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Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (22/1), o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, sugeriu que o estado já esboça uma espécie de ‘plano B’ para a campanha de vacinação. O discurso do Executivo estadual segue reforçando a confiança no Plano Nacional de Imunização e a intenção de segui-lo à risca, a despeito dos tropeços e atrasos do governo federal. 


Amaral, contudo, revelou que a secretaria de Saúde iniciou tratativas com três fabricantes de vacinas: o laboratório chinês Sinopharm, a gigante americana Covaxx, além do instituto indiano Serum, um dos produtores das doses criadas pela universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca. 


Cauteloso, o dirigente se refere às negociações como “memorandos de entendimento” e descarta a possibilidade de obtenção de doses nos próximos 30 ou 40 dias. “É claro que, se nós tivermos condição de comprar a vacina, e repassar ao Ministério (para distribuição nacional) dentro do programa de imunização, nós vamos fazê-lo'', ponderou o secretário. 


Ele destaca que o principal objetivo dos acordos é a transferência da tecnologia de produção de vacinas para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), instituto de ciências biológicas e tecnologia vinculado à SES-MG. 


O modelo de parceria soa semelhante ao firmado pelo governador de São Paulo, João Dória (PSDB), entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac para a produção da CoronaVac. Os arranjos de Dória foram alvo de críticas do governador Romeu Zema (Novo) em meados de dezembro do ano passado. Na ocasião, Zema disse que prefeitos e governadores que se adiantavam à União usavam a pandemia para promoção política, e criavam “tumulto”. 
 
Pouco mais de um mês depois do episódio, o chefe da pasta da Saúde avalia que os acordos com empresas farmacêuticas podem trazer benefícios que extrapolam o combate à pandemia de COVID-19. “Nós estamos muito mais pensando no futuro”, diz Amaral.

"O objetivo é nós termos condição de ter a tecnologia transferida para a Funed, de forma que nós venhamos a produzir vacinas com essa tecnologia. Tanto contra o Coronavírus, quanto para outras que virão. Eu acho que isso é muito importante. O Brasil vem num processo de desindustrialização há anos, não só na saúde, mas em outros setores. E nós tivemos dificuldades aqui por causa disso (durante a pandemia). Não tínhamos volume suficiente de empresas que produzissem equipamentos de proteção individual, ventiladores. E também o nosso parque de produção de vacinas é um parque que pode melhorar e muito. O que nós podemos fazer enquanto estado é desenvolver a Funed”, complementou.