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"Tenho dó desse boçal. Não passa de um boçaloide", disparou o chefe do Executivo de Belo Horizonte.
Kalil foi questionado sobre a polêmica pela repórter do Estado de Minas, Márcia Maria Cruz. "O que você vai fazer com um cara desse? Não sei quem é e não me interessa. O mundo está se boçalizando", emendou o prefeito da capital.
O painel intitulado Híbrida Ancestral - Guardiã Brasileira, de 1.365m², foi pintado pela artista belo-horizontina Criola em 2018 como parte do festival e retrata uma mulher preta com uma cobra coral e um útero.
A intenção dela era mostrar "um caminho interno de honra às mulheres e seu sangue sagrado, de honra ao povo preto e aos povos originários brasileiros e seus descendentes como legítimos guardiões dos portais da espiritualidade que sustentam o nosso país".
Kalil repercutiu o fato de a ofensiva do condômino ser contra uma arte que representa o povo preto. "Eu sou neto de imigrante, eu sofri segregação. Se eu sou atleticano hoje, é porque os únicos que aceitaram ser amigos da minha avó e do meu avô eram negros. E o que eu vou fazer com um boçal? Com quem acha que eu não posso abrir a parada gay? Desce um disco voador que eu quero ir embora", disse.
O caso
O morador do 9º andar do Edifício Chiquito Lopes, localizado na Rua São Paulo, no Hipercentro de Belo Horizonte, entrou na Justiça contra a obra de arte ainda em 2018. Respondeu na Justiça o síndico do prédio.
Judicialmente, o morador diz que "a arte realizada altera a fachada do prédio, o que não se admite sem a prévia e unânime aprovação dos condôminos em assembleia". Ele pediu, então, a suspensão e o embargo das obras da pintura, alegando ser irregulares.
De acordo com o Cura, entretanto, na época da decisão pela obra, o Conselho Consultivo do Condomínio decidiu pela realização da pintura – foram 54 condôminos a favor e apenas um contra – no caso, o que entrou na justiça. Ainda segundo o comunicado, o morador utilizou a Lei 4.591/1964 para embasar o pedido.
O morador fez um requerimento de urgência na Justiça, que foi negado. Agora, ambas as partes interessadas já enviaram os documentos para a Justiça, que tomará uma decisão.
O Cura está realizando um abaixo-assinado contra a remoção da pintura.
Afinal, o que diz o morador?
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com o morador e com os advogados dele no caso, que não responderam às solicitações.
É um homem branco, de idade avançada. Nas redes sociais, ele comentou sobre o assunto nos comentários de uma foto, quando foi criticado por um belo-horizontino sobre o assunto.
"Trata-se de um processo questionando uma alteração na fachada de um condomínio, decidido sem os critérios previstos pelo aparato legal que rege o assunto. Não tem nada a ver com a obra. Se os requisitos legais tivessem sido cumpridos, não haveria processo", disse.
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Kalil foi questionado sobre a polêmica pela repórter do Estado de Minas, Márcia Maria Cruz. "O que você vai fazer com um cara desse? Não sei quem é e não me interessa. O mundo está se boçalizando", emendou o prefeito da capital.
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A intenção dela era mostrar "um caminho interno de honra às mulheres e seu sangue sagrado, de honra ao povo preto e aos povos originários brasileiros e seus descendentes como legítimos guardiões dos portais da espiritualidade que sustentam o nosso país".
Kalil repercutiu o fato de a ofensiva do condômino ser contra uma arte que representa o povo preto. "Eu sou neto de imigrante, eu sofri segregação. Se eu sou atleticano hoje, é porque os únicos que aceitaram ser amigos da minha avó e do meu avô eram negros. E o que eu vou fazer com um boçal? Com quem acha que eu não posso abrir a parada gay? Desce um disco voador que eu quero ir embora", disse.
O caso
O morador do 9º andar do Edifício Chiquito Lopes, localizado na Rua São Paulo, no Hipercentro de Belo Horizonte, entrou na Justiça contra a obra de arte ainda em 2018. Respondeu na Justiça o síndico do prédio.
Judicialmente, o morador diz que "a arte realizada altera a fachada do prédio, o que não se admite sem a prévia e unânime aprovação dos condôminos em assembleia". Ele pediu, então, a suspensão e o embargo das obras da pintura, alegando ser irregulares.
De acordo com o Cura, entretanto, na época da decisão pela obra, o Conselho Consultivo do Condomínio decidiu pela realização da pintura – foram 54 condôminos a favor e apenas um contra – no caso, o que entrou na justiça. Ainda segundo o comunicado, o morador utilizou a Lei 4.591/1964 para embasar o pedido.
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O Cura está realizando um abaixo-assinado contra a remoção da pintura.
Afinal, o que diz o morador?
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com o morador e com os advogados dele no caso, que não responderam às solicitações.
É um homem branco, de idade avançada. Nas redes sociais, ele comentou sobre o assunto nos comentários de uma foto, quando foi criticado por um belo-horizontino sobre o assunto.
"Trata-se de um processo questionando uma alteração na fachada de um condomínio, decidido sem os critérios previstos pelo aparato legal que rege o assunto. Não tem nada a ver com a obra. Se os requisitos legais tivessem sido cumpridos, não haveria processo", disse.