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Mineração no entorno do Rola-Moça ameaça abastecimento na Grande BH

23/04/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h33 por Admin


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Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br

A mineração avança no entorno do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, uma das principais áreas verdes de Minas, e ameaça o abastecimento de água na Grande BH. As jazidas de minério de ferro de duas empresas, embargadas pela Justiça no passado, poderão ser exploradas novamente.

Para ambientalistas, a efetivação dos projetos, que incluem até a construção de uma estrada cortando a unidade de conservação, também vai impactar na fauna e flora locais. Já a Mineradora Geral do Brasil (MGB) e a Santa Paulina, responsáveis pelos empreendimentos, garantem que o abastecimento na região não será afetado.

Os processos de licenciamento ambiental das duas minas estão sendo analisados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Porém, em 16 de janeiro, a Santa Paulina conseguiu, nos tribunais, autorização para voltar a funcionar.

“Aquela cava está muito perigosa. Imagina se um carro ou pessoa cai lá. Queremos recompor o terreno e, para isso, temos que minerar” (Geraldo de Magalhães Lopes, gerente da MGB)

Até julho, o grupo Camargos Júnior, responsável pela Santa Paulina, terá que comprovar a regularização das atividades para que os trabalhos sejam retomados em Ibirité. Foi firmado junto ao governo do Estado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

A mina era explorada desde a década de 1940. Em 2009, no entanto, o Ministério Público (MP) embargou a extração de minério no local. O órgão alegou a necessidade de estudos criteriosos para a renovação da licença, já que a legislação ambiental passou por mudanças nos quase 70 anos de atuação do grupo por lá.

Desde então, a mineradora trava uma briga na Justiça para tocar os projetos. A Santa Paulina pretende operar por mais três décadas na região, com a previsão de retirar 960 mil toneladas de minério por ano.

“Além dos riscos de secar mananciais, já que se reduz o lençol freático, a mineração ainda pode causar doenças respiratórias” (Pedro Cardoso Oliveira, Movimento Serra Sempre Viva)

Nascentes

Em jogo está uma área com centenas de nascentes que ajudam no abastecimento de Ibirité, Brumadinho, Casa Branca, Belo Horizonte e outras cidades do entorno.

“O Parque do Rola-Moça foi criado para proteger esses mananciais. Quando as mineradoras atingirem o lençol freático, vão deixar várias comunidades sem água”, afirma o diretor-presidente da ONG Ecoavis, Adriano Gomes Peixoto. A organização integra um grupo de ativistas que elaborou abaixo-assinado contra o retorno das atividades das empresas.

1,3 milhão de moradores de BH, Ibirité, Brumadinho e outras cidades da região metropolitana são abastecidos por mananciais do Rola-Moça, segundo o Movimento Serra Sempre Viva

Danos

Ao lado do Mirante dos Veados, em Brumadinho, está a Mina de Casa Branca, da Mineradora Geral do Brasil (MGB). Lá, o MP conseguiu a interdição, em 2001, em razão de danos ambientais gerados sem as devidas compensações ambientais.

Agora, a empresa alega que a cava formada ameaça uma estrada da região e precisa de manutenção. Além disso, tenta autorização para sustentar a estrutura e minerar por seis anos. A previsão é extrair 17 milhões de toneladas. “Só teremos condições de recuperar a área se minerarmos”, garante o gerente da MGB, Geraldo de Magalhães Lopes.