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string(74) "Rússia acusa Ucrânia de ataque a infraestrutura civil em região anexada"
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string(7395) "SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em uma etapa na Guerra da Ucrânia em que a Rússia investe na destruição da infraestrutura civil no país ocupado, Moscou acusou as forças rivais de usar a mesma estratégia neste domingo (6). O alvo foi uma represa no sul do país, o que provocou cortes de água e eletricidade em Kherson, região anexada pelo Kremlin no fim de setembro.
Seis mísseis Himars foram disparados contra a represa de Kakhovka, que fica na porção final do rio Dnieper. Autoridades russas afirmaram que cinco deles foram interceptados, mas o que driblou as unidades de defesa atingiu e danificou a eclusa da barragem.
Líderes da ocupação se referiram ao episódio como um "ataque terrorista organizado pela parte ucraniana" e ainda relataram danos em três linhas de alta tensão no local. Por essa razão, afirmam que não há água nem eletricidade na cidade de Kherson e em outros distritos da região.
A barragem de Kakhovka foi tomada pela Rússia no início da ofensiva na Ucrânia e permite abastecer a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Instalada no rio Dnieper em 1956, durante o período soviético, a estrutura construída de concreto e terra é uma das maiores do tipo no país.
Como infraestrutura estratégica, a represa vinha sendo cogitada como alvo de ataques desde o mês passado tanto pela Ucrânia como pela Rússia, num cenário dominado também pelo conflito de versões. Ambos se acusam de colocar em perigo os milhares de habitantes da região.
Há pouco mais de duas semanas, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, manifestou preocupação perante o Conselho da União Europeia ao dizer que, se a barragem explodisse, mais de 80 localidades, incluindo Kherson, seriam inundadas rapidamente.
Não à toa a represa logo se tornou uma das armas de coerção na guerra. Também no mês passado, Zelenski acusou a Rússia de colocar minas na estrutura de Kakhovka. O objetivo seria criar uma barreira física para um eventual avanço de tropas de Kiev na área, que está sendo evacuada pelos russos.
A administração dos ocupantes negou a intenção. A suspeita remete a um episódio da Segunda Guerra Mundial, em 1941, quando os soviéticos secretamente explodiram uma barragem rio acima, em Zaporíjia, para tentar deter o avanço alemão na região. Sem aviso prévio, milhares de civis e militares da então Ucrânia soviética morreram.
Logo após o ataque contra a represa neste domingo, o representante da administração instalada pela Rússia em Nova Kakhovka, a 60 quilômetros da cidade de Kherson, primeiro colocou panos quentes na situação. Na sequência, porém, deixou subentendido que a ofensiva traz até mesmo o risco de uma catástrofe nuclear.
"Tudo está sob controle. Um míssil caiu no local, mas não causou danos críticos. Isso pode interromper o abastecimento de água de grande parte do sul da Ucrânia ", disse Ruslan Agaiev, acrescentando na sequência que o bombardeio pode causar prejuízos ao resfriamento dos reatores da usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, que extrai água da represa.
Diante da já ventilada possibilidade de ataque à represa de Kakhovka, cuja destruição levaria à inundação da margem esquerda do rio Dniepe, as autoridades da Rússia vêm retirando os civis dos arredores do local. Kiev diz que essas operações são "deportações" dos cidadãos.
Paralelamente, Moscou investe na destruição da infraestrutura civil na Ucrânia principalmente com o uso de drones kamikazes, deixando parte do país sem eletricidade a poucos meses do inverno no hemisfério Norte. Neste domingo, Moscou amargou os efeitos da estratégia repetida pelos rivais.
Na véspera, o regime do Irã admitiu pela primeira vez ter fornecido drones à Rússia, mas com a ressalva de que os equipamentos foram enviados "em número limitado" e antes da guerra, iniciada há oito meses.
Zelenski prontamente rebateu a informação e acusou o Irã de mentir sobre o envio de "número limitado" de drones. Ele disse que as forças ucranianas têm abatido ao menos dez desses equipamentos por dia.
"Se o Irã continuar mentindo sobre o óbvio, o mundo fará ainda mais esforços para investigar a cooperação terrorista entre os regimes russo e iraniano, bem como os pagamentos feitos pela Rússia por tal cooperação", disse Zelenski.
Em meio à retórica do líder ucraniano, os Estados Unidos estariam incentivando a Ucrânia a sinalizar uma abertura para negociar com a Rússia, informou neste domingo o "Washington Post", sem revelar as fontes.
A publicação no jornal americano diz ainda que o pedido de autoridades dos EUA não tem o objetivo de empurrar a Ucrânia para a mesa de negociações, mas proporcionar uma tentativa calculada de garantir que Kiev mantenha o apoio de outros países.
Na frente de batalha, um homem taiwanês de 25 anos que se ofereceu como voluntário contra as forças russas foi morto, tornando-se a primeira vítima de Taiwan desde que a invasão foi iniciada. Em seu relatório diário, o Exército ucraniano ainda acusou as forças russas de "destruir" instalações de "operações telefônicas ucranianas" na região de Kherson.
O Ministério da Defesa russo, por sua vez, disse que eliminou um armazém de mísseis e armas de artilharia das forças armadas ucranianas, incluindo 120 foguetes do sistema Himar, na região ocupada de Donetsk, no leste.
Também neste domingo, o papa Francisco, em viagem ao Bahrein, rezou pela "Ucrânia martirizada", para que a "guerra termine" após mais de oito meses de conflito.
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Há pouco mais de duas semanas, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, manifestou preocupação perante o Conselho da União Europeia ao dizer que, se a barragem explodisse, mais de 80 localidades, incluindo Kherson, seriam inundadas rapidamente.
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A administração dos ocupantes negou a intenção. A suspeita remete a um episódio da Segunda Guerra Mundial, em 1941, quando os soviéticos secretamente explodiram uma barragem rio acima, em Zaporíjia, para tentar deter o avanço alemão na região. Sem aviso prévio, milhares de civis e militares da então Ucrânia soviética morreram.
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Também neste domingo, o papa Francisco, em viagem ao Bahrein, rezou pela "Ucrânia martirizada", para que a "guerra termine" após mais de oito meses de conflito.