O júri de um tribunal espanhol considerou neste sábado culpado um jovem brasileiro acusado de assassinar a sangue frio dois tios e dois primos em 2016, um crime que comoveu a Espanha.
Os nove membros do júri haviam iniciado suas deliberações ontem, e concluíram que François Patrick Nogueira, 21, matou intencionalmente seus familiares.
“Sabia o que era certo e errado, e as consequências. Não foi um ato errático, foi planejado”, indica a declaração do júri.
O juiz do tribunal da Audiência Provincial de Guadalajara, a cerca de 60 km de Madri, deve decidir agora a data da audiência em que será conhecida a sentença de Patrick Nogueira, que pode ser condenado à prisão perpétua.
O brasileiro fugiu pouco depois de cometer o assassinato para João Pessoa, Paraíba. Retornou à Espanha em outubro de 2016 e se entregou à polícia, convencido por sua família de que seria melhor cumprir pena na Espanha do que no Brasil.
O assassino confesso de seu tio por parte de mãe, a mulher dele e os dois filhos do casal, de 1 e 3 anos, disse em sua primeira declaração no começo do julgamento, em 24 de outubro, que pedia perdão à sua família e à família de sua tia Janaína.
A promotoria sustentou que o jovem brasileiro agiu de forma premeditada e pediu a pena máxima prevista no código penal espanhol, uma condenação perpétua que pode ser revisada a partir dos 25 anos de prisão.
Mas a defesa busca uma pena inferior, alegando “transtorno mental transitório” do réu e o atenuante de ele ter confessado o crime.
O brasileiro se defendeu alegando, na semana passada, que sentia emoções incontroláveis. “Notei que minhas emoções, o modo como me comporto, não é igual ao dos demais, é sempre agravado”, declarou Patrick Nogueira no tribunal.
O jovem chegou à casa dos tios no dia dos crimes com uma faca afiada, sacolas plásticas e fita de vedação.
Ele assassinou primeiro a tia, Janaína Santos Américo (39 anos) e os dois filhos do casal. Esperou a chegada do tio materno Marcos Campos (40 anos) e também o matou.
Os corpos dos adultos foram esquartejados e os pedaços, colocados em sacolas plásticas. Depois, Patrick Nogueira limpou a casa, a si mesmo, e esperou para pegar o ônibus de volta na manhã seguinte, de acordo com os documentos judiciais.
Os corpos foram encontrados um mês depois, graças a um funcionário da manutenção que alertou para o odor procedente da residência.
Enquanto cometia os crimes, Patrick Nogueira trocou mensagens por WhatsApp com um amigo no Brasil, Marvin Henriques, a quem “pedia conselhos, relatava o que estava fazendo e enviava fotografias dos cadáveres, recebendo por parte de seu interlocutor mensagens de incentivo”, afirma um documento judicial.