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É nesse contexto que começam os debates da 77ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, que reunirão a maior parte dos líderes mundiais pela primeira vez desde a eclosão da Guerra da Ucrânia, em fevereiro. O tema deve dominar não só os discursos das autoridades, que começam na terça-feira (20) com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), mas também as rodas de negociações e reuniões bilaterais entre os líderes.
De um acordo de paz, é claro, não haverá qualquer vislumbre durante o encontro promovido em Nova York, segundo disse o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres. "Sinto que ainda estamos muito longe da paz. Acredito que a paz é essencial, paz de acordo com a Carta das Nações Unidas e com o direito internacional, mas estaria mentindo se dissesse que isso pode acontecer em breve", afirmou o português.
O grande objetivo da ONU nas discussões que envolvem a guerra é expandir o acordo que permite o comércio de grãos da Ucrânia, aumentando também as exportações de fertilizantes da Rússia em meio à crise de escassez de alimentos que se agrava sem fazer distinção de fronteiras.
Nesta semana, o russo Vladimir Putin ameaçou voltar a barrar as exportações ucranianas pelo mar Negro, principal ponto de escoamento da produção do país, e Guterres tem se envolvido diretamente na mediação do conflito, falando recorrentemente com os presidentes dos dois países.
Putin, aliás, não irá a Nova York. Em seu lugar, mandou o estridente chanceler Serguei Lavrov, que, como alvo de sanções da Casa Branca, até o último minuto não sabia se conseguiria viajar aos Estados Unidos. A ironia é que foi esta mesma ONU que deu prestígio a Lavrov, já que, antes de se tornar o líder da diplomacia de Moscou, ele foi embaixador na entidade por dez anos. de 1994 a 2004, e era conhecido pelo bom relacionamento com outras autoridades e lideranças.
Pelo acordo que estabeleceu em 1947 a sede da ONU em Nova York, os EUA devem garantir vistos a diplomatas estrangeiros para que possam acessar o edifício da organização. A Casa Branca, porém, diz que tem a prerrogativa de negar vistos por razões de segurança nacional.
Ao longo das últimas semanas, o Kremlin reclamou publicamente e afirmou que Washington estava violando suas obrigações, até que o governo americano decidiu na última terça-feira liberar a entrada de uma comitiva russa no país, mas não há expectativa de reuniões entre autoridades dos dois países adversários.
Esta será a primeira edição totalmente presencial desde a eclosão da pandemia de Covid-19, em 2020. Naquele ano, líderes mundiais discursaram de forma totalmente remota, sem que nenhum viajasse a Nova York em decorrência das restrições. Em 2021, parte deles falou de forma presencial, como Bolsonaro, e parte enviou um vídeo, como o dirigente da China, Xi Jinping.
A participação remota não estava prevista para a edição deste ano. Houve, no entanto, uma exceção para que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, possa enviar um vídeo gravado previamente e exibi-lo no plenário. A exceção foi aprovada pela Assembleia-Geral com 101 votos a favor e 7 contra, incluindo o da Rússia, que tentou barrar a medida. O Brasil se absteve, votando a favor de uma emenda rejeitada da Belarus para que não só Zelenski mas qualquer autoridade de país em guerra possa participar de forma remota –o que não foi aceito.
A 77ª Assembleia-Geral ocorre ainda em meio a uma série de questionamentos em relação à eficiência da própria ONU em evitar conflitos como a Guerra da Ucrânia, com mais de seis mees. Zelenski chegou a dizer em março, em discurso ao Congresso dos EUA, que "as guerras do passado levaram nossos predecessores a criarem instituições que deveriam evitá-las, mas que, infelizmente, não funcionam."
A jornalistas, o secretário-geral António Guterres saiu na defensiva e insistiu que a ONU é a maior provedora de ajuda humanitária do mundo. "Se há um momento em que a ONU é mais importante do que nunca, esse momento é agora", afirmou. "A ONU não pode ser limitada pelo fato de que os membros do Conselho de Segurança não conseguem chegar a um acordo para resolver a pior crise que enfrentamos", completou Guterres.
