PIONEIRA

A Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) escolheu Montse Tomé como nova treinadora da seleção feminina após a demissão de Jorge Vilda, que foi campeão mundial no mês passado, mas tinha problemas de relacionamento com as jogadoras. Tomé, que atuava como auxiliar de Vilda, será a primeira mulher da história a treinar a equipe nacional.

A treinadora tem 41 anos e atuou como jogadora até 2012. Meio-campista, passou por Barcelona, Levante e Oviedo, além de ter aparecido em convocações para a seleção.

Na nota em que anuncia a nova comandante, divulgada nesta terça-feira (5), a RFEF a descreve como uma pessoa que "conhece muito bem o vestiário e também tem um amplo conhecimento da excelente geração de jogadoras".

Tomé estreia já neste mês, no primeiro jogo após o título mundial conquistado na Austrália e na Nova Zelândia. O compromisso será contra a Suécia, no dia 22 de setembro, e é válido pela primeira rodada da Liga das Nações da Uefa. Depois disso, enfrenta a Suíça, dia 26. Os dois adversários foram batidos pelas espanholas durante a Copa do Mundo.

A escolha da troca de comando foi feita pela gestão interina de Pedro Rocha, que comanda a RFEF enquanto o presidente Luis Rubiales cumpre um afastamento de 90 dias determinado pela Fifa.

Rubiales é alvo de um processo disciplinar movido pela entidade por causa do beijo que deu na atacante Jenni Hermoso durante a celebração da conquista da Copa do Mundo.

O dirigente foi pressionado a renunciar, mas não entregou o cargo e defendeu-se dizendo que o beijo foi consentido. Hermoso, por sua vez, garante que não consentiu e, ao lado de suas companheiras de seleção, afirmou que não jogaria mais pela Espanha enquanto "os atuais dirigentes continuarem no comando".

A DEMISSÃO DE VILDA

Já o técnico Jorge Vilda, demitido nesta terça (5), era acusado pelas jogadoras de promover um ambiente tóxico. Antes do Mundial, em setembro de 2022, 15 jogadoras assinaram uma carta em que pediam que o treinador fosse demitido do comando da seleção espanhola, recém-eliminada nas quartas de final da Eurocopa. Havia reclamações sobre os métodos de trabalho e assédio moral contra as atletas.

À época, a RFEF, liderada por Rubiales, bancou e apoiou a permanência de Vilda, que viria a conquistar o título mundial na Austrália e Nova Zelândia, no mês passado. Quando Rubiales fez um discurso, em assembleia geral extraordinária, dizendo que não renunciaria e que estava sendo perseguido pelo o que chamou "de falso feminismo", Vilda apareceu na plateia aplaudindo o dirigente. Depois disso, contudo, o treinador mudou o posicionamento e criticou o beijo em Hermoso.

Além da troca de comando, o presidente interino Pedro Rocha publicou uma carta nesta terça-feira, na qual pede desculpas, em nome da RFEF, sobre os acontecimentos das últimas semanas, principalmente o "comportamento totalmente inaceitável do seu mais alto representante institucional". (Estadão Conteúdo)