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string(96) "Caso de mulher dopada e estuprada por mais de 50 homens durante 10 anos choca a França; entenda"
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string(7859) ""A polícia salvou minha vida", disse nesta quinta-feira (5/9) em um tribunal Gisèle P., que foi dopada pelo marido por 10 anos para ser estuprada por dezenas de homens contatados on-line na França. A vítima começou seu depoimento no tribunal criminal de Avignon, no sul de França, no quarto dia deste grande julgamento contra 51 homens, incluindo seu marido, por estupro qualificado.
Este caso, que horrorizou a França, foi revelado por acaso quando seu marido Dominique P., 71 anos, foi preso em 2020 filmando por baixo das saias de clientes de um shopping center. Os investigadores encontraram em seu computador milhares de fotos e vídeos da vítima, visivelmente inconsciente, enquanto dezenas de estranhos a estupravam.
"Meu mundo está desabando, tudo está desabando, tudo que construí durante 50 anos", disse Gisèle P., lembrando o momento em que a polícia lhe mostrou algumas fotos no dia 2 de novembro de 2020.
Na imagem, "estou inerte, na minha cama e estão me estuprando. São cenas bárbaras", relatou aos cinco magistrados sobre os estupros organizados por Dominique P., pai de seus filhos.
Nesse dia, a vítima se recusou a ver os vídeos encontrados pelos investigadores dos cerca de 200 estupros sofridos, primeiro na região de Paris e depois em Mazan, no sul de França, até 2020. Alguns acusados alegam que não sabiam que o marido administrava comprimidos para dormir e que pensavam que se tratava de um casal libertino, algo que a vítima negou no início do seu depoimento.
"Não fale comigo sobre cenas de sexo. São cenas de estupro. Nunca pratiquei (...) troca de parceiro. Gostaria de deixar isso claro", disse a mulher. E diante do "senhor P.", de quem está se divorciando e que a ouviu de cabeça baixa, ela acrescenta: "Sou como um boxeador que desmaia e toda vez tem que se levantar".
Os réus podem pegar até 20 anos de prisão neste julgamento que deve durar até o final de dezembro. Na próxima semana está marcado o primeiro interrogatório dos principais acusados.
O julgamento
Os réus, incluindo o marido, Dominique P., aposentado de 71 anos, estão sendo julgados desde a última segunda-feira (2/9), em Avignon (sul da França), por estupros qualificados em sua maioria, cometidos entre 2011 e 2020, pelos quais podem ser condenados a até 20 anos de prisão. Os crimes ocorreram principalmente na cidade de Mazan, para onde o casal havia se mudado após a aposentadoria.
Os cerca de 200 estupros contra Gisèle P., atualmente com 72 anos, são atribuídos a 72 indivíduos, dos quais, após dois anos de investigações, a polícia identificou inicialmente 54. Dois foram liberados por falta de provas e um terceiro morreu.
"Escolhi formar uma equipe muito restrita de quatro investigadores", relatou o comissário Jérémie Bosse Platière no tribunal. "E escolhi pessoas suficientemente fortes para enfrentar as imagens", acrescentou, sublinhando que as investigações foram longas e tediosas.
O trabalho foi facilitado pelas milhares de imagens, vídeos e fotos, gravadas pelo marido. Os materiais foram registrados em um disco rígido e depois meticulosamente descritos com nome, idade e até o número de telefone dos indivíduos e classificados em um arquivo chamado "abusos".
O marido também mantinha um material específico para cada um dos homens que estuprava sua esposa. "Uma lista foi elaborada para cada indivíduo, de acordo com o número do arquivo", precisou o comissário. O objetivo era então identificar "Chris, o bombeiro", "Quentin", "Gaston" ou "David".
Os policiais usaram vários registros de ligações telefônicas e conversas entre o marido e os agressores de sua esposa. Essas conversas começavam online, no site de encontros Coco.fr, e depois eram transferidas para uma sala privada deste mesmo site, fechado desde junho pela justiça por ser um "local de predadores". Seguiam, então, pelo Skype ou por telefone.
Os filhos
Os filhos da mulher drogada e estuprada por dezenas de estranhos durante 10 anos ficaram abalados na terça-feira (3) ao ouvirem o longo e frio resumo dos abusos organizados pelo seu pai, durante o julgamento na França. Embora a mulher parecesse firme, os três filhos do casal, sentados ao lado da mãe, tiveram mais dificuldade em conter a emoção. Por duas vezes, sua filha, Caroline Darian, saiu do tribunal chorando e tremendo.
O presidente do tribunal, Roger Arata, explicava naquele momento as fotomontagens em que Darian aparecia nua. As imagens estavam em uma pasta no computador de seu pai, de 71 anos, intitulada "Sobre minha filha, nua".
"Caroline teve que sair. Foi absolutamente insuportável. Mesmo que não tenham descoberto nada de novo", explicou o advogado dos filhos e da mãe, Antoine Camus, para quem a provação desta terça-feira foi "difícil", mas "necessária".
Gisèle P. e seus filhos se opuseram com sucesso na segunda-feira ao pedido da Promotoria e de parte da defesa que queriam que este caso emblemático de estupro com submissão química fosse realizado a portas fechadas. Depois de voltar para a sala, Darian parou por alguns segundos em frente ao banco onde estão os 18 réus em prisão preventiva, mas ninguém encontrou seu olhar, nem seu pai, a quem ela agora chama apenas de "genitor".
A mulher, que publicou um livro intitulado "E parei de te chamar de pai" em 2022, "queria segurar o olhar dele por muito tempo para ver até onde ele poderia ir em suas negações", explicou o advogado Camus.
