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Descoberto na Argentina dinossauro gigante de mais de 200 milhões de anos

09/07/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h35 por Admin


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Agence France Presse
Hoje em Dia

Uma equipe de pesquisadores descobriu restos de uma espécie de dinossauro gigante, a mais antiga, de mais de 200 milhões de anos, em um sítio paleontológico no oeste da Argentina, informou nesta segunda-feira (9) uma fonte científica.

A espécie, batizada de Ingenia prima, tem cerca de três vezes o tamanho dos maiores dinossauros do Triássico e foi encontrada em 2015 no sítio de Balde de Leyes, na província de San Juan, 1.100 km ao oeste de Buenos Aires.

A descoberta foi publicada nesta segunda-feira na revista especializada Nature Ecology & Evolution e divulgada na Argentina pela Agência de Divulgação Científica (CTyS) da Universidade Nacional de La Matanza.

"Quando o encontramos, percebemos que era um pouco diferente. Encontramos uma forma, a primeira gigante, entre todos os dinossauros. Essa é a novidade", afirma Cecilia Apaldetti, pesquisadora do Instituto e Museu de Ciências Naturais da Universidade de San Juan (IMCN) e do Conicet (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas).

Os pesquisadores encontraram algumas vértebras do pescoço e do rabo, ossos das patas anteriores e partes das traseiras.

Segundo Apaldetti, coautora do estudo, esta espécie "mostra uma estratégia de crescimento desconhecida até agora e indica que a origem do gigantismo ocorreu muito antes do que se pensava".

Tratam-se de "dinossauros herbívoros, quadrúpedes e que são facilmente identificáveis por terem o pescoço e o rabo muito compridos, do grupo dos saurópodes", disse.

Até esta descoberta se considerava que o gigantismo tinha surgido durante o período Jurássico, há 180 milhões de anos aproximadamente.

O pesquisador Ricardo Martínez, também coautor do trabalho, afirmou que o Ingenia prima data do Triássico Superior, "possivelmente 205 milhões de anos" atrás.

A equipe trabalha nos níveis do Triássico, época em que os dinossauros começaram a aparecer. Os primeiros eram pequenos, mas à medida que foram evoluindo, tenderam ao gigantismo para se defenderem dos predadores.

Segundo os cientistas, Ingenia prima é o primeiro dinossauro a atingir o gigantismo, e embora tenha estado longe das 70 toneladas que pesaram os saurópodes maiores do fim do Cretáceo, a velocidade de acumulação de tecido ósseo era maior que nas espécies de sua época e nos maiores gigantes que habitaram a Patagônia, ao sul da Argentina.

Crescimento cíclico

Os cortes ósseos do dinossauro mostram que tinha crescimento cíclico, sazonal, com um tipo de tecido diferente do de outros saurópodes, o que permitia um crescimento muito rápido.

Estima-se que a espécie tenha alcançado entre oito e dez metros, já que o exemplar encontrado, que media entre seis e sete metros, era juvenil e se encontrava ainda em desenvolvimento; e que pesava aproximadamente 10 toneladas, o equivalente a dois ou três elefantes africanos.

Outra característica da espécie é a existência de "cavidades pneumáticas" nos ossos que deixavam o peso mais leve e teriam favorecido seu crescimento, explica o trabalho.

O dinossauro foi encontrado no sítio de Balde de Leyes, em San Juan, descoberto em 2001 e do qual foram extraídos centenas de espécimes a partir de 2014. O sítio, de milhares de hectares, era uma espécie de savana no fim do Triássico.