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Só podem sair os poucos que trabalham fora ou quem precisa ir ao médico, à farmácia ou ao supermercado, atividades quase sempre desempenhadas pelos adultos.Aos idosos, que são os mais frágeis à doença, o governo pede para que evitem sair mesmo nas situações acima. Muitos estão recebendo suas compras feitas por parentes e vizinhos ou recorrendo à entrega a domicílio.
Já as crianças não têm mesmo nenhum motivo para colocar os pés para fora. As escolas estão fechadas, assim como os parques e as outras atividades de esporte e lazer. É por isso que surgiram nas últimas semanas ideias para conectar essas duas pontas isoladas e distantes. Uma delas incentiva as crianças a enviar cartas e desenhos aos moradores de um asilo. Outra organiza telefonemas entre as duas gerações.
"Para os idosos, é devastador ter que cortar a relação com familiares e amigos. Muitos não são mais casais, vivem realmente sozinhos. Com o passar dos dias, isso se torna muito difícil", diz Silvia Cocchi, coordenadora das ações educativas da diocese de Bolonha, no norte do país.
Ao conversar com uma funcionária de um centro de assistência social, uma rede tradicional italiana que orienta os cidadãos a resolverem todo tipo de problema, Cocchi ouviu que os idosos da cidade estavam ligando mais para conversar do que para pedir ajuda. "Ninguém queria resolver documentos e indenizações, como de costume. Queriam falar, falar, falar."
Assim nasceu o projeto Adote um Avô, idealizado por ela, que pretende estabelecer uma frequência de telefonemas entre crianças e idosos. Os primeiros estão sendo selecionados pelas escolas, enquanto o segundo grupo é identificado pelo centro de assistência.
As crianças que topam participar preenchem um formulário em que indicam os melhores horários para os contatos e os assuntos preferidos, como história, culinária e cultura. As ligações duram cerca de meia hora.
"Cozinha e natureza são os mais escolhidos. Fizemos assim para ajudar a criança a estruturar a conversa. Mas estamos percebendo que, depois dos primeiros minutos, elas vão sozinhas, e as conversas se tornam diálogos sobre memórias e experiências. Vira um relacionamento e é isso que os idosos mais precisam agora", conta Cocchi.
O projeto começou pra valer na semana antes da Páscoa e atualmente envolve 20 crianças, de 6 a 11 anos, e 20 idosos.
A faixa de idade dos pequenos é a mesma do projeto Cartas para os Vovôs, criado pela casa de repouso Ca' Arnaldi, numa cidade perto de Vicenza, também no norte da Itália. A ideia é que as crianças enviem cartas e desenhos para os 120 idosos que moram ali.
"No começo de março, precisamos fechar nossa estrutura aos familiares e a outros visitantes para proteger os moradores do vírus. Os nossos idosos ficaram isolados do resto da comunidade. Vi que era hora de reativar projetos que já tínhamos feitos com as escolas", conta Paola Benetti, pedagoga da Ca' Arnaldi.
Há cerca de um mês em ação, a iniciativa já recebeu mais de uma centena de mensagens. As crianças fazem tudo em casa e mandam fotos, com a ajuda dos pais, por celular ou email. E a equipe do asilo imprime e distribui aos idosos ou pendura nas paredes.
"Cara senhora Marta", começa uma carta de uma aluna do sexto ano. "Te escrevo porque espero que, ao ler isto, seu tempo passe mais rápido. (...) É um período difícil para todos e mesmo nós, acostumados a estar com os amigos, ir à escola e treinar, não podemos nem mesmo sair do portão de casa!"
A menina de 12 anos continua: "Pela televisão, falam de uma leve melhora. (...) Não será uma coisa imediata, mas aos poucos sairemos deste pesadelo. (...) Ouvi que até nas casas de repouso aconteceram contaminações e que cresce o medo entre os idosos. (...) Fizeram o teste em vocês?".A adolescente, Maddalena, 14, enviou cartazes com a frase "Fiquemos longe hoje para nos abraçarmos amanhã".
"Acho justo presentear um sorriso às pessoas que estão sozinhas, não têm ninguém por perto", contou à Folha de S.Paulo. "Escolhi essa frase porque, além de dar esperança, ela nos faz entender que devemos respeitar as regras para haver um futuro melhor."
Já Matteo, 11, topou mandar uma mensagem porque ali, no mesmo asilo, viveu sua avó Ernesta. "Quando eu ia encontrá-la, pude ver os outros idosos e entendi que, agora, eles precisavam de companhia."
