Minas1
sex, 22 de nov de 2024
Horário: 02:17 Hs
Dolar: R$
Euro: R$

BH registra primeiro caso de sarampo contraído dentro da cidade em 22 anos

06/06/2019 18h50 - Atualizado em 06/06/2019 18h55 por Cinthya Oliveira /hojeemdia.com.br


sarampoo.jpgA vacina está disponível nos postos de saúde de BH/ Carlos Bassan/Fotos Públicas /

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou, nesta quinta-feira (6), que um bebê de Belo Horizonte contraiu sarampo dentro da cidade. Este é o primeiro caso autóctone da doença (ou seja, adquirido dentro da cidade onde o paciente reside) na capital mineira desde 1997. Em Minas Gerais, o sarampo não era contraído dentro do Estado desde 1999.

O bebê já havia recebido a primeira dose da vacina contra o sarampo, mas não havia tomado a segunda dose. “Com uma dose, aos 12 meses, a proteção é de 95%, mas para se chegar ao ideal necessário, é preciso tomar a segunda dose aos 15 meses. Até receber as duas doses, o bebê é susceptível à doença”, explicou Luciene Rocha, referência técnica estadual em sarampo da SES-MG. Até o momento, além da criança e de um italiano, outras duas pessoas tiveram casos confirmados de sarampo por meio de exame laboratorial.

De acordo com a especialista, a secretaria trabalha com a hipótese de que o bebê tenha tido algum tipo de contato com este italiano residente em Minas Gerais, que foi o primeiro paciente com diagnóstico confirmado para a doença no Estado. O homem teria circulado bastante por Betim, onde reside, e por Belo Horizonte, antes de ser internado com os sintomas de sarampo.

“Não há como fazer uma relação por vínculo, porque não havia parentesco ou proximidade entre os dois pacientes, mas acreditamos nisso pelo período em que os dois adoeceram”, explica.

Os sintomas do bebê tiveram início no dia 12 de fevereiro e ele se recuperou bem da doença. O caso só foi divulgado em junho porque somente agora chegou a confirmação laboratorial. De acordo Luciene, um primeiro exame é feito na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, e o segundo no Laboratório de Referência Nacional – Fiocruz, no Rio de Janeiro.

A SES informou que foi realizado bloqueio vacinal no quarteirão de residência do bebê, na comunidade escolar em que estava matriculado (uma Emei) e nos familiares.

De acordo com a SES-MG, este ano foram registradas 137 notificações para o sarampo, mas 95 casos já foram descartados por exames. Segundo Luciene, isso acontece porque os sintomas do sarampo são parecidos com de outras doenças, como a dengue – responsável por 372.153 notificações em Minas neste ano. De acordo com o Ministério da Saúde, foram confirmados 92 casos em todo o país. 

Segundo Luciene, as notificações se referem a todas as faixas etárias. Mas o sarampo é mais perigoso para os bebês no primeiro ano de vida. Eles recebem anticorpos das mães durante a amamentação, mas isso pode não ser suficiente caso os bebês tenham contato com o vírus. 

Vacina

Minas Gerais deve estar atenta à chegada do sarampo ao Estado, já que a cobertura vacinal para a doença está longe do ideal. Cerca de 74% da população mineira tomou apenas uma dose, enquanto apenas 41,43% já tomou as duas doses necessárias para garantir a imunidade. O ideal é que a cobertura seja de 95%. A primeira dose é dada aos 12 meses e a segunda, aos 15 meses de idade. 

De acordo com Luciene, todas as pessoas devem conferir o cartão de vacina. Caso não haja comprovação de duas doses, deve-se procurar um posto de saúde para se imunizar. Se a pessoa não estiver com o cartão de vacina e está em dúvida se tomou ou não as duas doses, não precisa ficar com medo de, eventualmente, acabar tomando uma terceira dose. Isso não vai fazer mal a ela.

“A vacina está disponível na rede pública e não está em falta. Há casos de pessoas que tomaram mais de duas doses porque houve campanhas de vacinação no passado. O importante é que, se a pessoa não tiver a confirmação da vacina, que procure um posto de saúde”, recomenda.

Transmissão

A transmissão do sarampo ocorre de pessoa para pessoa por meio de secreções presentes na fala, tosse, espirros ou até mesmo respiração. Na presença de pessoas não imunizadas ou que nunca tiveram a doença, ela pode se manter em níveis endêmicos, produzindo epidemias recorrentes.

Os sintomas incluem tosse, coriza, rinorréia (rinite aguda), conjuntivite (olhos avermelhados), fotofobia (aversão à luz) e manchas de koplik (pequenos pontos esbranquiçados presentes na mucosa oral). A evolução da doença pode originar complicações infecciosas como amigdalites (mais comum em adultos), otites (mais comum em crianças), sinusites, encefalites e pneumonia, que podem levar a óbito. As complicações frequentemente acometem crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

A SES lembra que o sarampo é uma doença viral, infecciosa aguda, grave, transmissível, altamente contagiosa e comum na infância. A doença começa inicialmente com febre, exantema (manchas avermelhadas que se distribuem de forma homogênea pelo corpo), sintomas respiratórios e oculares.

O primeiro caso confirmado, importado, refere-se a um italiano, morador de Betim, com histórico de viagem recente à Croácia e à Itália nos meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019. As ações de bloqueio vacinal e pesquisa diagnóstica foram oportunamente realizadas pelas equipes das vigilâncias locais.