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Quase mil peixes mortos foram recolhidos na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, em apenas cinco dias. O número deve aumentar, pois os trabalhos seguem na tarde desta quinta-feira (16). O cenário atípico está relacionado à poluição do cartão-postal, agravada pela onda de calor intenso na capital. É o que afirma o médico sanitarista, professor universitário e fundador do Projeto Manuelzão, da UFMG, Apolo Heringer Lisboa.
O especialista alerta ainda para a dimensão da mortalidade e avalia que o número de peixes mortos pode estar subdimensionado. De acordo com a prefeitura de BH (PBH), entre o último domingo (12) e esta quinta-feira (16) foram recolhidos 971 animais.
O processo de decomposição natural da matéria orgânica pelas bactérias nas águas é chamado de eutrofização. No entanto, o professor explica que a poluição, agravada pelo calor, aumenta a atividade das bactérias, que passam a consumir ainda mais o oxigênio disponível na água. O esgotamento do oxigênio na água provoca um desequilíbrio no ecossistema da lagoa.
“No calor, esses trilhões de bactérias, que se reproduzem a cada 20, 30 minutos, trabalham mais para despoluir a lagoa e consomem mais oxigênio. Com a retirada do oxigênio, os peixes que já estão no “CTI” acabam morrendo. O calor é apenas a “gota d’água”, explica o sanitarista.
(Valéria Marques / Hoje em Dia)
Além da morte de peixes e outros organismos na lagoa, o médico alerta também que o aumento de algas na lagoa provoca mau cheiro e pode liberar toxinas nocivas à saúde humana. O risco é ainda maior para pessoas que tentam pescar na lagoa.
“Acho que os peixes estão morrendo por causa desse calor de 40ºC. Nunca tive medo de contaminação, nunca tive nada, só não entro dentro da água. Mas nunca fiz exame pra saber”, conta um aposentado, de 77 anos, que estava na lagoa nesta manhã. Ele pesca por lá há 48 anos.
(Valéria Marques / Hoje em Dia)
Em nota, a PBH afirmou que a morte dos peixes está relacionada ao período recorde de temperaturas máximas, com pouco volume de chuvas, fazendo com que o nível do reservatório da lagoa fique baixo e a diluição de poluentes muito reduzida. “Desta forma, o oxigênio dissolvido na coluna d'água está menor, potencializando a mortandade de peixes e agravando o quadro de eutrofização”, diz trecho da nota.
“Estamos diante de um problema gigantesco e não existe um trabalho sério para a despoluição da lagoa, faltam políticas públicas e boa vontade dos governantes”, conclui o professor universitário.
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Quase mil peixes mortos foram recolhidos na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, em apenas cinco dias. O número deve aumentar, pois os trabalhos seguem na tarde desta quinta-feira (16). O cenário atípico está relacionado à poluição do cartão-postal, agravada pela onda de calor intenso na capital. É o que afirma o médico sanitarista, professor universitário e fundador do Projeto Manuelzão, da UFMG, Apolo Heringer Lisboa.
O especialista alerta ainda para a dimensão da mortalidade e avalia que o número de peixes mortos pode estar subdimensionado. De acordo com a prefeitura de BH (PBH), entre o último domingo (12) e esta quinta-feira (16) foram recolhidos 971 animais.
O processo de decomposição natural da matéria orgânica pelas bactérias nas águas é chamado de eutrofização. No entanto, o professor explica que a poluição, agravada pelo calor, aumenta a atividade das bactérias, que passam a consumir ainda mais o oxigênio disponível na água. O esgotamento do oxigênio na água provoca um desequilíbrio no ecossistema da lagoa.
“No calor, esses trilhões de bactérias, que se reproduzem a cada 20, 30 minutos, trabalham mais para despoluir a lagoa e consomem mais oxigênio. Com a retirada do oxigênio, os peixes que já estão no “CTI” acabam morrendo. O calor é apenas a “gota d’água”, explica o sanitarista.
(Valéria Marques / Hoje em Dia)
Além da morte de peixes e outros organismos na lagoa, o médico alerta também que o aumento de algas na lagoa provoca mau cheiro e pode liberar toxinas nocivas à saúde humana. O risco é ainda maior para pessoas que tentam pescar na lagoa.
“Acho que os peixes estão morrendo por causa desse calor de 40ºC. Nunca tive medo de contaminação, nunca tive nada, só não entro dentro da água. Mas nunca fiz exame pra saber”, conta um aposentado, de 77 anos, que estava na lagoa nesta manhã. Ele pesca por lá há 48 anos.
(Valéria Marques / Hoje em Dia)
Em nota, a PBH afirmou que a morte dos peixes está relacionada ao período recorde de temperaturas máximas, com pouco volume de chuvas, fazendo com que o nível do reservatório da lagoa fique baixo e a diluição de poluentes muito reduzida. “Desta forma, o oxigênio dissolvido na coluna d'água está menor, potencializando a mortandade de peixes e agravando o quadro de eutrofização”, diz trecho da nota.
“Estamos diante de um problema gigantesco e não existe um trabalho sério para a despoluição da lagoa, faltam políticas públicas e boa vontade dos governantes”, conclui o professor universitário.