Brasil247 - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (25) que o país “lamenta profundamente” o que classificou como um “acidente trágico” no Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. O bombardeio israelense deixou ao menos 20 mortos, entre eles cinco jornalistas que faziam a cobertura do conflito, além de pacientes e equipes de resgate.
“Nosso conflito é contra os terroristas do Hamas. Nossos objetivos justos são derrotar o Hamas e trazer nossos reféns de volta para casa”, declarou Netanyahu em comunicado, segundo a agência Reuters.
Organizações de imprensa acusaram Israel de executar um ataque do tipo “double tap” — quando um primeiro disparo atinge o alvo e, em seguida, outro míssil atinge equipes de socorro e jornalistas que correm para o local.
Repercussão global e denúncias de crimes de guerra
A reação internacional foi imediata. O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou o bombardeio como “intolerável”, enquanto o chanceler britânico, David Lammy, disse estar “horrorizado” e voltou a pedir um cessar-fogo imediato. O governo da Alemanha afirmou estar “chocado” e cobrou investigação independente.
A ONU destacou que hospitais e jornalistas jamais podem ser alvos em guerras. O porta-voz do Escritório de Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, declarou que “o assassinato de jornalistas em Gaza deveria chocar o mundo não em silêncio, mas em ação”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que ainda não havia sido informado dos detalhes do ataque, mas reagiu com descontentamento: “Não estou feliz com isso. Não quero ver esse tipo de coisa acontecer”.
Escalada contra a imprensa
A Al Jazeera acusou Israel de tentar “enterrar a verdade” ao mirar profissionais de comunicação, destacando que seguirá transmitindo a cobertura. A Anistia Internacional classificou Gaza como o conflito mais letal da história recente para jornalistas — pelo menos 274 foram mortos desde outubro de 2023.
O ataque ao Hospital Nasser ocorreu menos de duas semanas após o assassinato de outro repórter da Al Jazeera, Anas al-Sharif, e quatro colegas em frente ao Hospital al-Shifa.
Mais de 62 mil palestinos morreram desde o início da ofensiva israelense em 2023, a maioria mulheres e crianças. Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant são alvo de mandados de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), acusados de crimes de guerra e genocídio.