SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na primeira entrevista transmitida na televisão após o fim do motim mercenário que ameaçou o governo russo, o presidente Vladimir Putin reiterou a confiança na vitória de seu país na Guerra da Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022. A declaração, exibida neste domingo (25), foi gravada antes da maior turbulência militar na Rússia desde a década de 1990, iniciada na sexta e que terminou neste sábado (24).

"Nos sentimos confiantes [na Guerra da Ucrânia] e, claro, estamos em posição de implementar todos os planos e tarefas que temos pela frente", diz Putin. "Isto também se aplica à Defesa do país, à operação militar especial e à economia como um todo."

Os comentários foram transmitidos pela televisão estatal de Rossiya, sem quaisquer referências à crise com mercenários, que entraram em confronto com forças federais e ocuparam prédios administrativos no sul da Rússia. O motim foi encerrado após negociações entre o governo russo e Ievguêni Prigojin, líder do Grupo Wagner, intermediadas pelo ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko.

Na entrevista, Putin disse que dedica a maior parte do tempo com o conflito no Leste Europeu. "Todo dia começa e termina com isso", afirmou.

A crise entre as tropas mercenárias e o governo Putin escalou após Prigojin acusar o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, de enganar Putin e a população russa sobre a guerra no país vizinho. O líder mercenário disse que que não havia motivo para o conflito, já que Kiev e a Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, não iriam lançar um ataque contra a Rússia. "Estamos banhados de sangue", afirma.

Pouco depois, Prigojin acusou as forças de Choigu de atacarem um acampamento do Grupo Wagner no sul da Rússia, o que iniciou o motim.

Como parte do acordo que encerrou a ação, o o governo russo se comprometeu a arquivar os processos criminais contra Prigojin. Já os combatentes do Wagner que participaram das ações não serão processados, segundo o Kremlin. Soldados mercenários que não se uniram ao motim assinarão contratos e serão incorporados ao Ministério da Defesa russo.