A pedagoga comenta a reação dos residentes, que começaram a responder às cartas. "Eles também encorajam as crianças a aguentar firme e contam de suas vivências, lembranças de guerra e dificuldades em suas próprias juventudes. Dizem sempre: 'Isto também vai passar'", afirma Benetti.
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Já as crianças não têm mesmo nenhum motivo para colocar os pés para fora. As escolas estão fechadas, assim como os parques e as outras atividades de esporte e lazer. É por isso que surgiram nas últimas semanas ideias para conectar essas duas pontas isoladas e distantes. Uma delas incentiva as crianças a enviar cartas e desenhos aos moradores de um asilo. Outra organiza telefonemas entre as duas gerações.
"Para os idosos, é devastador ter que cortar a relação com familiares e amigos. Muitos não são mais casais, vivem realmente sozinhos. Com o passar dos dias, isso se torna muito difícil", diz Silvia Cocchi, coordenadora das ações educativas da diocese de Bolonha, no norte do país.
Ao conversar com uma funcionária de um centro de assistência social, uma rede tradicional italiana que orienta os cidadãos a resolverem todo tipo de problema, Cocchi ouviu que os idosos da cidade estavam ligando mais para conversar do que para pedir ajuda. "Ninguém queria resolver documentos e indenizações, como de costume. Queriam falar, falar, falar."
Assim nasceu o projeto Adote um Avô, idealizado por ela, que pretende estabelecer uma frequência de telefonemas entre crianças e idosos. Os primeiros estão sendo selecionados pelas escolas, enquanto o segundo grupo é identificado pelo centro de assistência.
As crianças que topam participar preenchem um formulário em que indicam os melhores horários para os contatos e os assuntos preferidos, como história, culinária e cultura. As ligações duram cerca de meia hora.
"Cozinha e natureza são os mais escolhidos. Fizemos assim para ajudar a criança a estruturar a conversa. Mas estamos percebendo que, depois dos primeiros minutos, elas vão sozinhas, e as conversas se tornam diálogos sobre memórias e experiências. Vira um relacionamento e é isso que os idosos mais precisam agora", conta Cocchi.
O projeto começou pra valer na semana antes da Páscoa e atualmente envolve 20 crianças, de 6 a 11 anos, e 20 idosos.
A faixa de idade dos pequenos é a mesma do projeto Cartas para os Vovôs, criado pela casa de repouso Ca' Arnaldi, numa cidade perto de Vicenza, também no norte da Itália. A ideia é que as crianças enviem cartas e desenhos para os 120 idosos que moram ali.
"No começo de março, precisamos fechar nossa estrutura aos familiares e a outros visitantes para proteger os moradores do vírus. Os nossos idosos ficaram isolados do resto da comunidade. Vi que era hora de reativar projetos que já tínhamos feitos com as escolas", conta Paola Benetti, pedagoga da Ca' Arnaldi.
Há cerca de um mês em ação, a iniciativa já recebeu mais de uma centena de mensagens. As crianças fazem tudo em casa e mandam fotos, com a ajuda dos pais, por celular ou email. E a equipe do asilo imprime e distribui aos idosos ou pendura nas paredes.
"Cara senhora Marta", começa uma carta de uma aluna do sexto ano. "Te escrevo porque espero que, ao ler isto, seu tempo passe mais rápido. (...) É um período difícil para todos e mesmo nós, acostumados a estar com os amigos, ir à escola e treinar, não podemos nem mesmo sair do portão de casa!"
A menina de 12 anos continua: "Pela televisão, falam de uma leve melhora. (...) Não será uma coisa imediata, mas aos poucos sairemos deste pesadelo. (...) Ouvi que até nas casas de repouso aconteceram contaminações e que cresce o medo entre os idosos. (...) Fizeram o teste em vocês?".A adolescente, Maddalena, 14, enviou cartazes com a frase "Fiquemos longe hoje para nos abraçarmos amanhã".
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Já Matteo, 11, topou mandar uma mensagem porque ali, no mesmo asilo, viveu sua avó Ernesta. "Quando eu ia encontrá-la, pude ver os outros idosos e entendi que, agora, eles precisavam de companhia."
A pedagoga comenta a reação dos residentes, que começaram a responder às cartas. "Eles também encorajam as crianças a aguentar firme e contam de suas vivências, lembranças de guerra e dificuldades em suas próprias juventudes. Dizem sempre: 'Isto também vai passar'", afirma Benetti.