PANDEMIA

Os Estados Unidos "estão fracassando" na luta contra a pandemia de COVID-19, alertou neste domingo (8/8) um funcionário do alto escalão da saúde pública do governo norte-americano, no momento em que o país registra os níveis mais altos de infecções em seis meses.


O aumento da presença da variante Delta do novo coronavírus, altamente transmissível, trouxe uma série de más notícias aos Estados Unidos, país com maior número de mortos por COVID-19 no mundo, com mais de 616 mil.

O total de novos casos diários chegou a 118 mil, maior nível desde fevereiro, enquanto as mortes aumentaram 89% nas últimas duas semanas, apesar de estarem diminuindo levemente no mundo. Os hospitais infantis em estados como a Flórida estão sobrecarregados, à medida que os jovens são cada vez mais afetados.

"Nunca deveríamos ter chegado onde estamos", disse Francis Collins, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), no programa This Week da ABC. "Sim, estamos falhando."

Os temores sobre essa cepa levaram ao aumento das taxas de vacinação. Ainda assim, milhões de pessoas, especialmente nas áreas de maioria conservadora, permanecem céticas, apesar dos estudos que confirmam a segurança das vacinas.

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Aumento de casos da variante Delta elevou desafio dos EUA na luta contra a COVID-19

(foto: Kena Betancur/AFP)

 

"Não estaríamos onde estamos com este aumento da Delta se tivéssemos sido mais eficazes na vacinação de todos", afirmou Collins. "Agora estamos pagando um preço terrível."

Próxima aprovação de vacinas


Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, destacou em entrevista à NBC a potencial aprovação final, neste mês, de vacinas-chave pela agência federal de medicamentos (FDA). Até o momento, as vacinas contra o novo coronavírus foram aprovadas para uso emergencial.


Fauci, que assessora o presidente Joe Biden na área de saúde, alertou que, caso não se controle a variante delta, aumentarão as chances de surgimento de uma nova variante, "que poderia ser mais problemática".

Temendo um aumento dos casos de COVID-19, os organizadores do Festival de Jazz de Nova Orleans anunciaram hoje o cancelamento do evento, previsto para outubro.

Os menores de 12 anos ainda não são elegíveis para a imunização, e Francis Collins advertiu que se os milhões de crianças que voltarem ao ensino presencial não forem obrigados a usar máscara, "esse vírus se espalhará mais amplamente". Segundo o especialista, o número de crianças internadas com COVID-19 está em um pico de 1,45 mil.

Batalha contra a máscara


O Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) tuitou hoje que mesmo crianças assintomáticas podem transmitir o vírus e defenderam o uso de máscaras "em ambientes fechados, incluindo as escolas".


O secretário de Educação, Miguel Cardona, exortou na CBS neste domingo as escolas, muitas das quais têm clínicas de vacinação gratuitas, a "deixarem os líderes educacionais liderarem".

Na Flórida, um dos estados mais afetados pelo aumento de casos, o governador Ron DeSantis desencadeou protestos furiosos ao proibir distritos escolares de exigirem o uso de máscaras.

Francis Collins, por sua vez, expressou preocupação com a politização dos debates sobre a vacina e o uso da máscara: "Esta não é uma declaração política, nem uma violação da sua liberdade. Trata-se de um dispositivo médico que salva vidas".