Setembro de 2002, Mundial de Basquete dos Estados Unidos, em Indianápolis. O jovem Leandrinho, de 19 anos, despontava como uma das esperanças da seleção e do basquete brasileiro. Hoje, aos 36, o ala-armador segue como um dos nomes do Brasil na renomeada Copa do Mundo da FIBA, na China, que tem início em 31 de agosto. Muita coisa mudou na vida do jogador em 17 anos, mas ele garante: a motivação segue a mesma. Ao Basquete Todo Dia, o camisa 19 falou sobre o Mundial que se aproxima, a permanência no Minas Tênis Clube e até sobre a NBA, onde atuou entre 2003 e 2017.
Leandrinho não esperava chegar em 2019 ainda como uma das referências na Seleção Brasileirae agora espera ajudar os mais jovens do grupo. Além dele, o ala Alex Garcia e o pivô Anderson Varejão estavam na campanha no Mundial de 2002, que culminou na oitava posição ao Brasil.
“Não esperava chegar neste nível ainda sendo uma referência, mas fico feliz de escutar isso. O que eu mais quero é poder ajudar o grupo, a molecada, a geração nova que está subindo e fazer um grande campeonato. A gente vê que está chegando o finalzinho da minha carreira na seleção, então quero fazer um campeonato bacana. E minha motivação é a mesma de anos atrás, quando eu também era garoto”. De 2002 a 2019, o Brasil participou de mais três Mundiais (2006, 2010 e 2014) e de duas Olimpíadas (2012 e 2016), todos com Leandrinho no grupo.
O Brasil iniciou a preparação para o Mundial deste ano em 25 de julho. De lá para cá, a seleçãovenceu dois amistosos em território nacional contra o Uruguai (100 a 53, em Anápolis, e 103 a 82, em Belém). Depois, embarcou para Lyon, na França, onde bateu Argentina (89 a 82), perdeu para a França (86 a 72) e superou Montenegro (80 a 69).
Agora, a seleção está em Guangzhou, na China, para três amistosos: dois contra a seleção local e um diante do time Tong Xi. O primeiro se deu na manhã desta sexta-feira, quando o Brasil venceu por 90 a 84 o selecionado chinês. Leandrinho, que anotou 19 pontos no primeiro jogo na Ásia, elogiou a preparação e está otimista para o Mundial.
“Expectativa muito boa, muito forte, pensamento positivo de que a gente vai chegar e fazer um grande trabalho, um grande campeonato. Uma geração que está acabando, e a gente quer deixar um legado bacana. Então, essa preparação está sendo bem importante para o grupo todo, e tenho certeza que vai refletir no campeonato”. No domingo, o Brasil enfrenta novamente a China e depois encerra os amistosos preparatórios diante do Tong Xi. A estreia no Mundial será contra a Nova Zelândia, em 1º de setembro.
O Brasil está no Grupo F do Mundial, que tem sede em Nanjing. Além de Nova Zelândia, Montenegro e Grécia compõem a chave. Duas seleções avançam para a próxima fase, também em formato de grupos. Na segunda fase, que dá duas vagas aos duelos mata-matas, a seleção pode ter pela frente os Estados Unidos. Leandrinho está confiante, mesmo com o favoritismo tendendo para gregos e estadunidenses.
“O jogo é jogado. Sabemos que Grécia, Nova Zelândia, Montenegro e outros países não estão no Mundial à toa. Isso é Campeonato Mundial. Tanto a equipe dos Estados Unidos, que todo mundo fala que é sempre forte e tudo mais… o nosso também é. Acredito muito no nosso grupo, tenho fé que vamos fazer um grande campeonato, e vamos passar dessa primeira fase, se Deus quiser”.
Minas
Leandrinho renovou contrato com o Minas para a temporada 2019/2020. Ele chegou ao clube em 12 de dezembro de 2018 e esteve em quadra como minas-tenista apenas em 13 partidas, somando cinco vitórias e oito derrotas. Reformulado, o time minas-tenista já se apresentou de olho no próximo NBB.
O ala-armador terá a companhia de nomes como Davi Rossetto, Farad Cobb, Gui Deodato, Alex Garcia, Tyrone Curnell, Shilton, Devon Scott e será comandado pelo técnico Leo Costa. O camisa 91 do clube da Rua da Bahia comentou sobre o último NBB e a expectativa do segundo ano em Belo Horizonte.
“Foi boa minha primeira temporada, embora eu tenha chegado atrasado. Não pude ajudar muito, até porque o objetivo era outro: chegar mais perto, fazer uma campanha melhor do que fizemos. Mas é dar continuidade no trabalho. Não fico satisfeito com o que a gente fez, mas agora temos alguns reforços bons e tenho certeza que vamos fazer um trabalho muito melhor do que a temporada passada. A gente espera que o Leo dê continuidade com esse trabalho excelente que fez em Macaé, que ele traga coisas boas para a gente ter sucesso dentro da quadra”.
NBA
Leandrinho atuou em equipes da NBA entre 2003 e 2017, sendo eleito o melhor sexto-homemda temporada 2006/2007, pelo Phoenix Suns, e campeão em 2015, com o Golden State Warriors. O ala-armador prevê dificuldade para o atual vice-campeão da liga, que viu jogadores como Kevin Durant, Andre Iguodala e Shaun Livingston assinarem com outras equipes. Além disso, Klay Thompson perderá boa parte da temporada 2019/2020 por conta de lesão no joelho esquerdo.
“Uma temporada totalmente diferenciada. Alguns times estão muito fortes na própria divisão do Golden State, acredito muito que com a lesão do Klay Thompson e a saída do Kevin Durantvai ser um obstáculo bem difícil. Mas espero que eles saibam lidar com isso, acho que de veterano ali só tem Stephen Curry e Draymond Green, que vão lidar com essa situação. Tenho certeza que vão se sobressair, mas vai ser muito mais difícil do que foi nos outros anos, eles não têm mais um Iguodala, um banco forte como era, então muita coisa vai acontecer para o Golden State. Eles estão mudando de cidade, então há muita coisa dentro e fora de casa que pode refletir no trabalho”.
Veja outros trechos da entrevista de Leandrinho ao Basquete Todo Dia:
Pensa em classificação para as Olimpíadas de 2020, em Tóquio, já no Mundial?
“Temos que pensar assim, no objetivo, querer chegar em um lugar e estamos treinando para isso. Não viemos aqui para treinar e só fazer parte do campeonato. Então, a gente quer fazer nome, fazer um grande campeonato, e se Deus quiser trabalhar para chegar nas Olimpíadas”.
Como viu a montagem do grupo que disputará o Mundial da China?
“Muito boa. Está existindo uma renovação, e isso tem que existir. Eu já participei dessa situação há um tempo atrás, na época de Vanderlei, Helinho, Demétrius, e agora a minha participação é outra, como um dos experientes no time. Então, acho que essa mescla está sendo muito legal, muito bacana, porque a gente vê que a mescla tem jogadores que estão na NBA, outros na Europa, então queremos deixar uma experiência bacana e ajudar a molecada para eles darem uma continuidade no trabalho”.