Ao longo da exposição dos fatos, detalhados pelo juiz Arata de forma fria, Dominique P. manteve-se tranquilo, conversando ocasionalmente com a sua advogada Béatrice Zavarro ou olhando ao redor da sala. Junto com ele, os outros 17 réus estão em prisão preventiva por estuprar Gisèle P. diversas vezes, alguns até seis vezes, ou por cometerem os estupros mais graves.
Alguns têm um longo histórico de condenações por violência doméstica ou estupro, por vezes de crianças, por dependência de drogas ou álcool, e de atração por práticas pedófilas ou zoofilia. Além dos principais acusados, apenas 50 dos 72 agressores que aparecem nas fotos e vídeos puderam ser identificados. Destes, 32 comparecem em liberdade ao tribunal e um é julgado à revelia. (AFP)
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string(131) "Gisele P. (ao centro) escoltada por seu advogado e um de seus filhos fala à mídia ao sair do tribunalFoto: Christophe SIMON / AFP"
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"Meu mundo está desabando, tudo está desabando, tudo que construí durante 50 anos", disse Gisèle P., lembrando o momento em que a polícia lhe mostrou algumas fotos no dia 2 de novembro de 2020.
Na imagem, "estou inerte, na minha cama e estão me estuprando. São cenas bárbaras", relatou aos cinco magistrados sobre os estupros organizados por Dominique P., pai de seus filhos.
Nesse dia, a vítima se recusou a ver os vídeos encontrados pelos investigadores dos cerca de 200 estupros sofridos, primeiro na região de Paris e depois em Mazan, no sul de França, até 2020. Alguns acusados alegam que não sabiam que o marido administrava comprimidos para dormir e que pensavam que se tratava de um casal libertino, algo que a vítima negou no início do seu depoimento.
"Não fale comigo sobre cenas de sexo. São cenas de estupro. Nunca pratiquei (...) troca de parceiro. Gostaria de deixar isso claro", disse a mulher. E diante do "senhor P.", de quem está se divorciando e que a ouviu de cabeça baixa, ela acrescenta: "Sou como um boxeador que desmaia e toda vez tem que se levantar".
Os réus podem pegar até 20 anos de prisão neste julgamento que deve durar até o final de dezembro. Na próxima semana está marcado o primeiro interrogatório dos principais acusados.
O julgamento
Os réus, incluindo o marido, Dominique P., aposentado de 71 anos, estão sendo julgados desde a última segunda-feira (2/9), em Avignon (sul da França), por estupros qualificados em sua maioria, cometidos entre 2011 e 2020, pelos quais podem ser condenados a até 20 anos de prisão. Os crimes ocorreram principalmente na cidade de Mazan, para onde o casal havia se mudado após a aposentadoria.
Os cerca de 200 estupros contra Gisèle P., atualmente com 72 anos, são atribuídos a 72 indivíduos, dos quais, após dois anos de investigações, a polícia identificou inicialmente 54. Dois foram liberados por falta de provas e um terceiro morreu.
"Escolhi formar uma equipe muito restrita de quatro investigadores", relatou o comissário Jérémie Bosse Platière no tribunal. "E escolhi pessoas suficientemente fortes para enfrentar as imagens", acrescentou, sublinhando que as investigações foram longas e tediosas.
O trabalho foi facilitado pelas milhares de imagens, vídeos e fotos, gravadas pelo marido. Os materiais foram registrados em um disco rígido e depois meticulosamente descritos com nome, idade e até o número de telefone dos indivíduos e classificados em um arquivo chamado "abusos".
O marido também mantinha um material específico para cada um dos homens que estuprava sua esposa. "Uma lista foi elaborada para cada indivíduo, de acordo com o número do arquivo", precisou o comissário. O objetivo era então identificar "Chris, o bombeiro", "Quentin", "Gaston" ou "David".
Os policiais usaram vários registros de ligações telefônicas e conversas entre o marido e os agressores de sua esposa. Essas conversas começavam online, no site de encontros Coco.fr, e depois eram transferidas para uma sala privada deste mesmo site, fechado desde junho pela justiça por ser um "local de predadores". Seguiam, então, pelo Skype ou por telefone.
Os filhos
Os filhos da mulher drogada e estuprada por dezenas de estranhos durante 10 anos ficaram abalados na terça-feira (3) ao ouvirem o longo e frio resumo dos abusos organizados pelo seu pai, durante o julgamento na França. Embora a mulher parecesse firme, os três filhos do casal, sentados ao lado da mãe, tiveram mais dificuldade em conter a emoção. Por duas vezes, sua filha, Caroline Darian, saiu do tribunal chorando e tremendo.
O presidente do tribunal, Roger Arata, explicava naquele momento as fotomontagens em que Darian aparecia nua. As imagens estavam em uma pasta no computador de seu pai, de 71 anos, intitulada "Sobre minha filha, nua".
"Caroline teve que sair. Foi absolutamente insuportável. Mesmo que não tenham descoberto nada de novo", explicou o advogado dos filhos e da mãe, Antoine Camus, para quem a provação desta terça-feira foi "difícil", mas "necessária".
Gisèle P. e seus filhos se opuseram com sucesso na segunda-feira ao pedido da Promotoria e de parte da defesa que queriam que este caso emblemático de estupro com submissão química fosse realizado a portas fechadas. Depois de voltar para a sala, Darian parou por alguns segundos em frente ao banco onde estão os 18 réus em prisão preventiva, mas ninguém encontrou seu olhar, nem seu pai, a quem ela agora chama apenas de "genitor".
A mulher, que publicou um livro intitulado "E parei de te chamar de pai" em 2022, "queria segurar o olhar dele por muito tempo para ver até onde ele poderia ir em suas negações", explicou o advogado Camus.
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