A Burberry, famosa marca de luxo britânica, anunciou que vai parar imediatamente de incinerar roupas, assessórios e perfumes não vendidos. Também não vai mais usar peles verdadeiras em seus produtos e irá tirar de linha as existentes.
Nos últimos cinco anos, o valor total de produtos destruídos pela Burberry ultrapassou 90 milhões de libras, o equivalente a cerca de R$ 446 milhões. A estratégia, revelada em uma das demostrações de resultado da empresa, era usada para impedir que os produtos fossem furtados ou vendidos a um valor abaixo do de mercado.
Ambientalistas e ativistas dos direitos dos animais reagiram quando foi divulgado que, somente no ano passado, a empresa incinerou produtos no valor total de 28,6 milhões de libras, cerca de R$ 141,7 milhões, para preservar a marca. Acionistas também reclamaram e pressionaram por mudanças.
Apesar de a notícia ter irritado consumidores e investidores, a decisão de incinerar produtos encalhados não surpreende o mundo da moda. Na ocasião, a empresa explicou que o ano de 2017 tinha sido atípico e que resolvera descartar 10 milhões de libras em perfumes depois de assinar um acordo com a companhia americana Coty, que havia produzido novos estoques.
Mas a marca britânica se viu pressionada a mudar para atender um mercado cada vez mais exigente e resistente a produtos e iniciativas não sustentáveis.
A Burberry, que atualmente usa peles de animais como coelho, raposa e guaxinim asiático em suas coleções, prometeu parar de usá-las no futuro. A empresa informa ainda que firmou parcerias para desenvolver novos tipos de material e reutilizar sobras de tecido.
Direito de imagem/ AFP / Apesar de não ter marcado data, Burberry prometeu parar de usar pele verdadeira de animaisA Fundação Peta (People for the Ethical Treatment of Animals, ou Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) disse à BBC que a decisão da Burberry é bem-vinda.
"As poucas casas de moda que se recusam a se modernizar e a ouvir a opinião pública que é contra o uso de pele verdadeira agora estão em evidência", disse Peta. "Se eles querem permanecer relevantes em uma indústria em constante mudança, não têm escolha a não ser parar de usar peles roubadas de animais para seus casacos, golas e punhos", complementou a entidade.
Esforço de reciclagem
A Burberry informou que já reutiliza, conserta, doa e recicla produtos que não foram vendidos, e prometeu vai aumentar os esforços para não destruir peças encalhadas.
No ano passado, a empresa iniciou uma parceria com a empresa Elvis & Kresse, marca de luxo que vende produtos sustentáveis, para que 120 toneladas de cortes de couro sejam transformados em novos produtos nos próximos cinco anos.
Ao mesmo tempo, a Burberry também criou um grupo com o Royal College of Art de Londres para criar novos materiais sustentáveis.
"Luxo moderno significa ser social e ambientalmente responsável", disse o executivo-chefe da Burberry, Marco Gobbetti.
"Essa crença é fundamental para nós na Burberry e fundamental para o nosso sucesso a longo prazo. Estamos comprometidos em aplicar o mesmo princípio em todas as partes da Burberry, como fazemos com nossos produtos."







