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Diante do chamamento à atenção para a relevância do confronto com Moro, feito pelo jornalista Gleen Greenwald, igualmente reconhecido em todo o mundo por suas reportagens, o diretor de Jornalismo da Cultura, Leão Serva, taxou a reivindicação como ‘indelicada’, disse que não pedira a intervenção do profissional de renome global e garantiu que, no Roda Viva, a Cultura não dá satisfações sobre a bancada escolhida nem submete os nomes ao entrevistado da vez.
No caso de Moro, informa agora o editor-executivo do The Intercept Brasil, Leandro Mori, a regra foi burlada. Com todas as letras, ele afirma que Moro, sim, aprovou os nomes dos participantes da entrevista, entre os quais não está ninguém do veículo que desnudou a promiscuidade entre Moro e os procuradores.
Não é a primeira vez que a TV Cultura, estatal controlada pelo governo de São Paulo, sofre interferência política. O histórico é antigo e longo. O certo, desta vez, é que a estreia, no comando do programa, da jornalista Vera Magalhães, sem dúvida será feita com a mão direita.
Acompanhe o artigo:
Moro aprovou jornalistas do Roda Viva
Leandro Demori (*)
O ministro Sergio Moro estará no Roda Viva na próxima segunda-feira (20/1). Ele aprovou os nomes dos jornalistas que estarão na bancada para entrevistá-lo, nós confirmamos com fontes. Não me espanta: Moro não sentaria em um canal ao vivo por duas horas sem saber quem estaria na sua frente. Ele, assim como Bolsonaro, vê parte da imprensa como inimiga. Logo ele, que tanto usou a imprensa para seu projeto de poder. Pra Moro, jornalista só serve se escreve notícias de joelhos. Imagine o ex-juiz chegar lá e dar de cara com um dos dezenas de jornalistas que trabalharam e trabalham nos arquivos da Vaza Jato? Nessa hora não dá nem tempo de chamar o Deltan. Moro se preveniu. Na semana que acaba hoje, o programa foi forçado a se manifestar sobre a ausência do The Intercept Brasil (TIB) na bancada – o público levou ao topo do Twitter a tag #InterceptNoRodaViva. Eu compreenderia um veto de Moro aos nossos nomes, mas o programa negou a interferência editorial do ministro: “Não pedimos sugestões nem submetemos a bancada ao entrevistado.” Então se não pedem sugestões e nem submetem a lista aos convidados, a formação da bancada sem nenhum dos vários jornalistas de vários veículos que participaram da Vaza Jato foi escolha deliberada do programa.
Nessa versão dos fatos, Moro tem tanta confiança de que não precisará nos encarar que sequer precisa conhecer a lista. Vocês decidam o que é pior. A campanha #InterceptNoRodaViva incomodou algumas pessoas. O Marcelo Tas (lembram dele?) mais uma vez atacou nossos jornalistas. Ele já tinha metido os pés pelas mãos antes. Com 9,5 milhões de seguidores e engajamento pífio digno de 9,5 milhões de robôs, Tas usa o TIB pra ter relevância no Twitter de tempos em tempos. Eu fico feliz que o TIB ajude o Marcelo Tas a ter relevância no Twitter uma vez por trimestre. Assim ele pode vender mais cursos sobre como ser relevante no Twitter. Geramos empregos! Vamos em frente! O jornalista Pedro Doria entrou na onda: retuitou sem checar o ex-apresentador, e comentou: “Estou tentando lembrar quando foi a última vez que um veículo exigiu participar e moveu uma campanha para isso. E não consigo lembrar.”
Pedro: você não consegue lembrar porque nunca existiu. A campanha partiu do público. Uma hora te mostro como pesquisar no Twitter (é fácil, prometo). Os dois são exemplos de pessoas que não suportam que exista crítica de mídia no Brasil, porque eventualmente ela atingirá amigos e até a eles próprios (imagina se trabalhassem aqui no TIB, um dos veículos mais criticados do país…). Na Itália, onde morei, é comum, até porque parte importante da TV é pública por lá (ei: a TV Cultura é pública também). Nos EUA nem se fala. Imaginem um programa onde o entrevistado fosse o já falecido Richard Nixon. Quem não gostaria de ver na bancada Bob Woodward e Carl Bernstein, jornalistas do caso Watergate, que derrubou Nixon? Quem se incomodaria em ver o público pedindo a participação dos dois? No Brasil, tem gente que sim. Mas já que o público pediu que um site fosse convidado pela TV pública para questionar um personagem público sobre temas de interesse público e não foi atendido, então vamos lá: na segunda-feira, no mesmo horário do Roda Viva (22h30), nós estaremos ao vivo no nosso canal do Youtube
(*) Leandro Demori, Editor Executivo do The Intercept Brasil.
