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O alerta vem de um grupo de cientistas encabeçado por dois pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata. Em parceria com uma instituição inglesa, investigaram e comprovaram que os campos eletromagnéticos funcionam como um “estressor” ambiental, afetando as habilidades cognitivas e motoras das abelhas e reduzindo, assim, a capacidade que elas têm de polinizar as plantas.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), os insetos fertilizam 75% dos cultivos de todo o mundo – são responsáveis por cerca de dois terços dos alimentos que consumimos, incluindo grande parte das frutas e dos legumes.
50 milhões de abelhas morreram em santa catarina, em janeiro deste ano, impactadas por um agrotóxico aplicado em lavouras de soja; Estado é o maior exportador nacional de mel
Publicada em uma revista científica internacional, a pesquisa dos mineiros mostra que as ondas eletromagnéticas afetam o aprendizado olfativo das abelhas, bem como a capacidade de voo e as atividades de busca e exploração de recursos alimentares.
“Há redução na capacidade de memória e impactos também na navegação das abelhas, que podem se desorientar em campo e falhar ao se comunicar com as companheiras. Por causa disso, podem não realizar a polinização de forma tão eficiente”, detalha Maria Augusta Lima Siqueira, doutora em entomologia e professora no Departamento de Biologia Animal da UFV.
Distância segura
Segundo a pesquisadora, o estudo alerta para o cuidado em se evitar a instalação de torres de transmissão em locais próximos a áreas agrícolas com cultivos dependentes de polinização por abelhas, caso do maracujá, do morango, da melancia, do pepino e do tomate.
"É preciso evitar que as redes passem por propriedades com lavouras que dependam de polinizadores para fornecer alimentos. Apiários também não devem ser colocados próximos a esses locais”, diz Maria Augusta.
Especialista em insetos e um dos responsáveis pelo estudo, o engenheiro agrônomo Eugênio Eduardo Oliveira explica que os impactos na orientação das abelhas refletiriam em toda a colônia. “É preciso imaginá-las como se fossem nossas células. Saem para coletar e levar alimento para a colmeia mas, se perdem a orientação espacial no percurso, a colmeia, com o passar o tempo, morrerá também. Fora isso, há influências diversas, como o uso de pesticidas, que fragiliza a cadeia”, acrescenta.
UFV/Divulgação
PARCEIROS - O engenheiro agrônomo Eugênio Eduardo Oliveira e a bióloga Maria Augusta Lima Siqueira, da UFV, foram responsáveis por conduzir a pesquisa, executada em parceria com a Universidade de Southampton, na Inglaterra, e financiada pela Fapemig. Publicado no periódico científico Scientific Reports, do grupo Nature, o estudo recebeu o selo Top 100 in Ecology por ter alcançado a 35ª posição entre os cem artigos de ecologia mais acessados em 2018 no mundo todo
A segunda fase do estudo irá investigar o impacto da interação entre as linhas de transmissão de energia eletromagnética e o uso de pesticidas na vida das abelhas. O objetivo é realizar um alerta ainda mais contundente sobre a importância da preservação dos insetos.
“Não é possível eliminá-los (pesticidas) por completo, devido ao nosso padrão atual de consumo. Nem toda a população tem a possibilidade de consumir orgânicos. Mas é importante não aplicar dosagens desnecessárias e utilizar produtos que sejam sabidamente seletivos em favor das abelhas”, explica o engenheiro agrônomo Eugênio Eduardo Oliveira, referindo-se a agentes que combatem pragas, mas preservam os insetos polinizadores.
Realizada até o momento na Inglaterra, onde foram escolhidos insetos da espécie Apis mellifera, conhecida como abelha-europeia – tipo mais incidente no mundo –, a pesquisa também será replicada em território mineiro, onde os pesquisadores buscam parcerias. No Brasil, o objeto de estudo serão as abelhas sem ferrão, mais numerosas.
30 mil é a quantidade mínima de insetos que podem viver numa mesma colmeia; abelhas que se organizam em ninhos, com operárias e rainhas, são chamadas de sociais
Cautela
Embora tenham ganhado força nos últimos tempos, discussões sobre a relação entre a morte dos insetos polinizadores e o fim da humanidade não têm respaldo científico, adverte o pesquisador da UFV.
“Cadeias são afetadas por diferentes fatores, extremamente relevantes para ecologia e economia. Mas não podemos ser inocentes de pensar que se as abelhas acabarem, acabará o mundo”, afirma.
