É natural que o passar do tempo acabe encobrindo o tamanho de alguém como Victor no Atlético. É natural e também é cruel.

Victor chegou ao Galo em um momento de instabilidade na posição. O torcedor que não conhece ou não tem o hábito de exercitar a memória vai perceber que a posição de goleiro no clube não era conquistada já há um bom tempo.

Após as saídas de Bruno e Diego Alves, que naquele momento ainda eram promessas, Aranha, Renan Ribeiro, Edson, Carini, Fábio Costa, Lee e Giovanni não chegaram a encantar e nunca assumiram de fato a camisa 1. Até que…

A chegada de Victor, já consagrado no Grêmio, coincidiu com a volta da competitividade. O Galo atacava e sabia que tinha um goleiro confiável lá atrás.

Logo no primeiro ano, Victor já terminou o Brasileiro com a segunda colocação e nem é preciso exigir muito da memória para elencar os vários milagres que, na minha opinião, o principal jogador do Atlético fez na conquista da Libertadores.


E as conquistas continuaram. Victor mantinha regularidade e acabou fazendo parte da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014.

O tempo passou e o inquestionável passou a ser questionado. É bem verdade que Victor falhou algumas vezes, mas talvez seja necessário observar que o time também piorou. Se antes ele operava alguns milagres e o ataque resolvia, os ataques perderam poder de fogo e o goleiro ficava ainda mais exposto e vulnerável.

A atual temporada talvez seja a temporada mais diferente para São Victor do Horto no Galo. Jorge Sampaoli tem claro em sua forma de pensar a preferência por um melhor início das jogadas e Rafael parece ter sido contratado para ser titular.

Até mesmo durante o tempo de Dudamel e antes da chegada de Rafael, Victor esteve no banco de reservas. Talvez 2020 seja o ano de Victor ser levado a dar a volta por cima e de se reinventar na função.

Ainda assim, o torcedor atleticano não pode se permitir esquecer o que o goleiro, que já está perto de completar uma década à frente do clube, fez. Ele ocupou um espaço vazio há muitos anos. Com autoridade, Victor fez a sua posição deixar de ser um problema e passou a ser um orgulho. Não foram poucas as crianças que nasceram carregando o seu nome e não serão poucas as que ainda vão nascer.

A grandeza do goleiro atleticano foi novamente revelada ontem em mais uma live promovida pela clube. Victor fez questão de deixar claro que se sente responsável por acolher os novos companheiros de clube.

Está chegando a hora de entender que Victor não é só um goleiro para o Clube Atlético Mineiro, Victor é o grande ídolo de uma geração de atleticanos e o maior goleiro da história do Galo.