Polícia Civil identifica dois funcionários suspeitos de agredir mulher trans na Savassi

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CRIME EM BH

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) identificou dois suspeitos de terem participado do homicídio de Alice Martins Alves, de 33 anos, espancada no dia 23 de outubro após sair do bar Rei do Pastel, na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte. Os homens são funcionários do estabelecimento, localizado na avenida do Contorno. A suspeita é de que o crime tenha sido motivado pela cobrança de uma conta de R$ 22 que Alice não teria pagado e por transfobia, já que ela era uma mulher trans. A dupla foi qualificada, mas ainda não foi presa, já que o flagrante havia expirado e o inquérito policial está em confecção.
“No dia 23 de outubro, a Alice foi a esse bar, que ela já frequentava há algum tempo. Ela havia relatado, inclusive, que sentia preconceito por parte de algumas pessoas do local. No dia do crime, ela esteve no bar, consumiu bebidas alcoólicas, levantou-se e foi embora”, relata a delegada Iara França.
No dia do crime, ela teria supostamente esquecido de pagar a conta, no valor de R$ 22, e, segundo as investigações, os dois funcionários saíram para cobrar o valor.
“Ela já havia esquecido de pagar a conta em outra ocasião, mas sempre retornava e quitava depois. Era uma questão irrisória. Neste dia, saiu sem pagar, mas foi perseguida por dois funcionários e, já em um ponto afastado do bar, eles a intimidaram para que pagasse. Ela afirmou ter pago, mas eles iniciaram as agressões”, completou a delegada.
As agressões estão sendo periciadas para verificar se o nível de violência teve relação com o fato de a vítima ser uma mulher trans. Ela só deixou de ser espancada após um motociclista ver a cena e acionar socorro.
A participação de um terceiro funcionário está descartada. A vítima sofreu fraturas nas costelas, perfuração intestinal e outros ferimentos. Foi socorrida, mas só procurou a polícia no dia 5 de novembro.
“Na Delegacia de Mulheres, ela descreveu as características dos agressores com receio, com medo de represálias. Também temia não ser acolhida pela instituição. Mas ela foi acolhida e orientada a buscar ajuda médica, dada a gravidade das agressões. Ela chegou a perder cerca de 10 kg por não conseguir se alimentar, de tão debilitada que estava”, disse a delegada. O caso segue sob investigação.
A reportagem esteve na unidade do Rei do Pastel, onde os investigados por espancar a vítima trabalham. No entanto, nenhum responsável pelo local deu entrevista. Um dos gerentes do local se limitou a comentar que "o Rei do Pastel contrata muitas pessoas" e passou o contato de um escritório onde estariam responsáveis administrativos pela empresa. No entanto, ninguém atendeu as inúmeras ligações realizadas. O espaço segue aberto para o pronunciamento da empresa.
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