalismo, obviamente. Minha expectativa é que as pessoas participem, olhem, toquem nas esculturas e se sintam parte delas e do ambiente".
Luz e Sombra
Por vários anos, a arquiteta Sônia MS Mendes se tornou conhecida pelos trabalhos como lighting designer de importantes trabalhos na área, como os projetos de iluminação do Mineirão, da Filârmônica (Sala Minas Gerais) e Mercado da Boca, ambos na capital mineira, além da revitalização da Estação Ferroviária de Congonhas. Ao lado da profissão, nascia outro desejo: usar a luz como meio para dar forma à criação artística. O projeto acaba de se tornar realidade com a exposição "Luz e Sombra".
A ideia inicial era elaborar desenhos que se transformariam em painéis singulares, e de grande porte, com iluminação própria, para utilização em projetos de arquitetura, juntamente com o luminotécnico. Mas havia algo além nas criações. "Quando o Sérgio Rodrigo viu os trabalhos, sugeriu que tentasse explorar a tridimensionalidade dos desenhos. O resultado superou as expectativas."
E foi assim que aconteceu. Os desenhos se transformaram em esculturas com uma sutil iluminação, com a intenção de proporcionar, como resultado, efeitos de luz e sombra. Ao todo, estarão na mostra temporária uma coleção inédita de peças de aço, em formatos variados, na maioria quadradas ou retangulares, em tamanhos medindo de 1mx1m até 1,50mx0,75m. As esculturas foram feitas em aço com acabamento enferrujado, em fios metálicos e luz em Led (luz pontual), instalada internamente.
"O importante é que possam gerar efeitos de luz e sombra no ambiente. Reconheço as peças como um todo, como uma unidade. É um conjunto de desenhos que foi elaborado conversando entre si. Me sinto privilegiada de poder expor meu trabalho neste espaço do Museu de Congonhas, sem dúvida um local imponente e significativo. Venho trabalhando em projetos de iluminação em Congonhas na intenção de valorizar espaços significativos historicamente para a cidade. Agora, com a exposição, gostaria de sensibilizar um pouco as pessoas da importância da luz e da arte nas nossas vidas, seja na cidade revitalizando espaços significativos, seja em uma escultura trabalhando efeitos de luz, possibilitando que cada pessoa perceba e interprete de forma singular", conclui Sônia Mendes.
Serviço
Museu de Congonhas recebe as exposições "Giovani Fantauzzi: Esculturas" e "Luz e Sombra", de Sônia MS Mendes.
Abertura: dia 13/04 (sábado)
Horário: 10h. Até 04 de agosto de 2019.
Endereço: Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal, 77, Basílica – Congonhas/MG
Funcionamento:
- quinta a domingo e terça-feira das 9h às 17h.
- Quarta-feira das 13h às 21h. Fecha segunda-feira.
Entrada: R$10,00 inteira. R$5,00, meia entrada, para estudantes e visitantes acima de 60anos. Gratuidade para visitantes até 12 anos. Às quartas-feiras a entrada é gratuita.
Mais informações: (31) 3731 6747