Um estudo divulgado pelo Observatório de Conflitos — um grupo de pesquisa independente financiado pelo Departamento de Estado americano — denuncia que a Rússia transferiu pelo menos 6 mil crianças ucranianas para campos de "reeducação". Se comprovado, isso pode ser considerado um crime de guerra.

De acordo com o relatório, desde o início da guerra, em 24 de fevereiro passado, crianças — às vezes, bebês de 4 meses — foram levadas para 43 acampamentos em toda a Rússia, inclusive na Crimeia, região anexada por Moscou, e na Sibéria, para receber "educação patriótica" pró-Moscou.

"É inconcebível que se trate de transferências e deslocamentos forçados de crianças", destaca o trabalho realizado pelo laboratório de pesquisa humanitária da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. O relatório pede às autoridades russas que "parem imediatamente" essas realocações e "devolvam as crianças às suas famílias".

Nathaniel Raymond, um dos pesquisadores que realizaram o estudo, enfatiza que a situação configura uma "evidente violação" da Quarta Convenção de Genebra sobre o tratamento de civis em tempos de guerra. "Essas atividades podem, em alguns casos, constituir crimes de guerra, ou crimes contra a humanidade", assinalou.

Imagens

O Observatório, que cita imagens de satélite e depoimentos, insta Moscou a fornecer registros dessas crianças e permitir "o acesso de observadores independentes" aos locais em elas que estão. O relatório identifica 43 estabelecimentos, para onde os pequenos ucranianos foram realocados, a alguns milhares de quilômetros de suas casas.

Segundo a investigação, o Kremlin aprovou essa política e há um "esforço sistemático para evitar o contato entre crianças e seus parentes na Ucrânia, bem como seu retorno, e reeducá-las para se tornarem pró-russas". Os menores também estariam sendo colocados para adoção na Rússia, de acordo com a investigação.

Anteriormente, o observatório havia denunciado a realocação forçada de ucranianos nas partes orientais do país controladas por Moscou e as atrocidades cometidas por essas tropas nos quase 12 meses de conflito.