A Ucrânia reconheceu nesta segunda-feira (22) que cerca de 9.000 soldados ucranianos morreram desde o início da invasão russa há seis meses, em um conflito sem sinais de acabar, que já causou danos humanos e materiais significativos. 

"Cerca de 9.000 heróis morreram", disse o comandante-chefe do exército ucraniano, general Zaluzhny, durante uma manifestação pública. 

Zaluzhny acrescentou que há crianças ucranianas que precisam de atenção especial, porque seus pais foram para o front e "provavelmente estavam entre os 9.000 heróis que morreram". 

A declaração do chefe do Exército é a primeira sobre as perdas militares de Kiev desde abril. 

Na quarta-feira, a Ucrânia celebrará seu dia da independência, que este ano coincide com seis meses desde a invasão russa. 
 
"Acho que estamos enfrentando uma guerra em grande escala", disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, durante uma coletiva de imprensa no norte da Espanha, na qual anunciou que a União Europeia discutirá a criação de uma grande "organização de treinamento e ajuda" do exército ucraniano. 


Depois de fracassar em sua tentativa de tomar Kiev devido à resistência das tropas ucranianas, Moscou concentrou sua ofensiva no sul e leste do país, onde tenta controlar todo o Donbass, parcialmente ocupado por separatistas pró-russos desde 2014.
 
Putin denuncia "crime vil" 
 
Dois dias antes do aniversário de seis meses da invasão, os serviços de segurança russos (FSB) acusaram a Ucrânia de ter matado Daria Dugina, filha de um ideólogo próximo ao Kremlin, que morreu no sábado na explosão de seu veículo perto de Moscou . 

O "assassinato" de Daria Dugina, filha de Alexander Dugin, "foi preparado e cometido pelos serviços especiais ucranianos", disse o FSB em comunicado citado por agências russas. 

O presidente russo, Vladimir Putin, chamou a morte de Dugina de "crime vil" em uma mensagem de condolências divulgada pelo Kremlin nesta segunda-feira. 

Ela era "uma pessoa brilhante e talentosa com um coração verdadeiramente russo", acrescentou. 
 
De acordo com o FSB, a pessoa que colocou o explosivo no veículo é uma mulher ucraniana nascida em 1979 que alugou um apartamento no mesmo prédio onde Dugina morava. Após o ataque, ela fugiu para a Estônia, acrescentou. 

"A Ucrânia não tem absolutamente nada a ver com a explosão, porque não somos um Estado criminoso", disse o assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, no domingo. 

Alexander Dugin, de 60 anos, é um intelectual e escritor ultranacionalista, que apoia fortemente a invasão russa da Ucrânia, assim como sua filha.

A acusação ameaça aumentar ainda mais a tensão entre os dois países, no momento em que o presidente ucraniano Volodimir Zelensky alertou que a Rússia pode estar preparando algo particularmente "cruel" esta semana. 

No domingo, Zelensky afirmou que a Rússia poderia tomar a medida provocativa de julgar os soldados ucranianos detidos durante o ataque de Mariupol, no sul do país.
 
Aniversário da independência
 
"Se esse julgamento desprezível acontecer, se nosso povo for levado a esse cenário em violação de todos os acordos, todas as regras internacionais, haverá abusos", destacou Zelensky em um discurso durante a noite. 

"Essa será a linha a partir da qual não haverá negociação possível", acrescentou. 

O conselheiro presidencial Mikhailo Podoliak também havia alertado que a Rússia poderia intensificar seus bombardeios nos dias 23 e 24 de agosto. 

Diante desses temores, as autoridades de Kiev anunciaram a proibição de qualquer manifestação pública de 22 a 25 de agosto e em Kharkiv, a segunda cidade ucraniana, o governador anunciou um longo toque de recolher. 

A invasão da Ucrânia virou o mercado global de energia de cabeça para baixo e o conflito já está tendo consequências no aumento dos preços da energia e na escassez de alimentos. 
 
Dada a perspectiva de queda dos termômetros, os europeus se preparam para um inverno difícil devido à escassez de gás da Rússia.

Nesta segunda-feira, a Bulgária afirmou que tenta negociar com a gigante russa Gazprom. O país é quase totalmente dependente da Rússia para seu consumo anual de 3 bilhões de metros cúbicos de gás natural. 

"Obviamente temos que recorrer a eles", disse o ministro da Energia, Rosen Hristov.