Nesta quinta-feira (3), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chegou à Hungria para uma visita oficial a convite do presidente húngaro Viktor Orbán, apesar de ser alvo de um mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza.

No entanto, o chefe de gabinete de Orbán anunciou hoje na agência de notícias estatal MTI a saída da Hungria do TPI e que o governo já começaria o processo de retirada no final do dia.

“O seu objetivo final é recuperar a capacidade de viajar para onde quiser. Com esta visita a um país onde não teme ser preso, está abrindo caminho para a normalização das suas viagens futuras, por exemplo, talvez à Alemanha, onde o futuro chanceler Friedrich Merz lhe garantiu que podia ir sem ser incomodado”, disse Moshe Klughaft, consultor e antigo conselheiro do líder israelense.

Até agora, Netanyahu nunca havia se deslocado a um dos 125 Estados-membros do TPI, como é o caso da Hungria, que tem a obrigação legal de prender o primeiro-ministro israelense. Já o ultranacionalista da extrema-direita Orbán convidou Netanyahu assim que o anúncio do TPI foi conhecido. Na ocasião, o dirigente húngaro afirmou estar chocado com uma decisão vergonhosa. Em resposta, o chefe do governo israelense elogiou a “clareza moral” da Hungria.

Netanyahu inicia uma visita oficial a Budapeste entre esta quinta-feira e domingo, a primeira à Europa desde o início da guerra em Gaza. O premiê israelense se reúne no palácio presidencial com seu aliado Orbán e busca nas conversações o apoio da Hungria ao plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o governo de Tel Aviv assumir o controle total do enclave palestino.

O primeiro-ministro de Israel já viajou a Washington após a emissão do mandado do TPI, mas os EUA não é signatário do tribunal.

O Tribunal Penal Internacional reiterou a obrigação legal de Budapeste e a sua responsabilidade para com os outros Estados-membros de executar as decisões. “Se os Estados têm dúvidas sobre a sua cooperação com o Tribunal, podem consultá-lo. Mas não lhes cabe determinar unilateralmente os méritos das decisões judiciais do TPI”, declarou o seu porta-voz, Fadi El Abdallah.

A Hungria havia assinado o Estatuto de Roma, o tratado fundador do TPI, em 1999, e o ratifico dois anos mais tarde, durante o primeiro mandato de Viktor Orbán. Entretanto, o governo de Budapeste não validou a convenção associada por razões constitucionais e alega que por isso que não é obrigada a cumprir as suas decisões.