Entre as consequências da guerra, deve entrar na pauta ainda, além da alta do preço dos alimentos, a segurança energética, em meio a escassez de gás natural e o aumento da queima de carvão na Europa. Também na seara climática, as enchentes no Paquistão devem ocupar parte importante das discussões.
O encontro em Nova York também será afetado pelo funeral da rainha Elizabeth 2ª, que acontece um dia antes da abertura dos discursos e que levou autoridades para a Europa, como Bolsonaro. O americano Joe Biden, que tradicionalmente discursaria após o Brasil, também na terça-feira, adiou seu pronunciamento para o dia seguinte, quarta.
A Assembleia-Geral será, por fim, a estreia de uma série de novos líderes que chamaram atenção no cenário internacional. Pela esquerda, é o caso do novo presidente do Chile, Gabriel Boric, já tratado como estrela na Cúpula das Américas, nos EUA, em junho. À direita, é a primeira viagem para fora da Ásia do novo presidente das Filipinas, Ferdinand Bongbong Marcos Jr., filho do controverso ditador Ferdinand Marcos.
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É nesse contexto que começam os debates da 77ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, que reunirão a maior parte dos líderes mundiais pela primeira vez desde a eclosão da Guerra da Ucrânia, em fevereiro. O tema deve dominar não só os discursos das autoridades, que começam na terça-feira (20) com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), mas também as rodas de negociações e reuniões bilaterais entre os líderes.
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Nesta semana, o russo Vladimir Putin ameaçou voltar a barrar as exportações ucranianas pelo mar Negro, principal ponto de escoamento da produção do país, e Guterres tem se envolvido diretamente na mediação do conflito, falando recorrentemente com os presidentes dos dois países.
Putin, aliás, não irá a Nova York. Em seu lugar, mandou o estridente chanceler Serguei Lavrov, que, como alvo de sanções da Casa Branca, até o último minuto não sabia se conseguiria viajar aos Estados Unidos. A ironia é que foi esta mesma ONU que deu prestígio a Lavrov, já que, antes de se tornar o líder da diplomacia de Moscou, ele foi embaixador na entidade por dez anos. de 1994 a 2004, e era conhecido pelo bom relacionamento com outras autoridades e lideranças.
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Ao longo das últimas semanas, o Kremlin reclamou publicamente e afirmou que Washington estava violando suas obrigações, até que o governo americano decidiu na última terça-feira liberar a entrada de uma comitiva russa no país, mas não há expectativa de reuniões entre autoridades dos dois países adversários.
Esta será a primeira edição totalmente presencial desde a eclosão da pandemia de Covid-19, em 2020. Naquele ano, líderes mundiais discursaram de forma totalmente remota, sem que nenhum viajasse a Nova York em decorrência das restrições. Em 2021, parte deles falou de forma presencial, como Bolsonaro, e parte enviou um vídeo, como o dirigente da China, Xi Jinping.
A participação remota não estava prevista para a edição deste ano. Houve, no entanto, uma exceção para que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, possa enviar um vídeo gravado previamente e exibi-lo no plenário. A exceção foi aprovada pela Assembleia-Geral com 101 votos a favor e 7 contra, incluindo o da Rússia, que tentou barrar a medida. O Brasil se absteve, votando a favor de uma emenda rejeitada da Belarus para que não só Zelenski mas qualquer autoridade de país em guerra possa participar de forma remota –o que não foi aceito.
A 77ª Assembleia-Geral ocorre ainda em meio a uma série de questionamentos em relação à eficiência da própria ONU em evitar conflitos como a Guerra da Ucrânia, com mais de seis mees. Zelenski chegou a dizer em março, em discurso ao Congresso dos EUA, que "as guerras do passado levaram nossos predecessores a criarem instituições que deveriam evitá-las, mas que, infelizmente, não funcionam."
A jornalistas, o secretário-geral António Guterres saiu na defensiva e insistiu que a ONU é a maior provedora de ajuda humanitária do mundo. "Se há um momento em que a ONU é mais importante do que nunca, esse momento é agora", afirmou. "A ONU não pode ser limitada pelo fato de que os membros do Conselho de Segurança não conseguem chegar a um acordo para resolver a pior crise que enfrentamos", completou Guterres.
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