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O autor anglo-indiano Salman Rushdie foi atacado nesta sexta-feira quando se preparava para dar uma palestra em uma organização beneficente em Nova York, nos Estados Unidos. Não é primeira vez que ele, um dos maiores escritores de sua geração, é atacado, numa perseguição que remonta desde 1988, quando publicou "Os Versos Satânicos", romance de fantasia que foi considerado ofensivo a Maomé e à fé islâmica.
Então, o aiatolá Khomeini defendeu que o escritor fosse assassinado, e a perseguição foi mantida em vigor pelas mais altas autoridades religiosas do país em 2005.
O primeiro atentado contra sua vida foi em 1989, um ano após a publicação do livro, quando um terrorista preparou um livro-bomba, a ser entregue a Rushdie num hotel em Londres. A bomba acabou explodindo antes do planejado, matando o próprio autor do atentado, que foi sepultado como "o primeiro mártir a morrer em uma missão para matar Salman Rushdie".
Nesta sexta-feira, um homem branco, de cabelo raspado e com roupas camufladas por baixo de um casaco preto, invadiu o palco e esfaqueou o escritor de 75 anos no pescoço, segundo nota da polícia à BBC. O autor caiu no chão, foi socorrido e levado ao hospital de helicóptero.
A recompensa pela sua cabeça era de US$ 2,5 milhões em 1997, passando para mais de US$ 3,3 milhões em 2012. Apesar de oficialmente a fatwa -um decreto religioso, no caso, uma que ordenou a morte de Rushdie por blasfêmia a Maomé- já ter sido dita como encerrada em 1998 pelo ex-presidente iraniano Mohammad Khatami, na prática, a perseguição nunca parou.
Rushdie veio de uma família muçulmana liberal, mas hoje se considera ateu. Já em 1989, dizia "não acreditar em entidades sobrenaturais, sejam cristãs, judias, muçulmanas ou hindus". No ano seguinte, ele até tentou dizer publicamente que tinha renovado sua fé no Islã, condenando os ataques à religião feitos pelos personagens de seu romance. Posteriormente, disse que estava fingindo.
Ele também já deu declarações em que chama religiões de "uma forma medieval de irracionalidade", e criticou o "totalitarismo religioso" que teria surgido da união da Igreja com um Estado fortemente armado.
Numa lista divulgada em 2010, Rushdie aparecia como um dos alvos da Al-Qaeda, onde também estavam nomes como o de Stéphane Charbonnier, um dos cartunistas mortos no atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo, em 2015 . Em 2016, até meios de comunicação estatais do Irã se reuniram para arrecadar mais US$ 600 mil na recompensa pela cabeça do autor.
Desde o episódio envolvendo este que segue como seu livro mais célebre, Rushdie passou a viver sob forte segurança no Reino Unido, onde estudou desde a juventude. Ele vive nos Estados Unidos desde 2000.
O autor nascido em Bombaim venceu o Booker, principal prêmio da literatura em língua inglesa, por "Os Filhos da Meia-Noite" em 1981, e tem entre seus outros livros mais famosos "O Último Suspiro do Mouro" e "Oriente, Ocidente". Ele é publicado no Brasil pela Companhia das Letras.
Em "Joseph Anton", sua obra mais autobiográfica publicada há dez anos, ele conta as memórias de seus anos se escondendo da perseguição religiosa com o nome falso que intitula o livro.
Seu projeto literário é marcado pela exploração fantástica das tradições religiosas e culturais de diversas civilizações espalhadas pelo mundo, sempre com um estilo afiado e sem concessões. O incômodo provocado por "Os Versos Satânicos" envolvia o fato de o livro ficcionalizar a vida do profeta Maomé.
Durante o lançamento de seu livro mais recente, "Quichotte", no ano passado, ele deu entrevista a este jornal defendendo a reconstrução de verdades objetivas pelo jornalismo em um mundo cada vez mais conduzido por narrativas e crenças subjetivas. (Folhapress)
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Então, o aiatolá Khomeini defendeu que o escritor fosse assassinado, e a perseguição foi mantida em vigor pelas mais altas autoridades religiosas do país em 2005.
O primeiro atentado contra sua vida foi em 1989, um ano após a publicação do livro, quando um terrorista preparou um livro-bomba, a ser entregue a Rushdie num hotel em Londres. A bomba acabou explodindo antes do planejado, matando o próprio autor do atentado, que foi sepultado como "o primeiro mártir a morrer em uma missão para matar Salman Rushdie".
Nesta sexta-feira, um homem branco, de cabelo raspado e com roupas camufladas por baixo de um casaco preto, invadiu o palco e esfaqueou o escritor de 75 anos no pescoço, segundo nota da polícia à BBC. O autor caiu no chão, foi socorrido e levado ao hospital de helicóptero.
A recompensa pela sua cabeça era de US$ 2,5 milhões em 1997, passando para mais de US$ 3,3 milhões em 2012. Apesar de oficialmente a fatwa -um decreto religioso, no caso, uma que ordenou a morte de Rushdie por blasfêmia a Maomé- já ter sido dita como encerrada em 1998 pelo ex-presidente iraniano Mohammad Khatami, na prática, a perseguição nunca parou.
Rushdie veio de uma família muçulmana liberal, mas hoje se considera ateu. Já em 1989, dizia "não acreditar em entidades sobrenaturais, sejam cristãs, judias, muçulmanas ou hindus". No ano seguinte, ele até tentou dizer publicamente que tinha renovado sua fé no Islã, condenando os ataques à religião feitos pelos personagens de seu romance. Posteriormente, disse que estava fingindo.
Ele também já deu declarações em que chama religiões de "uma forma medieval de irracionalidade", e criticou o "totalitarismo religioso" que teria surgido da união da Igreja com um Estado fortemente armado.
Numa lista divulgada em 2010, Rushdie aparecia como um dos alvos da Al-Qaeda, onde também estavam nomes como o de Stéphane Charbonnier, um dos cartunistas mortos no atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo, em 2015 . Em 2016, até meios de comunicação estatais do Irã se reuniram para arrecadar mais US$ 600 mil na recompensa pela cabeça do autor.
Desde o episódio envolvendo este que segue como seu livro mais célebre, Rushdie passou a viver sob forte segurança no Reino Unido, onde estudou desde a juventude. Ele vive nos Estados Unidos desde 2000.
O autor nascido em Bombaim venceu o Booker, principal prêmio da literatura em língua inglesa, por "Os Filhos da Meia-Noite" em 1981, e tem entre seus outros livros mais famosos "O Último Suspiro do Mouro" e "Oriente, Ocidente". Ele é publicado no Brasil pela Companhia das Letras.
Em "Joseph Anton", sua obra mais autobiográfica publicada há dez anos, ele conta as memórias de seus anos se escondendo da perseguição religiosa com o nome falso que intitula o livro.
Seu projeto literário é marcado pela exploração fantástica das tradições religiosas e culturais de diversas civilizações espalhadas pelo mundo, sempre com um estilo afiado e sem concessões. O incômodo provocado por "Os Versos Satânicos" envolvia o fato de o livro ficcionalizar a vida do profeta Maomé.
Durante o lançamento de seu livro mais recente, "Quichotte", no ano passado, ele deu entrevista a este jornal defendendo a reconstrução de verdades objetivas pelo jornalismo em um mundo cada vez mais conduzido por narrativas e crenças subjetivas. (Folhapress)