Em busca do "sonho americano", filho de casal de brasileiros, George Santos disputa uma vaga na Câmara dos Representantes, que funciona como a Câmara dos Deputados brasileira, e, junto ao Senado, forma o Congresso dos Estados Unidos.

George Santos é filiado ao partido Republicanos e concorre à vaga deixada pelo democrata Tom Suozzi no 3º Distrito do Congresso de Nova York. Ele disputa o cargo com o democrata Robert Zimmerman. A disputa é considerada "acirrada", de acordo com o boletim informativo Cook Political Report, que analisa as corridas eleitorais dos EUA.

Ambos os candidatos são abertamente gays. O que torna essa eleição histórica, já que é a primeira vez na história dos Estados Unidos que dois candidatos LBGTQI+ disputam a mesma vaga no Congresso. Além disso, segundo a ONG LGBTQ Victory Fund, há um record de candidaturas de pessoas queer — que não se identificam com um gênero específico e transitam entre eles — nas eleições de 2022 dos EUA: pelo menos 1.065 candidatos.

Em entrevista ao portal G1, o republicano afirma que se sentirá honrado caso a carreira sirva de inspiração para outras gerações, mas que este não é o foco da campanha. “A última coisa que você vai me ouvir dizendo na minha campanha é que eu (sou parte de uma) minoria, que eu sou gay. Nada disso importa, porque isso não muda a vida e o dia a dia de ninguém”, diz o candidato, ao sinalizar que quer ser eleito por ser qualificado, e não por sua orientação sexual.

"Eu lutei, eu trabalhei, eu estudei para isso. Então, eu quero me certificar de que isso não seja distorcido e pensarem: 'Ah, eu sou gay, então tudo que eu quiser vai vir aos meus pés'. Não, tem que correr atrás", afirma Santos.

Descendência brasileira
 
A mãe de George Santos é natural de Niterói, no Rio de Janeiro. Ela imigrou para os EUA ainda na década de 1980, para trabalhar como faxineira. Já o pai do candidato é um pintor de Belo Horizonte, que chegou nos EUA na mesma época. O casal se conheceu no país norte-americano.

George nasceu em 1988, em Nova York, onde foi criado pela mãe, após o divórcio dos pais. Antes de entrar para a vida pública, o republicano trabalhou no mercado financeiro, onde construiu uma carreira bem sucedida.

O candidato disse, em entrevista ao G1, que migrou para a política para defender o “sonho americano” para todos os filhos de imigrantes e também pelas crianças do país. “A gente tem um uma obrigação moral: deixar uma sociedade melhor, um país melhor, para a geração do futuro. E a gente não está fazendo isso na liderança da presidência atual", afirma Santos.

Para ele, o sonho americano é dar oportunidades, garantindo educação de qualidade e abertura para que cada um possa seguir a carreira que deseja. Ele alega que não vê essas políticas publicas no governo de Joe Biden.

Filiação ao Partido Republicano
 
George Santos se filiou ao Republicanos aos 18 anos. Ele afirma que é tradicionalmente conservador e se identifica com os princípios do partido. Segundo ele, crescer em Nova York, que foi administrada por prefeitos republicanos entre 1994 e 2013, influenciou profundamente sua visão política, tendo em vista o histórico de administração da cidade.

"Eu cresci numa cidade maravilhosa", diz. "No momento em que ela mudou para [o comando] democrata, a gente viu a destruição da cidade ano após ano. Uma destruição visível de qualidade de vida, de segurança, de tudo”, completa Santos.

“O básico era bom, diante um mandato republicano. Hoje, o básico, diante um mandato democrata, é ruim”, aponta o candidato, ao defender que para quem cresce na pobreza, como aconteceu com ele, a qualidade do governo fica mais evidente.

Quanto à sua integração no Partido Republicano, naturalmente conservador, o candidato conta que não tem reclamações. Santos relata que nunca sofreu preconceito por sua orientação sexual dentro do partido e destaca o fato de ter sido nomeado para a disputa eleitoral de 2022 de forma unânime pelos colegas.

“Não é uma competição, eu não estou concorrendo com os democratas para ver quem tem mais gays. Para mim, é isso. Sou um homem gay, sou republicano e decidi concorrer ao congresso”, afirma Santos.