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string(86) "Livro busca as motivações que fizeram Belchior viver os últimos dez anos em exílio"
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Por que um músico da estatura de Belchior, dono de canções de sucesso “Apenas um Rapaz Latino-americano” e “Sujeito de Sorte” (que teve recentemente um trecho usado em "AmarElo", de Emicida), resolve abandonar tudo e partir para o exílio?
Essa pergunta ficou martelando na cabeça do jornalista e escritor mineiro Marcelo Bortoloti até resultar no livro “Viver é Melhor que Sonhar –Os Últimos Caminhos de Belchior”, escrito ao lado de Chris Fuscaldo e lançado pela Sonora Editora.
“Perseguimos os passos dele, fomos às cidades por onde ele passou, no Uruguai e no Rio Grande do Sul, e ouvimos pessoas que nem conheciam Belchior”, destaca Bortoloti, que caiu na estrada e ouviu 200 depoimentos que só atestaram a coragem do cantor.
“Ele rompeu com a carreira e com o sucesso”, registra o autor, ao comentar a decisão do artista de deixar tudo para trás em 2007, ao lado da companheira Edna Prometheu, sem deixar qualquer pista ou explicação para buscar o autodesaparecimento.
“Dinheiro e fama são coisas que muito prezadas na sociedade contemporânea e rompeu com isso de uma maneira radical. Um pouco da grandeza do gesto está nisso, ao perceber que não era por aí que estava a felicidade. Queria um tipo de liberdade mais autêntica”, analisa Bortoloti.
Nascido na cidade cearense de Sobral, em 1946, ele e Edna dormiram em locais abandonados, dependeram da caridade de desconhecidos, como se fossem dois andarilhos, e chegaram a ser expulsos por pessoas que o abrigavam. Uma trajetória “on the road” que culminou com a sua morte, em 2017.
“Ao romper com a sociedade, esta de alguma forma tentou constrangê-lo. Belchior é vítima um pouco disso. Primeiro, ao virar alvo da sanha de jornalistas em busca de sensacionalismo. Segundo, pela Justiça, já que deixou para trás dívidas e pensões alimentícias”, destaca.
Bortoloti observa que, ao não conseguir se desvencilhar da sociedade impunemente, Belchior teve seu desejo de liberdade transformado em fuga. Mas em nenhum momento retrocedeu. “Cada um criou uma hipótese e teve gente que disse que ele ficou com vergonha de voltar”.
Outros, de maneira mais profunda, salientaram que Belchior era um intelectual de muita densidade. É a esta figura que Bortoloti prefere se agarrar. “Dizer apenas que ele quis abandonar tudo é muito simplista”, analisa.
Em algumas entrevistas, ele ouviu que Belchior continuava produtivo, citando cadernos em que rascunhava composições. “Há relatos de que a Edna teria saído com uma pasta com manuscritos embaixo do braço quando ele faleceu, mas ela desapareceu no mundo”.
Ao refazer a trilha de Belchior, o jornalista foi parar num hotel uruguaio que até hoje guarda os pertences do cantor, após ele sair sem pagar a conta. “Roupas e papéis estavam espalhados dentro de sacos num porão do hotel. Deixar para trás, num momento crítico, coisas pessoais traz uma angústia na gente”.
Bortoloti também foi às origens de Belchior, no interior cearense. “Elas ajudam a entender as escolhas feitas na maturidade. Fomos ao mosteiro de Guaramiranga, onde viveu como monge franciscano mesmo. Essa passagem nos ajuda a entender as ideias de recolhimento e simplicidade resgatadas na fase final da vida”.
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Essa pergunta ficou martelando na cabeça do jornalista e escritor mineiro Marcelo Bortoloti até resultar no livro “Viver é Melhor que Sonhar –Os Últimos Caminhos de Belchior”, escrito ao lado de Chris Fuscaldo e lançado pela Sonora Editora.
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“Ele rompeu com a carreira e com o sucesso”, registra o autor, ao comentar a decisão do artista de deixar tudo para trás em 2007, ao lado da companheira Edna Prometheu, sem deixar qualquer pista ou explicação para buscar o autodesaparecimento.
“Dinheiro e fama são coisas que muito prezadas na sociedade contemporânea e rompeu com isso de uma maneira radical. Um pouco da grandeza do gesto está nisso, ao perceber que não era por aí que estava a felicidade. Queria um tipo de liberdade mais autêntica”, analisa Bortoloti.
Nascido na cidade cearense de Sobral, em 1946, ele e Edna dormiram em locais abandonados, dependeram da caridade de desconhecidos, como se fossem dois andarilhos, e chegaram a ser expulsos por pessoas que o abrigavam. Uma trajetória “on the road” que culminou com a sua morte, em 2017.
“Ao romper com a sociedade, esta de alguma forma tentou constrangê-lo. Belchior é vítima um pouco disso. Primeiro, ao virar alvo da sanha de jornalistas em busca de sensacionalismo. Segundo, pela Justiça, já que deixou para trás dívidas e pensões alimentícias”, destaca.
Bortoloti observa que, ao não conseguir se desvencilhar da sociedade impunemente, Belchior teve seu desejo de liberdade transformado em fuga. Mas em nenhum momento retrocedeu. “Cada um criou uma hipótese e teve gente que disse que ele ficou com vergonha de voltar”.
Outros, de maneira mais profunda, salientaram que Belchior era um intelectual de muita densidade. É a esta figura que Bortoloti prefere se agarrar. “Dizer apenas que ele quis abandonar tudo é muito simplista”, analisa.
Em algumas entrevistas, ele ouviu que Belchior continuava produtivo, citando cadernos em que rascunhava composições. “Há relatos de que a Edna teria saído com uma pasta com manuscritos embaixo do braço quando ele faleceu, mas ela desapareceu no mundo”.
Ao refazer a trilha de Belchior, o jornalista foi parar num hotel uruguaio que até hoje guarda os pertences do cantor, após ele sair sem pagar a conta. “Roupas e papéis estavam espalhados dentro de sacos num porão do hotel. Deixar para trás, num momento crítico, coisas pessoais traz uma angústia na gente”.
Bortoloti também foi às origens de Belchior, no interior cearense. “Elas ajudam a entender as escolhas feitas na maturidade. Fomos ao mosteiro de Guaramiranga, onde viveu como monge franciscano mesmo. Essa passagem nos ajuda a entender as ideias de recolhimento e simplicidade resgatadas na fase final da vida”.