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Diante do chamamento à atenção para a relevância do confronto com Moro, feito pelo jornalista Gleen Greenwald, igualmente reconhecido em todo o mundo por suas reportagens, o diretor de Jornalismo da Cultura, Leão Serva, taxou a reivindicação como ‘indelicada’, disse que não pedira a intervenção do profissional de renome global e garantiu que, no Roda Viva, a Cultura não dá satisfações sobre a bancada escolhida nem submete os nomes ao entrevistado da vez.
No caso de Moro, informa agora o editor-executivo do The Intercept Brasil, Leandro Mori, a regra foi burlada. Com todas as letras, ele afirma que Moro, sim, aprovou os nomes dos participantes da entrevista, entre os quais não está ninguém do veículo que desnudou a promiscuidade entre Moro e os procuradores.
Não é a primeira vez que a TV Cultura, estatal controlada pelo governo de São Paulo, sofre interferência política. O histórico é antigo e longo. O certo, desta vez, é que a estreia, no comando do programa, da jornalista Vera Magalhães, sem dúvida será feita com a mão direita.
Acompanhe o artigo:
Moro aprovou jornalistas do Roda Viva
Leandro Demori (*)
O ministro Sergio Moro estará no Roda Viva na próxima segunda-feira (20/1). Ele aprovou os nomes dos jornalistas que estarão na bancada para entrevistá-lo, nós confirmamos com fontes. Não me espanta: Moro não sentaria em um canal ao vivo por duas horas sem saber quem estaria na sua frente. Ele, assim como Bolsonaro, vê parte da imprensa como inimiga. Logo ele, que tanto usou a imprensa para seu projeto de poder. Pra Moro, jornalista só serve se escreve notícias de joelhos. Imagine o ex-juiz chegar lá e dar de cara com um dos dezenas de jornalistas que trabalharam e trabalham nos arquivos da Vaza Jato? Nessa hora não dá nem tempo de chamar o Deltan. Moro se preveniu. Na semana que acaba hoje, o programa foi forçado a se manifestar sobre a ausência do The Intercept Brasil (TIB) na bancada – o público levou ao topo do Twitter a tag #InterceptNoRodaViva. Eu compreenderia um veto de Moro aos nossos nomes, mas o programa negou a interferência editorial do ministro: “Não pedimos sugestões nem submetemos a bancada ao entrevistado.” Então se não pedem sugestões e nem submetem a lista aos convidados, a formação da bancada sem nenhum dos vários jornalistas de vários veículos que participaram da Vaza Jato foi escolha deliberada do programa.
Nessa versão dos fatos, Moro tem tanta confiança de que não precisará nos encarar que sequer precisa conhecer a lista. Vocês decidam o que é pior. A campanha #InterceptNoRodaViva incomodou algumas pessoas. O Marcelo Tas (lembram dele?) mais uma vez atacou nossos jornalistas. Ele já tinha metido os pés pelas mãos antes. Com 9,5 milhões de seguidores e engajamento pífio digno de 9,5 milhões de robôs, Tas usa o TIB pra ter relevância no Twitter de tempos em tempos. Eu fico feliz que o TIB ajude o Marcelo Tas a ter relevância no Twitter uma vez por trimestre. Assim ele pode vender mais cursos sobre como ser relevante no Twitter. Geramos empregos! Vamos em frente! O jornalista Pedro Doria entrou na onda: retuitou sem checar o ex-apresentador, e comentou: “Estou tentando lembrar quando foi a última vez que um veículo exigiu participar e moveu uma campanha para isso. E não consigo lembrar.”
Pedro: você não consegue lembrar porque nunca existiu. A campanha partiu do público. Uma hora te mostro como pesquisar no Twitter (é fácil, prometo). Os dois são exemplos de pessoas que não suportam que exista crítica de mídia no Brasil, porque eventualmente ela atingirá amigos e até a eles próprios (imagina se trabalhassem aqui no TIB, um dos veículos mais criticados do país…). Na Itália, onde morei, é comum, até porque parte importante da TV é pública por lá (ei: a TV Cultura é pública também). Nos EUA nem se fala. Imaginem um programa onde o entrevistado fosse o já falecido Richard Nixon. Quem não gostaria de ver na bancada Bob Woodward e Carl Bernstein, jornalistas do caso Watergate, que derrubou Nixon? Quem se incomodaria em ver o público pedindo a participação dos dois? No Brasil, tem gente que sim. Mas já que o público pediu que um site fosse convidado pela TV pública para questionar um personagem público sobre temas de interesse público e não foi atendido, então vamos lá: na segunda-feira, no mesmo horário do Roda Viva (22h30), nós estaremos ao vivo no nosso canal do Youtube
(*) Leandro Demori, Editor Executivo do The Intercept Brasil.