Opera Mundi - A central sindical Plenário Intersindical de Trabalhadores - Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT) do Uruguai, junto de outros movimentos sociais do país, convocou para esta quarta-feira (15/09) uma greve geral contra políticas econômicas e sociais do governo do presidente direitista Luis Lacalle Pou⁣⁣.

“Será uma das manifestações mais importantes dos últimos dez anos", declarou à imprensa uruguaia o sindicalista e secretário geral do PIT-CNT Marcelo Abdala, afirmando ainda que “teremos uma mobilização impressionante em seu conteúdo e em sua qualidade”. 

A paralisação teve início às 10h e está prevista para continuar ao longo do dia. Compondo o calendário de greve, uma marcha foi organizada às 11h30, com concentração em frente ao Palácio Legislativo, deslocamento pela avenida Libertador em direção à avenida La Paz, onde ocorreram as intervenções orais dos manifestantes.

As reivindicações do ato são pela defesa da educação pública, por planos de moradia e alimentação, em defesa das empresas públicas uruguaias, contra a fome e em repúdio aos cortes que o presidente propõe para o Instituto Nacional de Colonização (INC), que trata da distribuição de terras a pequenos produtores do país. 

Os manifestantes também protestam contra artigos propostos por Lacalle Pou na Lei de Urgente Consideração (LUC), tida como neoliberal e conservadora pela oposição.

O ex-presidente José Mujica manifestou apoio à paralisação e compôs a marcha. “É um dia importante porque os trabalhadores recuperaram sua estatura de atores sociais”, disse em entrevista à rádio uruguaia Monte Carlo, afirmando ainda que “os trabalhadores estão se manifestando porque precisam de trabalho e lutam para melhorar seu salário quando ele é reduzido". 


Em resposta a Lacalle Pou, que disse que a paralisação é meramente política e "contra a LUC", o ex-presidente Pepe Mujica declarou: "É político porque tem a ver com a distribuição do bolo na sociedade”. 

Em julho deste ano, a Comissão Nacional Pró-Referendo do Uruguai havia coletado cerca de 800 mil assinaturas para solicitar um referendo nacional contra a LUC, aprovada ano passado pelo presidente Luis Lacalle Pou.

Com 100 mil assinaturas a mais do que o necessário, movimentos sociais, sindicatos e coletivos esperam conseguir a aprovação para a consulta popular e, assim, tentar revogar 135 dos 476 artigos do pacote de leis aprovado em 8 de julho do ano passado, após tratamento expresso no Congresso.