O grupo atacado pelo extremista islâmico é o maior e mais antiga comunidade cristã no Oriente Médio, com cerca de 10% dos cerca de 100 milhões de egípcios
Por:AFP - Agence France-Presse
As famílias das vítimas de um ataque extremista islâmico contra cristãos no Egito enterraram seus mortos neste sábado (3), na província de Minya, onde a segurança foi reforçada em um clima particularmente tenso.
Sob forte vigilância policial, centenas de pessoas se reuniram na igreja do Príncipe Tadros para o funeral das vítimas. Muitos devotos, tomados pela emoção, passaram mal.
"Não vamos esquecer as promessas das autoridades, incluindo a do presidente da República, de punir os criminosos", declarou após o fim das orações o bispo de Minya, Makarios, na igreja da comunidade copta, alvo de ataques de extremistas islâmicos nos últimos anos no Egito, um país com uma grande maioria muçulmana.
Na sexta-feira, homens armados atacaram um ônibus que transportava fiéis cristãos, matando sete e ferindo sete, num ataque reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) quase um ano depois de seu último atentado contra esta minoria cristã.
Os fiéis voltavam para casa depois de uma peregrinação ao mosteiro de São Samuel, na província de Minya, cerca de 250 km ao sul do Cairo. Eles foram atacados no deserto perto do mosteiro.
A Procuradoria-Geral anunciou a abertura de uma investigação e forças de segurança foram mobilizadas no local do ataque, segundo um jornalista da AFP no local.
"Sentimento de ódio?"
À noite, no hospital de Minya, as famílias das vítimas expressaram muita raiva e a tensão era palpável, o que levou as autoridades a fortalecer a segurança na área.
"Eu nunca mais vou vê-lo", desesperava-se em frente à entrada do necrotério uma mulher que chorava por seu filho.
Ao lado, um grupo de pessoas carregava o caixão de uma das vítimas até um veículo que o levaria para a igreja.
Em frente ao hospital, Michel, 23 anos, questionava se o objetivo do ataque era criar um sentimento de ódio entre os coptas em relação aos muçulmanos. "O que esses terroristas querem? Que odiemos os muçulmanos?", disse à AFP o jovem que perdeu um vizinho no ataque.
"Eu tenho que sair armado para ir rezar ou ficar em casa para evitar ser morto indo à igreja?", indignou-se, lamentando as mortes de "três irmãos, com 45, 41 e 15 anos" no ataque.
O EI reivindicou a responsabilidade pelo ataque. "Os autores da emboscada na estrada para o mosteiro de São Samuel, em Minya, são combatentes do Estado Islâmico", disse o órgão de propaganda dos jihadistas Amaq.
Uma série de ataques atingiu os coptas desde o final de 2016. Em dezembro daquele ano, um atentado suicida reivindicado pelo EI contra uma igreja Cair fez 29 mortos.
O mais recente atentado contra esta comunidade foi em dezembro de 2017, quando um jihadista do EI matou nove pessoas em uma igreja na periferia do Cairo.
Em maio de 2017, na mesma área do ataque de sexta-feira, 28 peregrinos coptas, incluindo muitas crianças, foram mortos em Minya por homens armados. Eles viajavam de ônibus e também faziam uma peregrinação ao mosteiro de São Samuel.
O chefe de Estado Abdel Fattah Sissi expressou na sexta-feira a sua "determinação em continuar a lutar contra o terrorismo e a processar os culpados". Os ministros da Saúde e da Solidariedade Social visitaram Minya.
O EI continua ativo no país, apesar de uma ofensiva do Exército lançada há vários meses contra os jihadistas na península do Sinai, que fez centenas de mortos por extremistas, segundo as autoridades.
A comunidade copta é a maior e mais antiga comunidade cristã no Oriente Médio, com cerca de 10% dos cerca de 100 milhões de egípcios. bam-feb/emp/tp/mr