A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) deflagrou, na manhã desta terça-feira (22), a operação “Catira”, em combate a corrupção no sistema penitenciário de Minas Gerais. A investigação apura supostos crimes de peculato e corrupção passiva e ativa por servidores públicos, detentos e familiares.


São cumpridos 12 mandados de busca e apreensão e uma medida cautelar de afastamento de função pública de sete investigados, sendo cinco funcionários do Departamento Penitenciário de Minas Gerais. Eles ocupam cargos de direção no sistema prisional, sendo um diretor regional, um superintendente e diretores de presídios do Estado. 


Conforme informou a Polícia Federal, os investigados teriam utilizado a estrutura da oficina mecânica de um presídio na Região Metropolitana de Belo Horizonte e a mão de obra de presos, que recebiam benefícios indevidos para realizar manutenção em veículos particulares.

É apurada ainda a conduta de um dos detentos investigados, alvo de uma operação da Polícia Federal e condenado a cerca de 36 anos de prisão por estupro de vulnerável e pornografia infantil.

“Tal detento teria sido favorecido por um dos policiais penais que ocupam cargo de direção, com o acesso à internet e a diversos itens e dispositivos eletrônicos não permitidos em ambiente prisional, após ter sido designado para trabalhar no setor de tecnologia, mecânica e eletrônica da unidade prisional. Ainda pesa contra esse detento a suspeita de que teria pago e entregue vantagens indevidas (como equipamentos eletrônicos e serviços relacionados a informática) a servidores públicos do sistema prisional”, informou a corporação.


Os autos tramitam em segredo de Justiça e o acesso é restrito ao Juízo, Polícia Judiciária, Ministério Público e partes envolvidas. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou, por meio de nota, que a operação contou com o apoio do Departamento Penitenciário e que um posicionamento será dado em coletiva de imprensa realizada na sede da Polícia Federal. 

O termo “catira” é uma expressão regional que significa troca. No contexto da investigação, refere-se a troca de mão de obra de presos e de outras vantagens ilícitas, visando à obtenção de benefícios indevidos.