Segundo documento, réu pode pedir a progressão de pena a partir de 24 de novembro; há uma semana, Justiça negou recursos da defesa

Por Régis Melo, Varginha, MG

G1

Após ter o atestado de pena atualizado, o goleiro Bruno pode deixar a prisão ainda em 2018. De acordo com o documento, emitido nesta sexta-feira (2), o réu poderia pedir a progressão de pena para o regime semiaberto a partir do dia 24 de novembro.

Bruno Fernandes está no presídio de Varginha, no Sul de Minas Gerais, desde abril de 2017. O goleiro foi preso em 2010 e condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samúdio e por sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Ele também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, já que o crime prescreveu.

A progressão, no entanto, ainda deve ser recalculada removendo 42 dias de remissão da conta. A medida vai ser tomada após o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) atender a um recurso do Ministério Público que contestava parte do período trabalhado na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) de Santa Luzia. Procurado pelo G1, o advogado Fábio Gama, que defende o goleiro, afirmou que já recorreu da decisão.

A revisão é necessária também porque o atestado mais recente ainda não engloba o período de trabalho após o dia 30 de setembro de 2017. Ou seja, Bruno já tem direito a mais dias de remissão, uma vez que continuou trabalhando no Núcleo de Capacitação para Paz (Nucap), em Varginha, após essa data - o que deve manter a data permitida para a progressão de pena ainda no 2º semestre de 2018.

O que Bruno precisa:

Para conseguir o direito à progressão de pena para o regime semiaberto, Bruno precisa ter cumprido:

  • 2/5 da pena por homícidio triplamente qualificado (17 anos e 6 meses) de Eliza Samúdio: 7 anos
  • 1/6 da pena por sequestro sequestro e cárcere privado do filho Bruninho (3 anos e 3 meses): 6 meses e 15 dias
  • total: 7 anos, 6 meses e 15 dias

O que mostra o atestado:

Segundo a contagem de tempo, Bruno já tem:

  • tempo preso: 5 anos, 8 meses e 2 dias
  • tempo remido: 609 dias

Essa contagem de tempo não leva em consideração todo o tempo em que Bruno ficou preso antes de 2 de abril de 2013, quando o réu cometeu uma falta grave na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG). A punição é válida para o cálculo de progressão de pena e não afeta o tempo total a ser cumprido - que segundo o atestado seria concluído em 06 de julho de 2031.

Absolvição de falta grave

O único período em que Bruno não ficou trabalhando no Nucap, desde que conseguiu o direto ao trabalho externo em Varginha, aconteceu justamente na última semana. Após uma discussão com um guarda no Presídio de Varginha, o réu foi punido com uma falta grave, que poderia acarretar em um grande prejuízo para a obtenção da progressão de pena.

Com base nesta punição, o juiz da 1ª Vara Criminal e Execução Penal de Varginha, Tarciso Moreira de Souza, havia suspendido o direito de Bruno ao trabalho externo. A decisão foi expedida no dia 29 de janeiro. No entanto, o goleiro foi absolvido da falta e, posteriormente, teve o direito ao trabalho no núcleo reestabelecido. Ele voltou a trabalhar no local nesta segunda-feira (5).

Bruno faz trabalho externo no Nucap, em Varginha (Foto: Reprodução/EPTV)

Bruno faz trabalho externo no Nucap, em Varginha (Foto: Reprodução/EPTV)

Recursos negados

Essa, no entanto, foi a única boa notícia vinda dos tribunais para o goleiro na última semana. Na mesma decisão, o juiz negou três recursos apresentados pela defesa de Bruno:

  • pedido de revisão da falta grave cometida em Contagem: porque já houve julgamento anterior e indeferimento do recurso.
  • pedido de revisão de atestado de pena: porque as remissões "encontram-se devidamente registradas", não cabendo espaço para discrepância.
  • pedido de autorização para jogar pelo Boa Esporte: por "inviabilidade prática", porque o Estado teria de dispor de um agente de segurança somente para acompanhar o goleiro.

O advogado Fábio Gama se disse "indignado com a decisão" e informou que recorreu com embargos declaratórios e que espera uma revisão da decisão. "Esperamos que essa decisão possa ser revista ainda aqui em Varginha", completou.

Fábio Gama, advogado do goleiro Bruno, se disse indignado com decisão da Justiça (Foto: Régis Melo)

Fábio Gama, advogado do goleiro Bruno, se disse indignado com decisão da Justiça (Foto: Régis Melo)