Editoria de Arte
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O alerta vem de um grupo de cientistas encabeçado por dois pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata. Em parceria com uma instituição inglesa, investigaram e comprovaram que os campos eletromagnéticos funcionam como um “estressor” ambiental, afetando as habilidades cognitivas e motoras das abelhas e reduzindo, assim, a capacidade que elas têm de polinizar as plantas.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), os insetos fertilizam 75% dos cultivos de todo o mundo – são responsáveis por cerca de dois terços dos alimentos que consumimos, incluindo grande parte das frutas e dos legumes.
50 milhões de abelhas morreram em santa catarina, em janeiro deste ano, impactadas por um agrotóxico aplicado em lavouras de soja; Estado é o maior exportador nacional de mel
Publicada em uma revista científica internacional, a pesquisa dos mineiros mostra que as ondas eletromagnéticas afetam o aprendizado olfativo das abelhas, bem como a capacidade de voo e as atividades de busca e exploração de recursos alimentares.
“Há redução na capacidade de memória e impactos também na navegação das abelhas, que podem se desorientar em campo e falhar ao se comunicar com as companheiras. Por causa disso, podem não realizar a polinização de forma tão eficiente”, detalha Maria Augusta Lima Siqueira, doutora em entomologia e professora no Departamento de Biologia Animal da UFV.
Distância segura
Segundo a pesquisadora, o estudo alerta para o cuidado em se evitar a instalação de torres de transmissão em locais próximos a áreas agrícolas com cultivos dependentes de polinização por abelhas, caso do maracujá, do morango, da melancia, do pepino e do tomate.
"É preciso evitar que as redes passem por propriedades com lavouras que dependam de polinizadores para fornecer alimentos. Apiários também não devem ser colocados próximos a esses locais”, diz Maria Augusta.
Especialista em insetos e um dos responsáveis pelo estudo, o engenheiro agrônomo Eugênio Eduardo Oliveira explica que os impactos na orientação das abelhas refletiriam em toda a colônia. “É preciso imaginá-las como se fossem nossas células. Saem para coletar e levar alimento para a colmeia mas, se perdem a orientação espacial no percurso, a colmeia, com o passar o tempo, morrerá também. Fora isso, há influências diversas, como o uso de pesticidas, que fragiliza a cadeia”, acrescenta.
UFV/Divulgação
PARCEIROS - O engenheiro agrônomo Eugênio Eduardo Oliveira e a bióloga Maria Augusta Lima Siqueira, da UFV, foram responsáveis por conduzir a pesquisa, executada em parceria com a Universidade de Southampton, na Inglaterra, e financiada pela Fapemig. Publicado no periódico científico Scientific Reports, do grupo Nature, o estudo recebeu o selo Top 100 in Ecology por ter alcançado a 35ª posição entre os cem artigos de ecologia mais acessados em 2018 no mundo todo
A segunda fase do estudo irá investigar o impacto da interação entre as linhas de transmissão de energia eletromagnética e o uso de pesticidas na vida das abelhas. O objetivo é realizar um alerta ainda mais contundente sobre a importância da preservação dos insetos.
“Não é possível eliminá-los (pesticidas) por completo, devido ao nosso padrão atual de consumo. Nem toda a população tem a possibilidade de consumir orgânicos. Mas é importante não aplicar dosagens desnecessárias e utilizar produtos que sejam sabidamente seletivos em favor das abelhas”, explica o engenheiro agrônomo Eugênio Eduardo Oliveira, referindo-se a agentes que combatem pragas, mas preservam os insetos polinizadores.
Realizada até o momento na Inglaterra, onde foram escolhidos insetos da espécie Apis mellifera, conhecida como abelha-europeia – tipo mais incidente no mundo –, a pesquisa também será replicada em território mineiro, onde os pesquisadores buscam parcerias. No Brasil, o objeto de estudo serão as abelhas sem ferrão, mais numerosas.
30 mil é a quantidade mínima de insetos que podem viver numa mesma colmeia; abelhas que se organizam em ninhos, com operárias e rainhas, são chamadas de sociais
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Embora tenham ganhado força nos últimos tempos, discussões sobre a relação entre a morte dos insetos polinizadores e o fim da humanidade não têm respaldo científico, adverte o pesquisador da UFV.
“Cadeias são afetadas por diferentes fatores, extremamente relevantes para ecologia e economia. Mas não podemos ser inocentes de pensar que se as abelhas acabarem, acabará o mundo”, afirma.
Editoria de Arte