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As informações foram obtidas em primeira mão por O NORTE, até aqui mantidas debaixo de sete chaves por motivos óbvios: é que os números precisos, exatos, com classificação e detalhamento de cada gruta, dependem de divulgação futura por parte da mineradora Vale e do próprio Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra todos os parques nacionais e faz o mapeamento e o registro das cavernas brasileiras.
Por outro lado, as fontes, com assento no conselho consultivo do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, não deixam dúvidas da veracidade acerca do tamanho do feito.
O outro ouro de Minas
As informações foram obtidas por O NORTE em janeiro de 2023, três meses antes de chegar à imprensa nacional a notícia de que em 2022 foram encontradas e registradas quase 800 cavernas no Brasil. Portanto, os dados a serem oficializados valorizam ainda mais essas cavidades esculpidas pela água durante milhares de anos. As quase mil novas cavernas, não contabilizadas no levantamento amplamente divulgado, têm enorme significado, já que ao todo são 23 mil cavernas conhecidas no Brasil. Por isso, não é difícil entender a lacuna entre as descobertas científicas e sua revelação ao grande público.
Basta lembrar que, desde à sua criação em 1999, até hoje muitos dos roteiros conhecidos não foram abertos ao grande público, somente às pesquisas, em face aos cuidados e proteção que demandam a abertura dessas trilhas diante de sua importância científica. Esse é o caso, por exemplo, dos sítios arqueológicos Piolho do Urubu e do Vale dos Sonhos.
Para se ter uma ideia do que representam as descobertas, publicações apontam que a primeira referência de cavernas no Vale do Peruaçu data de 1736, em carta do Governador Pina de Proença ao Rei de Portugal. Aos olhos do mundo, ainda assim, toda essa riqueza natural permaneceu oculta até 1875, quando o inglês James Wells citou em suas publicações as serras da região.
Contudo, a grandiosidade das formações cársticas do Peruaçu e região foi reconhecida somente em 1939 pelo governo de Minas Gerais, embora todo esse patrimônio da humanidade só em 1975 tenha sido apresentado à comunidade espeleológica mundial, durante o X Encontro Nacional de Espeleologia. Desde então, pela quantidade e relevância de suas cavidades, nos meios científicos o Vale do Peruaçu passou a ser conhecido como “o outro ouro de Minas”.
Grande extensão territorial
E o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, com 56.448 hectares, não é somente uma das maiores unidades de conservação do Brasil. Sempre esteve no centro das atenções da Sociedade Brasileira de Espeleologia, por reunir 80 sítios arqueológicos e mais de 180 cavernas catalogados e registrados em três municípios: Januária, Itacarambi e São João das Missões. Tudo, com notório valor universal do ponto de vista histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico.
Apesar do material já conhecido, há muito o que se pesquisar ainda, tanto no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, um dos maiores do Brasil, com 564 km2 (56.448 hectares), como em seu entorno. Para se ter uma ideia, a Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu tem 143.355 hectares e o Parque Estadual Veredas do Peruaçu 31.226, totalizando 231.029 hectares, ou, 2.310 km2, maior que Mongólia, 1.564 km2,
O processo de prospecção patrocinado pela Vale S.A, por exemplo, foi feito quase todo no lado direito do Peruaçu, em termos territoriais, sua menor porção. Os recursos investidos em função de Termos de Compensação Ambiental, permitiu, portanto estudos de pouco mais de metade da parte esquerda e a documentação dessas quase mil cavernas.
“Mil cavernas em um só parque, já se comenta no mundo da espeleologia - até que se prove o contrário - trata-se da maior concentração de cavernas em uma única unidade de conservação do planeta”, revela a fonte, lembrando que as descobertas apontaram cavidades pequenas, médias e grandes. Por fim, adianta que “igualmente importante é que, diante desses resultados, estariam sendo acertados os detalhes para fazer minucioso levantamento da outra metade da parte esquerda do Peruaçu”.
Descoberta agrega valor ao Peruaçu
Não é à toa que o Peruaçu esteja sempre na ordem do dia quando o assunto é caverna, pois está em região com o maior número de formações geológicas rochosas no Brasil, ou seja, mais de 11 mil das 23 mil em todo o país. Seu protagonismo no cenário nacional se deve, principalmente, a seus diferentes tipos de terrenos susceptíveis à formação desses vazios naturais do solo.
“Não me surpreende que tenham sido encontradas algumas centenas de cavernas na região do Vale do Peruaçu porque realmente é um carste (tipo de relevo geológico) muito promissor, de enorme potencial espeleológi-co”. Desse modo reagiu Vanessa Veloso Barbosa, especialista em gestão ambiental e ecologia, mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), diante da informação do descobrimento de centenas de novas cavernas no Peruaçu.
A consultora ambiental vai além e aposta que, por ser Januária uma região de enorme riqueza geológica “ali serão encontradas ainda outras centenas de cavernas, é só intensificar os estudos, vasculhar melhor. Por exemplo, há um tempo atrás fizemos trabalho em área de prospecção de quatrocentos e poucos hectares e registramos 88 cavernas, não na área do parque, mas em Januária, dentro da mesma formação geomorfológica”.
