Passado o colapso do sistema de saúde, entre março e abril, a reabertura gradual das atividades em Belo Horizonte, avanço da vacinação e o retorno às aulas já fazem do mês de agosto o de maior movimentação de pessoas na capital mineira dentro da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Pela primeira vez, as tendências de deslocamentos a locais de trabalho ficaram acima dos índices pré-pandêmicos, registrando crescimento médio de 3,1% entre 1º e 8 de agosto (confira o quadro) em relação às médias de fevereiro e março de 2020 antes das medidas de isolamento. No auge das internações, em abril, esse indicador despencou 20,5%, ou seja, mais de um quinto dos deslocamentos profissionais cessaram. Em Minas Gerais e nas maiores cidades da Grande BH, como Contagem, Betim e Nova Lima, há outras tendências de circulação.

É o que mostra o Google COVID-19 Community Mobility Reports, um compilado de boletins de sistemas de mapeamento, pesquisas, permanência e deslocamento da empresa norte-americana, organizado para auxiliar governos e instituições em políticas preventivas contra a pandemia. 
 
Os únicos indicadores que se mantiveram acima do verificado antes da pandemia do novo coronavírus foram os deslocamentos a mercados, armazéns de alimentos, feiras, lojas especializadas em alimentos, drogarias e farmácias. Mais uma vez agosto apresentou o melhor desempenho nesses segmentos de primeira necessidade, principalmente durante a crise sanitária, com alta de 44,8%. Em seguida, os belo-horizontinos se organizaram mais para circular a endereços residenciais que podem ser próprios, de parentes ou para outros motivos, chegando a alta de 9% em agosto e de 15% em abril.

Outro indicador que demonstra um retorno mais intenso das atividades é a tendência de deslocamentos para estações de transporte público, como terminais de integração, estações de metrô, ônibus e trem. Esse volume ficou apenas 0,2% abaixo do esperado em tempos livres da COVID-19 e pode ser atrelado a mais atividades econômicas e aulas.

Quem continua sofrendo é o comércio. A circulação a estabelecimentos varejistas e de lazer, como restaurantes, cafés, shopping centers, parques temáticos, museus, bibliotecas e cinemas foi negativa durante toda a crise sanitária, chegando a encolher 50,8% em abril nos tempos mais duros da pandemia. Contudo, o indicador também está melhor em agosto, chegando a 19,2% menos movimento que antes de março de 2020, início dos fechamentos.

A busca por atividades ao ar livre, onde a propagação do vírus não é tão intensa quanto em locais confinados, respeitados o distanciamento e a não aglomeração, também apresentou o melhor desempenho desde o início da pandemia. Em abril, parques locais e nacionais, praias públicas, marinas, parques para cães, praças e jardins públicos enfrentaram a maior retração de destinos, encolhendo 51,8% nas tendências de deslocamento. Agosto já apresenta a melhor recuperação, ainda com índices mais baixos que o normal, na casa de -11,8%.

De acordo com o Google, estes conjuntos de dados mostram como as visitas e o tempo de permanência em locais diferentes mudam em comparação com um valor base. “Calculamos essas alterações com o mesmo tipo de dados agregados e anônimos que são usados para mostrar horários de pico no Google Maps. Incluímos categorias que são úteis para as ações de distanciamento social e para o acesso a serviços essenciais. Calculamos esses insights (tendências) com base nos dados dos usuários que ativaram o histórico de localização na conta do Google. Portanto, esses dados representam uma amostra dos nossos usuários (...) que podem ou não representar o comportamento exato da população”.

A empresa frisa que nenhuma informação particular dos usuários será divulgada. “Esses relatórios foram desenvolvidos para dar informações úteis sem deixar de obedecer aos nossos protocolos rigorosos de privacidade e proteger os dados das pessoas. Jamais são disponibilizadas informações (...) de indivíduos”.

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“Corrida” ao varejo essencial

Os relatórios do Google COVID-19 Community Mobility Reports também analisam as tendências de 26 de junho a 7 de agosto. No caso de BH, as idas aos mercados e farmácias dispararam 57% e os destinos a trabalho 14% no período. Totalizando os dados do estado, os mineiros nesse período incrementaram suas idas a farmácias, mercados e armazéns em 66% acima do anterior ao novo coronavírus, enquanto a procura pelos parques, praças e espaços de lazer ao ar livre se ampliaram em 12%. A procura por transporte subiu 14%, os endereços profissionais 15% e os residenciais 4%. O setor do varejo não variou, ficando em 0%.

Em Betim, alguns números chamam a atenção pelo volume expressivo. A busca pelo transporte público se ampliou 93% dentro do período, a ida a mercados e farmácias subiu 85% enquanto a busca por endereços profissionais se elevou 28%. Na vizinha Contagem os números também foram altos, com destaque para mercados e farmácias (64%), transporte público (45%) e trabalho (21%).

Outro dado que chama a atenção é referente a Nova Lima, município conurbado a BH e que é conhecido por suas atrações naturais, parques, cachoeiras e trilhas. O impacto da pandemia nesse período fez a procura por esses espaços despencar 39%. Contudo, se ampliaram os deslocamentos por farmácias (57%) e transporte público (52%).