Considerada a única cordilheira do Brasil, a Serra do Espinhaço ganhou, em 2023, status de destino turístico oficial em Minas Gerais. A “Cordilheira do Espinhaço” abrange cinco municípios das regiões Norte e Jequitinhonha, sendo reconhecida como Reserva da Biosfera pela Unesco, e pretende se tornar referência nacional em ecoturismo. A rota, com cerca de mil quilômetros de extensão, inclui duas unidades de conservação estaduais: os parques de Grão Mogol e Botumirim. As duas áreas de proteção contam com inúmeros atrativos e roteiros turísticos, entre cânions, lagos, cachoeiras, trilhas, mirantes e paisagens naturais.

O novo destino ecoturístico é uma iniciativa do Governo de Minas com o Sebrae, a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) e o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, além das prefeituras dos municípios de Grão-Mogol, Itacambira, Caçaratiba (distrito de Turmalina), Cristália e Botumirim.

A cadeia de montanhas e vales do Espinhaço, segunda maior da América Latina, vai de Ouro Branco, região Central de Minas, até a Chapada Diamantina, na Bahia, alcançando 179 municípios nos dois estados, em uma área de transição dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.

Um dos articuladores locais do projeto, o secretário municipal de turismo de Grão Mogol, Ítalo Oliveira, destaca o potencial histórico da região para o turismo. “As possibilidades de ecoturismo e turismo de aventura no trajeto são enormes, mas ainda não havia sido feito um esforço articulado entre poder público e setor produtivo para o desenvolvimento de um produto turístico específico”, salienta o secretário.

Oliveira ressalta ainda que o trajeto definido inclui roteiros voltados ao cicloturismo, caminhadas, trilhas e observação de aves, que já ocupam papel de destaque entre os visitantes da cordilheira. “A meta é incluir os demais municípios alcançados pela mesma formação geológica ao longo dos próximos anos”, acrescenta.

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IEF / Divulgação

 

Botumirim

Entre os atrativos mais visitados do circuito, está a observação de aves, também conhecida como “birdwatching”. Nos últimos dois anos, a região recebeu turistas de 35 países para atividades relacionadas à prática, com destaque para a observação da rolinha-do-planalto, considerada uma das dez aves mais raras do mundo. O pássaro mantém no Parque Estadual de Botumirim um de seus últimos refúgios naturais.

A unidade de conservação, administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) possui, em seus quase 36 mil hectares de área, espécies endêmicas da fauna e flora locais, algumas delas ameaçadas de extinção, como a própria rolinha-do-planalto (Columbina Cyanopis), classificada como “criticamente em perigo” pela IUCN Red List, lista global das espécies em risco de extinção. O parque integra atualmente o Programa Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies), mantido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

“A observação de aves no parque deve ser agendada e feita com guias da região, pois as aves estão inseridas em uma reserva da Save Brasil existente dentro da UC”, lembra o gerente do Parque Estadual de Botumirim, Washington Ramos. A Save Brasil é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) que atua em nove estados brasileiros com ações de conservação da biodiversidade.

Outra atração bastante visitada pelos turistas que vão ao parque é o Balneário Rio do Peixe. O local abriga uma “praia” de areia branca e límpida, rodeada por paredões de pedra, além de um complexo de pequenas quedas d’água que desemboca em poços ferruginosos, excelentes para o banho. A entrada é gratuita e o balneário está aberto todos os dias da semana.

Grão Mogol

O Parque Estadual de Grão Mogol, também inserido na rota da “Cordilheira do Espinhaço”, tem nas trilhas e cachoeiras seus principais atrativos naturais. Com destaque para a Trilha do Barão e Cachoeira Véu das Noivas, entre outras paisagens naturais mantidas dentro dos 28 mil hectares da unidade de conservação administrada pelo IEF.

Na Trilha do Barão, o visitante tem acesso a uma das trilhas históricas mais preservadas do estado. O caminho, construído por escravos durante o período colonial, conta com pavimentação em cantarias (pedras irregulares), margeadas por muros de arrimo em rocha. Boa parte do trajeto tem uma vegetação rasteira em decorrência da altitude, tornando o local com boa ventilação.

Já a Cachoeira Véu das Noivas conta com uma queda d’água de aproximadamente 34 metros. A paisagem é constituída por formações rochosas e vegetação de campo rupestre, possui águas de cor escura em função da composição mineral. O ambiente favorece a apreciação de cenário naturais de rara beleza, formados por quedas d’água, rios, pedras, vegetação de mata ciliar, campos rupestres, cactos e flores típicas da Cerrado.

“As condições de acesso aos atrativos estão em constante manutenção para receber os visitantes. Pretendemos concluir o plano de manejo e uso público do parque até o final do próximo ano, o que irá otimizar nossa capacidade de receber os turistas que chegarão à UC a partir do projeto Cordilheira do Espinhaço”, conta a gerente do parque, Débora Mendes.

A entrada para visitação ao Parque Estadual de Grão Mogol é gratuita, mediante agendamento.