Ainda segundo Barbosa, a descoberta das novas vai aumentar ainda mais a importância do parque, “até porque é possível que tenham vestígios arqueológicos, que é muito comum na região até mesmo pela proximidade com o Rio São Francisco, então temos a questão hidrológi-ca, que é igualmente relevante no carste, sobretudo numa região de semiárido como a nossa, ou seja dentro ou fora do parque, essas novas grudas agregam maior valor.”
Fonte:onorte.net
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Por outro lado, as fontes, com assento no conselho consultivo do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, não deixam dúvidas da veracidade acerca do tamanho do feito.
O outro ouro de Minas
As informações foram obtidas por O NORTE em janeiro de 2023, três meses antes de chegar à imprensa nacional a notícia de que em 2022 foram encontradas e registradas quase 800 cavernas no Brasil. Portanto, os dados a serem oficializados valorizam ainda mais essas cavidades esculpidas pela água durante milhares de anos. As quase mil novas cavernas, não contabilizadas no levantamento amplamente divulgado, têm enorme significado, já que ao todo são 23 mil cavernas conhecidas no Brasil. Por isso, não é difícil entender a lacuna entre as descobertas científicas e sua revelação ao grande público.
Basta lembrar que, desde à sua criação em 1999, até hoje muitos dos roteiros conhecidos não foram abertos ao grande público, somente às pesquisas, em face aos cuidados e proteção que demandam a abertura dessas trilhas diante de sua importância científica. Esse é o caso, por exemplo, dos sítios arqueológicos Piolho do Urubu e do Vale dos Sonhos.
Para se ter uma ideia do que representam as descobertas, publicações apontam que a primeira referência de cavernas no Vale do Peruaçu data de 1736, em carta do Governador Pina de Proença ao Rei de Portugal. Aos olhos do mundo, ainda assim, toda essa riqueza natural permaneceu oculta até 1875, quando o inglês James Wells citou em suas publicações as serras da região.
Contudo, a grandiosidade das formações cársticas do Peruaçu e região foi reconhecida somente em 1939 pelo governo de Minas Gerais, embora todo esse patrimônio da humanidade só em 1975 tenha sido apresentado à comunidade espeleológica mundial, durante o X Encontro Nacional de Espeleologia. Desde então, pela quantidade e relevância de suas cavidades, nos meios científicos o Vale do Peruaçu passou a ser conhecido como “o outro ouro de Minas”.
Grande extensão territorial
E o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, com 56.448 hectares, não é somente uma das maiores unidades de conservação do Brasil. Sempre esteve no centro das atenções da Sociedade Brasileira de Espeleologia, por reunir 80 sítios arqueológicos e mais de 180 cavernas catalogados e registrados em três municípios: Januária, Itacarambi e São João das Missões. Tudo, com notório valor universal do ponto de vista histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico.
Apesar do material já conhecido, há muito o que se pesquisar ainda, tanto no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, um dos maiores do Brasil, com 564 km2 (56.448 hectares), como em seu entorno. Para se ter uma ideia, a Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu tem 143.355 hectares e o Parque Estadual Veredas do Peruaçu 31.226, totalizando 231.029 hectares, ou, 2.310 km2, maior que Mongólia, 1.564 km2,
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Descoberta agrega valor ao Peruaçu
Não é à toa que o Peruaçu esteja sempre na ordem do dia quando o assunto é caverna, pois está em região com o maior número de formações geológicas rochosas no Brasil, ou seja, mais de 11 mil das 23 mil em todo o país. Seu protagonismo no cenário nacional se deve, principalmente, a seus diferentes tipos de terrenos susceptíveis à formação desses vazios naturais do solo.
“Não me surpreende que tenham sido encontradas algumas centenas de cavernas na região do Vale do Peruaçu porque realmente é um carste (tipo de relevo geológico) muito promissor, de enorme potencial espeleológi-co”. Desse modo reagiu Vanessa Veloso Barbosa, especialista em gestão ambiental e ecologia, mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), diante da informação do descobrimento de centenas de novas cavernas no Peruaçu.
A consultora ambiental vai além e aposta que, por ser Januária uma região de enorme riqueza geológica “ali serão encontradas ainda outras centenas de cavernas, é só intensificar os estudos, vasculhar melhor. Por exemplo, há um tempo atrás fizemos trabalho em área de prospecção de quatrocentos e poucos hectares e registramos 88 cavernas, não na área do parque, mas em Januária, dentro da mesma formação geomorfológica”.
Ainda segundo Barbosa, a descoberta das novas vai aumentar ainda mais a importância do parque, “até porque é possível que tenham vestígios arqueológicos, que é muito comum na região até mesmo pela proximidade com o Rio São Francisco, então temos a questão hidrológi-ca, que é igualmente relevante no carste, sobretudo numa região de semiárido como a nossa, ou seja dentro ou fora do parque, essas novas grudas agregam maior valor.”
Fonte:onorte.net