Joaquín "El Chapo" Guzmán é acusado de liderar o maior cartel de drogas do planeta e enviar mais de 155 toneladas de cocaína aos Estados Unidos durante 25 anos
AFP
O temido chefe do tráfico mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, acusado de liderar o maior cartel de drogas do planeta e de enviar mais de 155 toneladas de cocaína aos Estados Unidos durante 25 anos, começa a ser julgado nesta segunda-feira em Nova York sob medidas de segurança máxima.
Durante o processo, que se estenderá durante mais de quatro meses, o júri deve decidir se El Chapo, de 61 anos, considerado o maior traficante do mundo depois da morte do colombiano Pablo Escobar, é culpado ou não de 11 crimes de tráfico e distribuição de drogas, posse de armas e lavagem de dinheiro.
A condenação dele pode acarretar prisão perpétua.
O juiz do Brooklyn Brian Cogan e advogados de ambos os lados escolherão a portas fechadas, os 12 jurados que decidirão o destino de El Chapo. Seus nomes não serão revelados e eles serão escoltados até o tribunal por xerifes a cada dia.
Extraditado do México em janeiro de 2017, El Chapo é acusado de liderar entre 1989 e 2014 o impiedoso cartel de Sinaloa, o qual fundou e tornou a "maior organização de tráfico de drogas do mundo", segundo a acusação.
A Promotoria, que prepara o caso há anos, assegura que El Chapo enviou aos Estados Unidos ao menos 154.626 quilos de cocaína, além de várias toneladas de outras drogas, embolsando 14 bilhões de dólares.
El Chapo se declara inocente, mas o governo apresentou muitas evidências contra ele, tantas que a defesa diz não ter tempo de revisar: mais de 300 mil páginas de documentos e ao menos 117 mil gravações de áudio, além de centenas de fotos e vídeos.
A sua extradição há quase dois anos e seu julgamento são um grande triunfo para o governo americano, que nunca conseguiu extraditar e julgar Escobar, ex-chefe do cartel de Medellín que morreu em uma operação policial em 1993.
Julgamento muito caro
O advogado de El Chapo, Jeffrey Lichtman, disse à AFP que o monumental julgamento terá "centenas de testemunhas".
Heroy estima que o processo custará "mais de 50 milhões de dólares".
"Apresenta-se como o julgamento mais caro da história dos Estados Unidos", disse.
Um grande segredo rodeia o caso. Ninguém sabe, nem mesmo os advogados de El Chapo, quem serão seus ex-sócios, funcionários e rivais que testemunharão contra ele.
Os únicos que sabem são alguns que integram o programa de proteção à testemunha e receberam novas identidades, e que outros já estão na prisão e foram realocados em celas especiais para protegê-los.
A sua cooperação implica um risco de vida para eles e seus familiares, mas pode ajudá-los a reduzir sua pena.
Em sua cela de Manhattan, El Chapo fica sozinho 23 horas por dia. Os únicos que podem visitá-lo são seus três advogados e suas filhas gêmeas de sete anos, mas separados por um vidro.
Contudo, não pode ver sua esposa Emma Coronel, ex-rainha de beleza de um povoado do estado mexicano de Durango que se casou com ele aos 17 anos - agora tem 29 - e assistiu a quase todas as audiências, em geral com as gêmeas.