União Europeia (UE) anunciou nesta quarta-feira (10) que chegou a um acordo com Israel para ampliar o apoio humanitário à Faixa de Gaza. A iniciativa prevê a abertura de novos pontos de entrada, envio de caminhões com alimentos, medicamentos e reparo de infraestruturas essenciais no enclave palestino.

“Chegamos hoje a um acordo com Israel para expandir a ajuda humanitária a Gaza”, escreveu nas redes sociais Kaja Kallas, alta representante da UE para Assuntos Exteriores e Política de Segurança.

Segundo ela, o acordo inclui a reabertura de pontos de passagem atualmente bloqueados por Israel, aumento no envio de mantimentos, medicamentos e combustível, além da proteção a trabalhadores humanitários e retomada do funcionamento de estações de dessalinização de água.

A distribuição de alimentos será feita por meio de padarias e cozinhas públicas dentro do território. O pacto deve entrar em vigor “nos próximos dias” e, de acordo com Kallas, há um consenso entre os 27 países do bloco e Tel Aviv de que a ajuda deve chegar diretamente à população civil, sem possibilidade de desvio ao grupo Hamas, que governa Gaza.

Os pontos de entrada reabertos incluem rotas via Jordânia e Egito, além de outros acessos no sul do território, atualmente ocupado por Israel.

“Esperamos que Israel cumpra cada uma das medidas acordadas”, escreveu Kallas.

A Faixa de Gaza está sob ocupação israelense desde o fim de 2023, quando o governo de Israel lançou uma ofensiva militar alegando o objetivo de resgatar reféns capturados durante o ataque do grupo Hamas em 7 de outubro daquele ano. A ação, no entanto, tem sido amplamente criticada por sua desproporcionalidade, incluindo por países da própria União Europeia, por organizações não governamentais e pela relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese.

A África do Sul levou o caso à Corte Internacional de Justiça, acusando Israel de cometer crime de genocídio.

 

Pelo menos 23 pessoas, entre elas oito crianças, morreram nesta terça-feira (9) em decorrência de ataques aéreos e terrestres de Israel na Faixa de Gaza, segundo informações da Defesa Civil palestina.

De acordo com Mohammad al-Mughayyir, representante da corporação, 12 das vítimas — incluindo as oito crianças — foram atingidas por bombardeios enquanto estavam em frente a um centro médico na cidade de Deir al-Balah, no centro do território. Os demais ataques ocorreram durante a madrugada em áreas do centro e sul de Gaza.

Diante das restrições à imprensa e do difícil acesso ao local, os números divulgados pela Defesa Civil não puderam ser verificados de forma independente pela agência France-Presse (AFP), que também reportou a ocorrência. Procurado, o Exército de Israel afirmou que investigará os casos.

O conflito atual teve início em 7 de outubro de 2023, após um ataque do grupo palestino Hamas a Israel, que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas, em sua maioria civis, e no sequestro de cerca de 250 pessoas. Segundo o Exército israelense, 49 ainda permanecem reféns em Gaza, sendo que 27 já foram declaradas mortas.

Desde então, mais de 57.680 palestinos — a maioria civis — foram mortos nos bombardeios israelenses, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Os números, apesar da origem, são considerados confiáveis pela Organização das Nações Unidas (ONU).