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“É uma conquista e uma esperança para a nova geração dos povos ciganos, porque a maioria de nós, especialmente os mais velhos, é analfabeta. Hoje, já temos crianças e adolescentes na escola. Queremos ter, futuramente, doutores, professores, advogados ciganos, que possam nos representar em todas as instâncias”, afirma a vice-diretora da associação, Valdinalva Barbosa dos Santos Caldas. Ao todo, 2% das oportunidades ofertadas pela estadual são destinadas ao grupo, outras 3% são reservadas para quilombolas.
A próxima seleção para os cursos superiores da Uemg ocorrerá, pela primeira vez, totalmente via Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A estudante da etnia cigana Calon Mariana Santos Alves Pires, de 18 anos, já está se preparando para as provas e quer cursar Direito ou Enfermagem. Depois de ver o acampamento em que morava, em Contagem, na Região Metropolitana, ser desfeito, ela se mudou com os pais para a casa da avó, em Ribeirão das Neves.
Crédito: Pedro Gontijo/Imprensa MG
Aluna do terceiro ano, Mariana diz que é uma das poucas ciganas do grupo que chegou até o fim do ensino médio. O principal motivo para que os jovens deixem a escola, segundo a estudante, é o preconceito da comunidade.
“Sempre fomos muito criticados porque as pessoas não conhecem nossa cultura e acabam nos excluindo. Mas não desisti, estou prestes a entrar na faculdade e fico muito feliz de pensar em ver mais ciganos nas salas de aula”, afirma.
Invisibilizados
Nas políticas públicas brasileiras, os ciganos não tiveram a mesma trajetória de reconhecimento que outros povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, explica a antropóloga e pesquisadora da UFMG, Juliana Campos. Ela lembra que o grupo passou muito tempo invisibilizado e que iniciativas como as cotas para ingresso na universidade são essenciais para garantir direitos básicos a essa população.
“A reserva de vagas da Uemg é crucial e pioneira em Minas Gerais e deve servir como modelo para outras instituições de ensino. É uma forma de reparar historicamente o modo discriminatório como os ciganos sempre foram tratados. Temos uma deficiência tão grande em todo o país, muitos não estão inseridos nem na educação básica e são analfabetos, infelizmente”, diz a pesquisadora, ressaltando que o cenário pode mudar a partir de políticas de inclusão destinadas aos jovens.
Relator da proposta no Conselho Universitário, o pró-reitor de Extensão da Uemg, Moacyr Laterza Filho reforça que a instituição pública tem o dever de acolher comunidades ciganas e quilombolas, que possuem tradições culturais específicas, pautadas na oralidade. “Se eles demonstraram interesse pela formação superior é mais do que importante voltar nossos olhares e garantir as vagas, a partir da valorização da diversidade”, afirma.
Reserva
A Uemg tem 20 unidades espalhadas pelo estado, sendo cinco na capital e outras 15 no interior. A reserva de oportunidades foi feita a partir de um pedido da associação, por intermédio da Sedese. Em resposta, a entidade enviou uma carta de agradecimento à universidade. "Com a deliberação, hoje sentimos que a universidade está abrindo as portas para a evolução social, econômica e cultural dos povos ciganos", diz o documento, que pode ser visto na íntegra neste link.
Quem são os ciganos
O primeiro registro da chegada de ciganos no Brasil data de 1562. Hoje, há três principais grupos no país: os Calon, os Rom e os Sinti. Parte deles vive de maneira itinerante, em acampamentos montados nas cidades, e tem como fonte de renda o comércio. Mas também é possível encontrar ciganos em outras atividades e em residências fixas.
Cartilha sobre cuidados específicos com os povos ciganos, produzida pelo Ministério da Saúde, em 2016, mostra que Minas Gerais é um dos estados com maior concentração de famílias nômades. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, há acampamentos na capital, em Ibirité, Nova Lima, Contagem e Betim.
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“É uma conquista e uma esperança para a nova geração dos povos ciganos, porque a maioria de nós, especialmente os mais velhos, é analfabeta. Hoje, já temos crianças e adolescentes na escola. Queremos ter, futuramente, doutores, professores, advogados ciganos, que possam nos representar em todas as instâncias”, afirma a vice-diretora da associação, Valdinalva Barbosa dos Santos Caldas. Ao todo, 2% das oportunidades ofertadas pela estadual são destinadas ao grupo, outras 3% são reservadas para quilombolas.
A próxima seleção para os cursos superiores da Uemg ocorrerá, pela primeira vez, totalmente via Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A estudante da etnia cigana Calon Mariana Santos Alves Pires, de 18 anos, já está se preparando para as provas e quer cursar Direito ou Enfermagem. Depois de ver o acampamento em que morava, em Contagem, na Região Metropolitana, ser desfeito, ela se mudou com os pais para a casa da avó, em Ribeirão das Neves.
Crédito: Pedro Gontijo/Imprensa MG
Aluna do terceiro ano, Mariana diz que é uma das poucas ciganas do grupo que chegou até o fim do ensino médio. O principal motivo para que os jovens deixem a escola, segundo a estudante, é o preconceito da comunidade.
“Sempre fomos muito criticados porque as pessoas não conhecem nossa cultura e acabam nos excluindo. Mas não desisti, estou prestes a entrar na faculdade e fico muito feliz de pensar em ver mais ciganos nas salas de aula”, afirma.
Invisibilizados
Nas políticas públicas brasileiras, os ciganos não tiveram a mesma trajetória de reconhecimento que outros povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, explica a antropóloga e pesquisadora da UFMG, Juliana Campos. Ela lembra que o grupo passou muito tempo invisibilizado e que iniciativas como as cotas para ingresso na universidade são essenciais para garantir direitos básicos a essa população.
“A reserva de vagas da Uemg é crucial e pioneira em Minas Gerais e deve servir como modelo para outras instituições de ensino. É uma forma de reparar historicamente o modo discriminatório como os ciganos sempre foram tratados. Temos uma deficiência tão grande em todo o país, muitos não estão inseridos nem na educação básica e são analfabetos, infelizmente”, diz a pesquisadora, ressaltando que o cenário pode mudar a partir de políticas de inclusão destinadas aos jovens.
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Reserva
A Uemg tem 20 unidades espalhadas pelo estado, sendo cinco na capital e outras 15 no interior. A reserva de oportunidades foi feita a partir de um pedido da associação, por intermédio da Sedese. Em resposta, a entidade enviou uma carta de agradecimento à universidade. "Com a deliberação, hoje sentimos que a universidade está abrindo as portas para a evolução social, econômica e cultural dos povos ciganos", diz o documento, que pode ser visto na íntegra neste link.
Quem são os ciganos
O primeiro registro da chegada de ciganos no Brasil data de 1562. Hoje, há três principais grupos no país: os Calon, os Rom e os Sinti. Parte deles vive de maneira itinerante, em acampamentos montados nas cidades, e tem como fonte de renda o comércio. Mas também é possível encontrar ciganos em outras atividades e em residências fixas.
Cartilha sobre cuidados específicos com os povos ciganos, produzida pelo Ministério da Saúde, em 2016, mostra que Minas Gerais é um dos estados com maior concentração de famílias nômades. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, há acampamentos na capital, em Ibirité, Nova Lima, Contagem e Betim.