A Polícia Civil cumpre, na manhã desta terça-feira, mandados de busca e apreensão na sede do Cruzeiro, na Rua dos Timbiras, no Barro Preto, Região Centro Sul de Belo Horizonte. Essa é a sequência da operação que investiga membros da diretoria do clube por falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro acontece na antevéspera do clássico contra o Atlético, marcado para às 20h desta quinta-feira, no Mineirão, pela ida das quartas de final da Copa do Brasil.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, a corporação emitirá nota para esclarecer as diligências cumpridas nesta terça e concederá coletiva de imprensa ao final da investigação, ainda sem previsão de término.

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A cúpula do Cruzeiro também é investigada pelo Ministério Público de Minas Gerais, que instaurou procedimento investigatório criminal para averiguar possíveis irregularidades praticadas por dirigentes do clube.

Os escândalos no clube vieram à tona após matéria exibida no programa Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio. À época, foram divulgadas irregularidades em transações e valores superfaturados pagos a empresas prestadoras de serviço. A PCMG já havia ouvido 15 pessoas que mantinham alguma relação com o clube, entre elas funcionários, ex-empregados, dirigentes e agentes esportivos.

A denúncia mais grave era sobre um empréstimo de R$ 2 milhões contraído pelo Cruzeiro com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção.

Como forma de quitação do débito com Cristiano Richard, o clube, segundo inquérito da Polícia Civil, incluiu parte dos direitos de jogadores do profissional, como Raniel (5%), Murilo (7%) - esses dois já foram vendidos pelo clube -, Cacá (20%), David (20%), e de outros que passaram pela base e foram negociados, casos de Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%). O Cruzeiro ainda inseriu participação em futura venda do promissor Estevão William, de apenas 12 anos, que, pelas leis trabalhistas, só poderá assinar vínculo laboral a partir dos 16.

Outras operações apuradas pela Polícia Civil são os aumentos substanciais nos salários de dirigentes - casos do vice-presidente de futebol Itair Machado e do diretor-geral Sérgio Nonato -, a contratação de conselheiros para prestação de serviços (pessoa física e pessoa jurídica) e o pagamento a torcidas organizadas.

Vale lembrar que o Cruzeiro aumentou a dívida geral de R$ 384 milhões para R$ 520 milhões de 2017 para 2018 e ainda não teve o balanço financeiro aprovado pelo Conselho Fiscal.

Nas últimas semanas, o presidente Wagner Pires de Sá e o diretor jurídico Fabiano de Oliveira Costa prestaram depoimento na sede da Polícia Federal em Belo Horizonte, no Bairro Gutierrez, Região Oeste do município. A ação fez parte da Operação Escobar, que investiga vazamento de documentos sigilosos da PF.

Márcio Antônio Camillozzi Marra e Paulo de Oliveira Bessa, escrivães da corporação, foram presos no dia 5 de junho, bem como os advogados Carlos Alberto Arges Júnior e Ildeu da Cunha Pereira.

Curiosamente, Márcio Antônio Camillozzi havia sido nomeado por Zezé Perrella para fazer parte da comissão de sindicância que averigua denúncias de corrupção da diretoria do Cruzeiro. Ildeu da Cunha Pereira, por sua vez, já ocupou cargo de superintendente jurídico do clube. Já Carlos Alberto Arges Júnior representou o vice-presidente de futebol.