05/09/1965. Sarnari, atleta do River Plate, bateu o pênalti que poderia resultar no 1º gol da história do Mineirão. Mas Fábio estava lá. O goleiro da Raposa fez a defesa e evitou que o gol inaugural fosse de um argentino. Sim, Fábio, atleta do Cruzeiro, era o goleiro que ficou marcado na história do Mineirão.

Obviamente, trata-se de um outro Fábio. O atual ídolo cruzeirense, Fábio Deivison Lopes Maciel, nasceu em 1980 e não escreveu esta história. O autor desta defesa icônica foi Fábio Arlindo Medeiros, carioca, que atuou pelo Cruzeiro entre 1963 a 1966 e evitou que a primeira bola que balançasse as redes do Mineirão fosse de um argentino.

O feito de Fábio acarretou a oportunidade de Buglê. Aos 2 minutos da 2ª etapa, o volante cria da base do Atlético driblou o goleiro Gatti e abriu o placar do jogo de inauguração. Nascido em São Gotardo – MG, José Alberto Bouglaux, conhecido como Buglê, jogou no Atlético entre 1963 e 1966, e será para sempre um nome marcante da história do Mineirão.

Mas como dois rivais se ajudaram em um jogo contra o River Plate? Há exatos 55 anos atrás aconteceu a inauguração do Estádio Minas Gerais, como era chamado na época o atual Mineirão. Para esta comemoração foi formada a Seleção Mineira, que era um elenco feito com os atletas dos times de Minas.

Para inaugurar, o político e atual nome oficial do estádio, o Governador Magalhães Pinto fez uma grande festa, com diversos eventos a partir das 11 horas da manhã, em um domingo, 5 de setembro de 1965. O espetáculo principal aconteceu às 15:30. O jogo de abertura do Gigante da Pampulha foi entre a Seleção Mineira e o River Plate, tradicional time da Argentina.

E a Seleção Mineira, graças à defesa de Fábio e o gol de Buglê, venceu o River Plate por 1 a 0 e iniciou uma linda história de amor entre atleticanos e cruzeirenses com o maior estádio de Minas.

O time representante de Minas Gerais entrou em campo com a seguinte escalação: Fábio (Cruzeiro); Canindé (Uberaba), Grapete (Atlético), Bueno (Atlético), Décio Teixeira (Atlético); Buglê (Atlético), Wilson Almeida (Cruzeiro), Dirceu Lopes (Cruzeiro), Tostão (Cruzeiro); Silvestre (Siderúrgica), Tião (Siderúrgica). O técnico da Seleção Mineira foi Gérson Santos. 

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Da esquerda para a direita, em pé: Bueno, Canindé, Grapete, Buglê, Fábio, Décio Teixeira e Ubaldo Miranda (ex-atacante do Atlético). 
Agachados: Desconhecido, Wilson Almeida, Silvestre, Tostão, Dirceu Lopes, Tião e o massagista Bolão.
Foto: Arquivo pessoal do jogador Silvestre. Imagem retirada da seção “Que Fim Levou” do 3º Tempo.


Como é possível ver na escalação e na foto da época, o time era bastante mesclado entre as equipes mais fortes da época. O Siderúrgica, time inexistente nos tempos atuais, foi campeão mineiro em 1964, ano anterior à inauguração.

Como suplente, a Seleção Mineira tinha um nome conhecido do esporte de Minas. Jair Bala, ex-atacante do América e conhecido pela sua participação no programa Alterosa Esporte, da Tv Alterosa, estava na reserva na partida de inauguração e entrou no 2º tempo, no lugar de Silvestre. 

A inauguração aconteceu há 55 anos atrás, em um domingo com o Mineirão lotado. O público pagante foi pouco mais de 73 mil, porém o público presente ultrapassou a marca de 100 mil pessoas. Estes mineiros presenciaram um jogo histórico, lances que ficaram eternizados e o início da história de um templo do futebol.