A diretora executiva do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, declarou hoje na Cúpula para o Novo Pacto Financeiro Global, que acontece em Paris, que os países mais ricos já concordaram em redistribuir 100 bilhões de dólares provenientes da emissão de Direitos Especiais de Saque (DES) para os mais pobres. "O objetivo foi fixado em 100 bilhões de dólares e o atingimos", afirmou a líder do FMI.
 
Os DES são uma reserva de capital distribuída pelos membros do FMI, de acordo com as quotas, feito em 2021 no total de 650 bilhões de dólares (592 mil milhões de euros) e cuja alocação beneficia os países mais desenvolvidos, que têm uma quota maior no FMI e que não necessitam tanto destas reservas de capital.

Os países menos desenvolvidos, em especial os africanos, têm pedido repetidamente que uma parte não inferior a 100 bilhões de dólares seja canalizada para os países menos desenvolvidos, que enfrentam uma crise em dívidas e com os efeitos das alterações climáticas, que prejudicam o crescimento econômico.
 
Antes da Cúpula, a França e o Japão já haviam comunicado que, em conjunto, destinariam 30% dos seus DES para este efeito, contrariando a resistência de algumas nações europeias a emprestar este dinheiro ao FMI, que por sua vez o utilizaria para distribuir aos países mais necessitados.
 
A reciclagem destes direitos de saque faz parte de uma série de compromissos dos países ricos para com os países pobres que tardam em ser postos em prática, como o anúncio da distribuição de 100 bilhões de dólares por ano decidida na COP em 2009 que  visava o combate aos efeitos das alterações climáticas, mas que nunca foi concretizada.
  
"Cada vez que há uma reunião da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente (COP) fazem os mesmos anúncios, que haverá 100 bilhões de dólares por ano para os países pobres, mas nunca os vimos, nunca nos chegou", disse o presidente da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso, numa das reuniões que decorre no evento na capital francesa.