Em mais de cinco meses de proliferação no Brasil, o novo coronavírus (causador da Covid-19) já chegou a 97% dos municípios de Minas Gerais. Porém, em algumas cidades, a incidência do patógeno avançou de modo descontrolado, atingindo uma maior parcela da população. Dados do último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesta quinta-feira (20) revelam que 128 localidades do Estado ultrapassaram a barreira de ao menos um caso a cada cem habitantes.
Santana do Paraíso, no Vale do Aço, lidera esse ranking. A cidade de 34.663 habitantes tem 1.730 casos de Covid-19 registrados no boletim. Ou seja, 4,9% da população já haviam sido infectados até ontem, de acordo com os números oficiais. O município foi duramente impactado pelo avanço do vírus na região, que chegou a ter dados alarmantes entre junho e julho deste mês.
CONTROLE
Vale ressaltar que esse índice revela o impacto da Covid-19 em uma população desde o início da proliferação do contágio. Assim, a alta incidência não significa necessariamente que o vírus continua avançando em determinado município.
O melhor exemplo disso é a pequena Bandeira, no Vale do Jequitinhonha. A cidade ocupou o posto de município com a maior incidência do novo coronavírus em todo o Estado durante 26 dias (4,1%), mas não registra um novo caso há mais de um mês e caiu hoje da segunda para a terceira posição na lista.
A cidade de menos de 5.000 habitantes confirmou 198 casos e um óbito causado pela doença entre os meses de junho e julho, após um surto registrado em funcionários de uma empresa que fazia obras na região. A prefeitura tomou medidas emergenciais, e o contágio regrediu até ser controlado.
CIDADES MAIS POPULOSAS
A grande preocupação está nas cidades mais populosas. É o caso de Ipatinga, no Vale do Aço, que teve 2,58% dos pouco mais de 263 mil moradores infectados e amarga atualmente o 14º posto no ranking. Coronel Fabriciano, com a qual faz limite, registrou o novo coronavírus em 2,32% dos pouco mais de 100 mil habitantes.
Município com mais casos confirmados até o momento (29.690), a capital Belo Horizonte também já ultrapassou a marca de um contaminado a cada cem moradores, com uma incidência de 1,18% sobre a população de mais de 2,5 milhões de pessoas.
Uberlândia, no Triângulo Mineiro, é a segunda cidade com mais diagnósticos positivos e também aparece nessa lista, com 16.999 moradores infectados (2,45% da população).
TERMÔMETRO DA COVID
O aumento ou regressão da Covid-19 em Minas no momento atual pode ser observado no Termômetro da Covid (veja abaixo) O gráfico interativo mostra a evolução da média móvel de óbitos e casos acumulados nos últimos sete dias e tem como parâmetro de comparação os mesmos dados registrados há duas semanas.
Se a média de hoje superar em mais de 15% o valor de duas semanas atrás, então a situação observada é de crescimento. No outro oposto, uma redução superior a 15% representa desaceleração. Se a variação for de até 15% para mais ou para menos, considera-se que a média se encontra em um nível de estabilidade.
O uso da média de sete dias se justifica pela grande oscilação nas notificações entre os diferentes dias da semana. Ela fica muito clara quando se observa a queda durante fins de semana e feriados, por exemplo. A média móvel ajuda a “dissolver” essas diferenças e mostra tendências mais consistentes.
Já a janela de duas semanas para comparação se explica pelo tempo médio de ação do vírus e pela demora no processamento de exames e na divulgação dos resultados nos sistemas oficiais utilizados pela Secretaria de Estado de Saúde e pelo Ministério da Saúde.
Esta é a mesma metodologia utilizada, por exemplo, pelo jornal “The New York Times”.
Os dados são provenientes dos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e se referem aos municípios de residência dos pacientes. Isso explica eventuais números negativos, uma vez que os casos podem ser revisados ou “transferidos” de cidade.