WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Escolhido para chefiar o Departamento de Justiça por Donald Trump, o ex-deputado da Flórida Matt Gaetz afirmou nesta quinta-feira (21) que vai retirar a indicação para o cargo.

A decisão foi tomada em meio às chances de ele ter a nomeação negada pelo Senado e enquanto enfrenta acusações de má-conduta sexual. Trata-se da primeira baixa na equipe anunciada por Trump até agora.

"Não há tempo a perder em uma disputa desnecessariamente prolongada em Washington, portanto, retirarei meu nome da consideração para servir como Procurador-Geral. O Departamento de Justiça de Trump deve estar em funcionamento e pronto no dia 1", escreveu Gaetz no X.

"Tive reuniões excelentes com os Senadores ontem. Agradeço o feedback atencioso deles - e o apoio incrível de tantos. Embora o ímpeto tenha sido forte, está claro que minha confirmação estava se tornando injustamente uma distração para o trabalho crítico da Transição Trump/Vance", disse.

Nesta terça (20), o Comitê de Ética da Câmara dos Estados Unidos reuniu-se nesta quarta-feira (20), mas terminou se m acordo sobre a decisão de divulgar ou não o relatório sobre o suposto caso de má conduta sexual cometidoGaetz renunciou à sua cadeira na Câmara dias antes de o Comitê de Ética decidir sobre divulgar o relatório de uma investigação, iniciada em 2021, sobre relatos de uma mulher que diz ter tido relações sexuais com ele quando tinha 17 anos, e a respeito do uso de drogas. A renúncia foi vista como uma tentativa do ex-deputado de evitar a divulgação das acusações que pesam contra ele.

Nesta terça, uma reportagem do New York Times afirmou que uma investigação federal descobriu uma série de pagamentos realizados por Gaetz e um grupo de amigos a mulheres, entre elas uma adolescente de 17 anos, que participaram de festas sexuais entre 2017 e 2020. Como o Departamento de Justiça não o denunciou formalmente, o documento ficou em segredo, mas está com o Comitê de Ética da Câmara.

Nesta semana, um hacker não identificado também obteve acesso a um arquivo de computador compartilhado em um link seguro entre advogados cujos clientes deram depoimentos prejudiciais relacionados a Gaetz. O arquivo de 24 documentos inclui o depoimento juramentado da mulher que disse ter feito sexo com o ex-deputado quando tinha 17 anos, bem como o depoimento corroborante de uma segunda mulher que disse ter testemunhado o encontro.

Apesar de os republicanos na Câmara terem atuado nesta terça para manter o sigilo das informações e evitar ainda mais ruídos em torno da nomeação de Trump, senadores do partido do presidente eleito já expressavam contrariedade com a escolha.

Nesta quarta, Gaetz foi ao Congresso acompanhado do vice-presidente eleito, J. D. Vance, para reunião com os parlamentares na tentativa de melhorar o clima. As chances de Gaetz ser rejeitado pelo Senado eram consideráveis, por isso ele tomou a decisão de retirar a indicação.

Nos bastidores, assessores parlamentares reclamam que ele xingou senadores. Por isso, não há certeza que os republicanos darão a totalidade dos votos para aprová-lo. Segundo o jornal The New York Times, o próprio Trump sabe disso, mas tem insistido em manter a nomeação. O presidente eleito tem participado de alguma forma da ofensiva para garantir apoio ao aliado no Senado. Outros republicanos têm atuado também para angariar votos.