E Ele voltou com a língua e a tesoura afiadas. O presidente já tentou passar a tesoura em vários setores do governo e elegeu a taxa de juros a ser a bola da vez neste início de mandato. Por algumas vezes Lula tentou emprestar a tesoura para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas ele recusou em um primeiro momento, mas tem ela na mira até o final de 2024 quando termina sua autoridade à frente do BC. Esta semana a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa de juros inalterada em 13,75% na conclusão do evento que terminou no início da noite de quarta-feira.
Acompanhando o Boletim Focus, a nova onda de revisões de menos inflação e mais crescimento tem provocado um movimento positivo sobre os ativos locais. Adicionalmente, a nova redução do preço da gasolina alimenta a expectativa de deflação do IPCA de junho, dando ainda mais argumentos para o Banco Central começar a reduzir a Selic no terceiro trimestre, provavelmente em agosto.
O relatório também indicou que a mediana para a taxa de juros no final do ano caiu para 12,25%. Dos atuais 13,75% isso se traduz em um corte de pelo menos 150 pontos ao longo das quatro reuniões do segundo semestre. Se começarmos em agosto com 25 pontos-base e depois acelerarmos para 50 pontos nos três encontros posteriores, há espaço para encerrarmos o ano em 12% de Selic. Na sequência, a taxa pode cair para algo entre 10% e 9% até o final de 2024.
Vai depender da trajetória da inflação corrente. A votação do arcabouço fiscal na CAE do Senado também é importante. A atual fase do governo Lula é de corte para ajustar as pontas soltas. Antes da pandemia o Brasil convivia com uma taxa anual de juros na faixa de 2%. Com a inflação pandêmica chegamos a esse patamar de 13,75%. Paramos nesse número, mas a pressão para queda é muito grande e ela vai acontecer, só que em uma velocidade muito mais lenta que o presidente Lula quer.